Vocês me desculpem, mas achar que toda crítica deve ser considerada é quese uma ingenuidade. É um pensamento igualitário ingênuo. Os homens são iguais em seus anseios, devem ter oportunidades iguais, direitos iguais, etc, mas com o passar do tempo e formação de personalidade os homens especializam-se em áreas distintas, e não há mais simetria entre todos os seres humanos dentro de cada uma delas.
Existe uma coisa obvia em toda produção cultural: a maioria gosta de coisas fáceis de gostar imediatamente e não tem paciência para nada mais exigente. Isso pode ser observado na música, na literatura, na poesia, na pintura, em tudo, e na fotografia não seria diferente.
Há duas propostas fundamentais no campo da produção cultural: há os que fazem para agradar à maioria. leandro e leonardo, Roberto Carlos, etc. Há os que fazem para agradar a um certo tipo de gente e por um acindente do destino agradam a muitos (beatles), e há os que fazem para dialogoar com determinadas idéias estéticas que constituem especializações da cultura.
A arte de massas é repetitiva e permeada de chavões. São recursos diretos. No caso da fotografia, vamos lá, tomemos fotos de flores. Gente, a coisa mais fácil e fazer uma foto bonita de flor. Vá até o florista da esquina, compra meia dúzia de flores, sente em casa com tripé uns dois rebatedores e uma iluminação furreca mas controlada e fará fotos vistosas. Quantas dessas eu já vi? Centenas, milhares. Vá ao jardim, pegue uma flor e fotografe. A flor é bonita, é colorida , a foto agrada á primeira vista. Mas.... Quantos segundos você lembrará da foto depois que parar de vê-la? Você a esquece imediatamente, pois não há nada nela que não seja confirmação da beleza fácil. O mesmo para pores-do-sol, etc.
A maior parte das pessoas não tem NENHUMA formação estética. Elas não se educaram para isso, e é natural que não a tenham, e aí é o pior: por absoluta falta de humildade imaginam que têm aquilo que não pagaram para ter. Se são dentistas, sabem que tratar dos dentes foi aprendido. mas no terreno estético julgam que o Espírito Santo as iluminou no nascimento. na verdade, o Espírito Santo que as ilumina cotidianamente é a estética fácil da publicidade, e aí tornam-se não apenas reprodutores desta estética (e não criadores} como também passam a julgar o mundo e tudo a partir desta estética empobrecida.
Dizer que todos e cada um podem formular críticas válidas é o mesmo que dizer que cada um e todos podem com um alicate e uma chave de fenda realizar um tratamento odontológico. É achar que no campo da estética as pessoas nascem prontas, e aí não tem jeito, é tal o grau de convencimento que não se pode nem argumentar.
Se em nenhuma área a opinião do público destreinado tem valor, por que na área da estética teria?
Vejam bem, quando falo de crítica falo de algo que se pode considerar para mudar um ponto de vista ou um aperfeiçoamento pontual. Falando francamente, são raríssimas as críticas que vejo, não apenas a mim, desta qualidade. A maioria é completamente sem nenhum critério, é meramente o "gostei" correspondendo a "bem, isto está parecido com o que vi na revista, então é bom".
Quase nenhuma crítica que vejo escrita em fórins tem com preocupação a proposta do fotógrafo. Se tem uma cor que o cara acha que não está igual a da Canon, ele diz "a cor está estranha". Esquece que as cores dos filmes sempre foram em algum grau estranhas, mas tudo bem, o padrão novo é como sai da câmera digital, e aí o "estranho" é tudo o que foge ao padrão.
Noventa e nove por cento das cr´ticas só aponta em uma ffoto aquilo que o cr´tiico vê como defeito. Um "crítico" observa uma foto que tem diversas opções de fotometria, de composição de tratamento simbólico do objeto, etc, mas parece que só consegue ver que no fundo da cena tem uma garrafa que o incomoda. Tudo na foto ele resume à garrafa que seu preconeito estético diz que não deveria haver ali, pois não há garrafas fora de lugar em fotos publicitárias. Isso é profundamente vazio e tolo, é profundamente egóico, pois no fundo o que há é vontade de diminuir a produção alheia. Tudo pode ser resumido a "odiar o que não compreende"
A arte é para todos. Mas não é para todos em seu estado natural, mas para todos os que a mama e prodcuram acercar-se dela. Em anos passados em Friburgo fui a alguns espetáculos de música erudita lá. Ao mesmo tempo, aconteciam espetáculos de música popular. Uns tinha 2000 pessoas, outros 200 pessoas. Todos eram gratuitos, mas somente 200 pessoas queriam ir nos de música erudita, havia lugar para todos, em corerias, etc. Bem, ao fim e ao cabo, na hora de julgar uma execução, será que o cara que gastou seu tempo assistindo o "Tchan" tem o mesmo cri´terio dos duzentos que procuram assistir à dita música clássica? Isso é tolice. Vejam, ambos os espetáculos eram gratuitos, mas simpesmente a maioria não quer nada de difícil ou de mais difícil apreensão, então, sendo a arte para todos, nem todos a querem, e é bobagem dizer que esses que nunca a quiseram têm condição de formular críticas válidas.
---------------------
Alex. Os Impressionistas (não Expresionistas, isso já foi outro movimento que já encontrou as porteiras da arte mais abertas) foram severamente combatidos pela arte oficial. Sua produção não é devida a essa crítica, mas unicamente à persist~encia de um grupo em seguir suas verdades. É um caso clássico da História das Artes de ignoramento da crítica.