RafaZ, eu também sonho com isto, mas acho difícil que ocorra.
O Brasil, em minha opinião, tem duas grandes razões que não me leva a acreditar que isto seja possível. A primeira é o tamanho continental de nosso país, com culturas muito distintas de norte a sul e a segunda é que até pela nossa colonização (não quero criar polêmica com isto, ok?), não interessa a nossos políticos que os brasileiros pensem. Não há como dissociar a educação da política. Se o cidadão pensa, ele vai exigir mais dos políticos, não vai se satisfazer com qualquer "besteira", não vai trocar se voto por uma dentadura, etc e tal. Então, como são os políticos que poderiam induzir a alguma mudança, eles vão querer que tudo fique como está e se for possível piorar um pouquinho, eles até o farão. Melhorar? Pra quê? Eles pensam, mas não querem que seus eleitores pensem. Isto não será bom pra eles.
Bem, sou professor há 22 anos... primeiro de Biologia, hoje de Literatura
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Concordo integralmente do Ruben Alves, Ricardo Semler e cia. A educação, como se faz no Brasil e em 90% do mundo é uma grande porcaria. Em alguns lugares é um pouco melhor, mas em raríssimas exceções é pelo menos boa. Meus filhos mudaram de escola várias vezes até que descobri que não mudava quase nada. Vão fazer número e provas na escola e aprendem mesmo em casa e na vida.
Há 5 anos deixei de trabalhar com literatura medieval e renascentista pra me dedicar a questões de ensino de Literatura. Temos um projeto que atua nas escolas públicas de Belém e meu pós-doc no Canadá (pago pelo Governo/CAPES) será nessa área. Há muito que fazer.
Só não concordo que O GOVERNO não queira que as pessoas pensem... Pelo menos os últimos governos. PSDB e princialmente PT têm tentado mudanças nesse plano, incluindo aulas de Filosofia e Sociologia, mais questões ambientais e sociais, criação do ENEM com questões muito mais contextualizadas, ampliação do Ensino Superior, formação de professores (eu mesmo trabalho em dois programas de qualificação para professores da rede pública, PARFOR E PROFLETRAS) e daí por diante. Menos que o "governo" (entidade meio abstrata, porque são tanto níveis, regiões, etc..), as "elites" (entidade tão abstrata quanto) preferem uma educação que forme "mão de obra qualificada", "tecnicamente eficiente" e não gente que pense. Basta ver a grita quando realmente se muda algo e tenta coisas diferentes como não retenção, gramáticas incluindo e discutindo a fala real da gente. Fala em tirar a tabela periódica, seno e cosseno, estilos de época, análise sintática dos conteúdos programáticos e contem os chiliques da Globo e dos "intelectuais". Se tiverem tempo de ler, vejam que as diretrizes curriculares do governo federal são muito, mas muito mais avançadas do que a realidade das escolas - que seguem com decoreba e pouco mais.
Há pouco um colega voltou de um ano e meio no Canadá com um filho em época de pré-vestibular que detestou o ensino de lá, que era "muito fraco" pois não tinha a barbaridade de conteúdos que o daqui.
Há realmente que mudar tudo. Não será rápido nem fácil, mas há caminhos. Procurem pela Escola de Ponte, em Portugal, ou pelo Instituto Lumiar, no Pindorama. Vejam quantas experiências já há no Brasil:
http://www.catarse.me/pt/quandosintoquejasei Video completo:
https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1QgEnfim, creio que há muitas barreiras a serem superadas - e os governos estão longe de serem as maiores. Abs!