Leila.
A todo momento me parece que eu tenhomde reestabelecer o sentido do tópico.
Nós vivemos em uma comunidade. Uma comunidade tem regras escritas, regras implícitas e um segundi nível de regras que é o da cortesia.
Esse segundo nível de regras é fundamental, pois os contatos humanos são de natureza afetiva, e é através da cortesia que eles se constituem bons afetos.
Não se trata aqui de escolher qual metade da verdade nos agrada mais, conforme nossa miopia. O caso é que seja qual for a metade da verdade que nos interessa, devemos usá-la dentro das regras da cortesia evitando a pura manifestação de opiniões desagradáveis sem sentido.
Veja, eu, por exemplo, não gosto de fotos de pôr-do-sol. Posso gostar de uma ou de outra, mas no geral não me estimulam. Seria cabível, você acha, que a cada colega que postasse uma foto de pôr-do-sol eu viesse dizer isso para ele?
Não seria. Seria desagradável e inútil, pois o colega está fazendo aquilo que quer fazer, em um processo onde aquela feitura interessa a ele.
Eu poderia dizer, de forma soberba: "apenas exprimi minha opinião! Esse é o meu gosto, e quem mostra uma foto tem de estar disposto a ouvir críticas!". Bem, eu estaria revestindo minha falta de cortesia de discurso objetivo, fingindo ignorar que esse tipo de comentário é na verdade agressivo.
Então, volto ao ponto: para criticar é preciso entrar no jogo da obra e criticar de dentro do jogo. Se não queremos entrar no jogo, aí criticar é somente ser desagradável.
Se trouxe esse assunto aqui é porque muitos de nós convivemos em fóruns já há algum tempo, e creio que certas coisas que no início são possíveis tornam-se impossíveis depois. Será que é um bom projeto para uma comunidade que se alimenta de críticas e opiniões mútuas o projeto de validar críticas que são somente manifestações desagradáveis de um gosto sem análise? Sinceramente, eu acho que não, e eu mesmo evito fazer esse tipo de crítica.
Acho, sim, e concordando com o Carlos, que o problema da crítica é mais do critico que do criticado. Mas as críticas repercutem sobre todos, seja fromando opiniões, seja validando preconceitos estéticos, seja mesmo desagradando inutilmente o criticado sem nada contribuir. Criticar é um ato de extrema atenção, e não essa manifestação caprichosa. Desculpe-me a sinceridade, mas parece haver em algumas críticas uma espécie de gozo secreto em ser desagradável, como se a cr´tica fosse um espaço social onde ser desagradável fosse lícito. Não é, Leila. Exatamente por ser coisa tão delicada, é exatamente onde a verdadeira crítica negativa, quando há, precisa ser embalada em algodão para diminuir sua capacidade de incomodar.