(...)
Em resumo, todo filme novo que vc for usar vc primeiro faz fotos de testes padrao para descobrir o quanto de mais claro ou mais escuro vc acha que a foto fica ideal para a sua tecnica de medicao de luz e revelador/laboratorio.
(...)
Tudo o que o Marcio disse é mesmo muito importante e eu concordo integralmente com ele. Principalmente no trecho em destaque aí em cima. E que, aliás, me fez lembrar o que um amigo meu fazia.
É o Edson, mora em Santa Catarina e trabalhou boa parte de sua vida com fotógrafo. Hoje ele tá mais sossegado, se limita a fazer poucos trabalhos esporádicos e sua produção agora está voltada para o "autoral". Puta fotógrafo, conhece muito do assunto.
Pois bem, o Edson me disse que quando ele ia adquirir filme, comprava de caixa fechada e SEMPRE filmes do mesmo lote de fabricação. O que é bem fácil de identificar, pois na embalagem vem escrito no número do lote.
E qual a razão disso? Ora, muito simples. Para tudo o que se fabrica em série, no mundo inteiro, por qualquer empresa, tem uma coisa chamada: TOLERÂNCIA. Ou seja, a tal da margem de erro aceitável, a partir de uma especificação previamente definida. Por exemplo, a gente vai comprar 100 (cem) parafusos de 6mm. Se pegarmos um paquímetro e formos medir, um a um, veremos que existe uma variação e esta deverá estar dentro de uma TOLERÂNCIA ACEITÁVEL de +/- 0,5mm (½ milímetro pra mais ou pra menos). É impossível fabricar 100% do lote com 6mm absolutamente "cravados" nessa medida.
Vamos pensar um pouco. Com filme fotográfico será que isso seria diferente?! Resposta: DEFINITIVAMENTE, NÃO!!!! Há, sim, uma variação na emulsão química que posta sobre o acetato. Isto, claro, pensamento num filme fabricado hoje, se comparado com uma produção do ano passado, por exemplo. Obviamente, o rigor no quesito Qualidade de uma Kodak da vida, de uma Fuji da vida, é inquestionável que os caras conseguem coisas malucas em termos de uniformidade no processo produtivo. Mas não nos esqueçamos que a variação é uma, digamos, "lei da física" ou qualquer coisa parecida.
O que o Edson fazia era absolutamente lógico (claro, ele era chato demais com isso, PQP... vá ser perfeccionista assim lá na China). Ele testava uma amostra de cada lote: fotografava um cartão cinza 18% variando a exposição em um f/stop para cada frame. Sempre com o mesmo revelador, mesma temperatura, mesmo tempo, mesmo TUDO, e depois ele analisava o resultado com um densitômetro. A partir daí ele definia qual o ISO a ser usado. Numa etiqueta que ele mesmo colocava, a informação ficava assim: ISO/EI. O que significava dizer que ISO é ISO, e EI era Exposure Index.
Conversando um dia com ele, o Edson me falou que o filme mais uniforme que ele já usou era o Kodak Tri-X 400 cujo resultado sempre estava muito próximo do ISO real 320. Então: ISO 400/EI 320.
Até hoje ele nunca usa o fotômetro da câmera, mas sempre um fotômetro de mão. E o cara é especialista em fotometria, conhece pra cacete desse assunto.
Para esse nível de exigência, é claro que esse trabalho todo só faz sentido se pessoa cuida de todas as etapas do processo, desde a captura da imagem (nesse momento ela já está imaginando COMO vai ser a revelação, etc.) até a ampliação final.
Encerrando, então. Para o
modus operandi do meu amigo, levando em conta todo o processo de revelação dele próprio, o tal Tri-X tinha ISO 320.