Autor Tópico: Pensar, pensar e pensar...  (Lida 1615 vezes)

helder84

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Online: 24 de Setembro de 2006, 12:23:40
No meu entender, cada uma deveria ter o motivo para uma determinada foto, um motivo para que a mesma fosse concebida. E isso tem influência direta na qualidade do resultado.
Quando vou fazer uma foto procuro primeiro observa-la, depois faço um comentário a respeito do que vejo (isso me faz ficar ciente do que pretendo).
Como existe uma diferença entre motivo e causa, creio também ser preciso determinar a causa do interesse.

Para determinar o modo de como abordar a cena, procuro responder perguntas simples como:
- Quero esta imagem por ser bonita ou inusitada?
- O que me chamou atenção?
- De que forma?
A combinação dessas respostas me leva a ter consciência para decidir qual a melhor maneira de abordar a cena.

Mas porque falar disso?
Vejo diariamente nas galerias de fóruns, fotologues, flickr's (e outros), fotos medíocres e vazias de todas as formas e cores. E o mais interessante é que a maioria dos autores dessas fotos tem conhecimento técnico, porém falta-lhes consciência do que querem (muitos nem sabem o que querem). Resumindo: são preguiçosos e impacientes.

Com a chegada das câmeras digitais o problema piorou drasticamente. Antes de pensar no que quer fotografar, o sujeito já sai disparando a câmera: faz dezenas de fotos e nenhuma presta. Ou não passa de um mero "registro" mal feito. Afinal, se não prestou: dois apertos nos botões (a foto foi removida) e posso tentar de novo. Nesses casos a pessoa se engana: ela para quando acha que o resultado está bom. Quando na verdade ela desistiu!! Afinal, se primeira tentativa feita sem pensar não prestou, porque a segunda (sem pensar) prestaria?

Lembro de uma vez ter lido o Fernando escrever aqui no MF que com um DSLR se pensa mais antes de fotografar. No começo não concordei. Mas depois voltei atrás: é um ato puramente psicológico que sofre influência do aparelho eletrônico (câmera). Creio que pessoas que utilizem filme pensem mais ainda.

Porém, existem casos em que não permitem a pessoa pensar muito: como a correria do Fotojornalismo e outros. Onde é preciso cercar a cena de todas as formas (para não perder a oportunidade) em um determinado prazo.

Não quis escrever muito. Procurei apenas iniciar o assunto, deixando várias coisas em aberto para que vocês continuem.
 :thmbup:  


guigui

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Resposta #1 Online: 24 de Setembro de 2006, 13:07:07
Oi Helder,
Acho que não há dúvida de que a foto pensada, dentro do tempo possível que o fotógrafo tem, é melhor. As cameras digitais, quanto mais sofisticadas são feitas, mais " perigosas"  para os bons profissionais elas são.... Com algum $$ e pouco conhecimento, qualquer um pode comprar uma boa camera e sair clicando..100, 200 fotos. Ele apresenta UMA que saiu boa, e todo mundo vai achar que o cara é bom. O mercado vai começando a ter mais " clicadores digitais" e menos fotógrafos. O filme limita essa " liberdade"  de clicar, o que faz o fotografo pensar mais no que está fazendo mesmo. Como vc lembrou, fotojornalismo tb limita, o cara não pode clicar 200 vezes um tabefe de um político em outro, ou um avião soltando uma bomba, ou a Gisele Bundschen fazendo careta...
Mas acho tb que, entre os fotógrafos que tem conhecimento técnico e sabem como realizar a foto que tem na mente, a visão de cada um da mesma cena vai ser diferente de outro, sem ser necessariamente melhor ou pior. Acho que é aí onde entra a parte mais instintiva , espontânea e artística da fotografia, o momento onde os aspectos técnicos já estão resolvidos e entra em cena a visão única daquela pessoa atrás da camera.
Gostei do tópico, tb quero saber o que a galera pensa!
 :bye1:  


Ivan de Almeida

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Resposta #2 Online: 24 de Setembro de 2006, 13:24:41
O pensamento é essencial, mas não necessariamente ele se faz completo na hora da foto. No meu caso passo ás vezes semanas pensando sobre uma forma de fotografar, pensando sobre o que nela interessa ou não, e na seção mesma da voto em grande parte sigo essas conclusões, não repetindo a meditação em cada foto mas sim ampliando a idéia com os exemplos-fotos.


Sininho

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Resposta #3 Online: 24 de Setembro de 2006, 17:58:49
pensar sonre a foto, ou o que se quer é muito inportante sim, concordo plenamente com esse ponto... e ainda completo que em alguns tipos de fotografia em que o tempo é curto como fotojornalismo ou mesmo foto de esportes de ação ou um show, que o momento não espera, há pensamento por trás da foto. ou pelo menos deve haver. quando um fotojornalista vai a campo.. já está meio preparado... quem vai fotogradar um manobra de skate também já tem em mente o que vai querer... e dentro da realidade que encontra faz sua foto.. que foi previamente pensada ou imaginada ao menos... ... acho que é isso...

 
Sininho
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RFP

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Resposta #4 Online: 24 de Setembro de 2006, 22:20:57
É muito difícil planejar cada foto, a menos que se tenha condições bastante controladas, como em estúdio. Fora dele, a luz e o assunto não podem ser totalmente controlados.

Concordo com a necessidade de pensar, mas vejo a coisa de uma forma diferente. Na verdade, o que eu procuro fazer é criar condições para direcionar meu próprio comportamento de fotografar, de maneira que os resultados me satisfaçam. Uma das coisas que faço é fotografar lugares e pessoas que já conheci antes sem a câmera. Outra é ler e escrever sobre aquilo que me interessa relacionado à fotografia. Uma terceira é fotografar quando estou com vontade de fotografar, e não me forçar a fazê-lo.

Tudo isso acaba influenciando as minhas fotos, mas acredito que o momento das minhas capturas tem um quê de inconsciência, de uma determinação imprecisa. É como se eu criasse as condições necessárias e, dentro daquela situação, eu agisse um tanto sem pensar. Curiosamente as fotos me agradam (tenho usado bastante o filme) e saem de acordo com a minha proposta. De uma certa maneira, isso pode indicar que todo esse "pensamento" anterior tem funcionado.
« Última modificação: 24 de Setembro de 2006, 22:22:17 por RFP »


Alex Biologo

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Resposta #5 Online: 24 de Setembro de 2006, 22:32:37
Eu gosto de pensar antes de sair pra fotografar, bolo pequenos roteiros na cabeça e procuro dentro do possível segui-los, sempre, é claro que aberto a situações que aconteçam no momento.
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Carlo Luciano

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Resposta #6 Online: 24 de Setembro de 2006, 23:16:17
Já fiz uns trabalhos publicitários e de eventos, mas sempre sentia que faltava algo nas fotos e por isso eu raramente gostava de editar elas profundamente. Faz pouco tempo que fiz um workshop da Visual Arts de "Retrato Externo", foi uma experiência legal, mas novamente faltou algo nas minhas fotos.

Fui ao Pantanal e Bonito em julho, fiquei 2 semanas praticamente em volta da natureza. No passeio de chalana que fiz, peguei vento, sensação térmica de 5ºC e eu sem roupa especial para frio (estava usando uma camisa dryfit e short) aguardando um Tuiuiu passar, conseguir pegar um voando por cima depois de 2 horas esperando. Resumo do passeio: fiz umas 2500 fotos, editei uma a uma com calma. A pouco tempo, fui pra Atibaia, Holambra e São Paulo, mais 700 fotos editadas novamente uma a uma.

Acho que consegui me achar dentro da fotografia e agora estou me especializando na parte de viagens, ou seja, a fotografia como a visão do momento. Talvez metade das fotos que eu consiga fazer, eu não terei como refazê-la novamente. Será que se eu voltar lá será a mesma coisa? No Rio mesmo para fazer 100 fotos eu demoro 1 mês, isso eu demoro para fazer em 2 horas fora dele. Toda vez que eu retorno ao meu PC, eu tenho um estudo completo do meu momento naquele local, dele vou separar 200 a 300 fotos para imprimir para colocar no álbum (alguém ainda usa isso ou eu estou ficando velho com 20 anos?) e as outras eu guardo em DVD para quando quiser estudar novamente o local.

A maior lição que aprendi na fotografia é esta:
Citar
Do que adianta levar 20kgs de equipamento se tudo o que você precisa está em um retângulo 36mmx24mm dentro de uma caixa escondida do mundo e da luz.


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Desculpem pelo texto imenso mas é o que eu penso na fotografia.

Abs!  :bye1:
« Última modificação: 24 de Setembro de 2006, 23:25:34 por Carlo Luciano »
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