Autor Tópico: Apple e o trabalho escravo.  (Lida 8277 vezes)

jesieltrevisan

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Resposta #60 Online: 29 de Dezembro de 2014, 09:09:58
É uma questão de consciência esta questão de consumo x exploração.

Hoje existe um grande esforço em difundir programações mentais para manter as pessoas na ignorância moral, frustrando a criatura, gerando assim outros desvios de comportamento para uma mente efêmera.

Hoje, com a tecnologia de ponta, e digo de ponta de laboratório de pesquisa, e não a tecnologia que você encontra no supermercado... hoje já é possível suprir quase todas as necessidades das pessoas, nas questões de saúde, moradia, alimentação, transporte.

A questão não é tecnológica e sim moral.

É difícil viver as palavras?
Com certeza, se fosse fácil não estaríamos aqui discutindo este assunto.
Mas cara pessoa pode fazer sua parte.

Uma coisa muito séria que deveria ser combatida com toda a força é a questão da obsolência programada... estudo específico para deixar algo obsoleto por falha, onde um problema simples porém que afete uma função fundamental ocorra em determinado tempo, que faça com que o dispositivo perca sua utilidade, fazendo a necessidade da compra de uma nova tecnologia.

Isto para mim é um crime.

Tem a questão da obsolência "mentalmente" programada, como a Apple e tantas outras, que não precisa aplicar técnicas de engenharia para fazer seus dispositivos darem problema... pois a necessidade de troca é psicológica, onde os consumidores torcem para seu dispositivo ficar obsoleto, para troca-los.

Estas questões são muito curiosas, da para estudar e discutir um mundo de coisas.

Existe claro a questão da sobrevivência da empresa, mas também é questionável pois o lucro é imenso.

É como eu escutei de um CEO de uma multinacional americana na área de TI, dizendo que a empresa estava em crise pois o crescimento foi de apenas 18% em cima dos 20% esperado, o curioso é que a empresa nos últimos 3 anos havia ultrapassado a meta... e os 18%, mesmo representando um lucro extraordinário... ainda não estava bom.

Com este pensamento vigente de lucro extraordinário não existe equilíbrio entre o que estamos conversando aqui.
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toc83

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Resposta #61 Online: 30 de Dezembro de 2014, 19:21:56
Eu não sou indiferente, apenas estou dizendo que falar é simples. O que eu duvido é que você vá abrir mão de tudo o que você consome pra ser 100% correto com o planeta. É uma utopia, só isso. Só voltando pras cavernas. E não chamei de hipócrita ninguém. Eu escrevi: não SEJAMOS hipócritas. Mas beleza, amigo,  continua aí na sua cruzada.

Aliás, o amigo sri_canesh não respondeu qual equipamento usa. Fizeram a pergunta e ela foi ignorada.


sri_canesh

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Resposta #62 Online: 30 de Dezembro de 2014, 20:43:30
Eu não sou indiferente, apenas estou dizendo que falar é simples. O que eu duvido é que você vá abrir mão de tudo o que você consome pra ser 100% correto com o planeta. É uma utopia, só isso. Só voltando pras cavernas. E não chamei de hipócrita ninguém. Eu escrevi: não SEJAMOS hipócritas. Mas beleza, amigo,  continua aí na sua cruzada.

Aliás, o amigo sri_canesh não respondeu qual equipamento usa. Fizeram a pergunta e ela foi ignorada.

Eu nem tinha visto... tenho uma XE-2 produzida no Japão e algumas máquinas analógicas de 2a. (ou 3a./4a....) mão.
 
Quando se tem consciência de que você é parte do problema é fácil passar do discurso à pratica. Também não gosto de fazer propaganda do que eu faço, mas só para exemplificar, troco de carro uma vez na vida e outra na morte, vou completar 12 anos de vegetarianismo ano que vem, compro coisas usadas sempre que posso, não compro roupas de marca nem por "estarem na moda", etc,etc. 
Não preciso viver como um sadhu mas mesmo assim reduzo o máximo possível minha "pegada".


Versiano

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Resposta #63 Online: 31 de Dezembro de 2014, 02:48:58
Eu não sou indiferente, apenas estou dizendo que falar é simples.


Não preciso viver como um sadhu mas mesmo assim reduzo o máximo possível minha "pegada".

2x

Verdade, falar é simples.

Assim como a massa, e a mídia me disseram que era 'quase impossível' perder 10 quilos, precisava de muito esforço e principalmente de fórmulas mágicas. Abria páginas da internet, e via notícias que alguém famoso perdeu 2 quilos com uma 'receita especial', ou um aparelho de última geração....

Após uma bateria de exames todos alterados, em oposição a tudo iniciei minha luta, que de fato com muito esforço...  E fiz minha parte perdi 24 quilos em 3 meses, aí começaram a dizer que eu estava com Câncer, HIV, falido, feito cirurgias, tomando algum medicamento. :hysterical: :hysterical: :hysterical:

Fiz exames e tudo normal, agora dizem que em um ano vou recuperar o peso....  :hysterical: :hysterical:

Felizmente, ignorei todas essas influências e estou mantendo o peso a 3 meses, fazendo a minha parte, assim com em outros aspectos do meu cotidiano.

Digo isso, pois parece natural do ser humano ser inerte em relação ao sistema, às mudanças, ao esforço... Vemos corrupção, práticas de monopólio, etc etc, tudo com naturalidade e passividade; e até achamos o errado 'natural'... Chega no dia de uma votação e pensamos: meu voto não vai mudar nada, pois todo político rouba mesmo'. Jogo um papel pela janela do carro, ou na calçada; e penso que é só mais um pedaço, sem significado algum pro meio ambiente, não vai fazer diferença.... :shock: Mas se computarmos o total , essas pequenas ações não assumem um valor significante?

Se para 'o mal' a coisa parece fluir sem problemas, porque para 'o bem' é tão complicado...

Mas se cada um fizesse sua parte, mesmo que agisse localmente, o todo teria muito mais força. Infelizmente não é o que ocorre.

Infelizmente tal discussão é como falar de política, futebol e religião. Difícil de chegar a um consenso, pois muitas ações vão de encontro a opiniões e interesses de determinados segmentos.

E nessa individualidade, ou até coletividade de um segmento, cada um tenta o melhor pra si, e o resto que 'sifu'. Mas esquecemos que a sociedade é algo complicado, e nela a desigualdade parece necessária... Mas é também necessário um equilíbrio dinâmico; do contrário a elite e outras 'camadas favorecidas' estariam no meio de feras... 
''Equipamentos': o necessário para fazer 'boas fotos'...

Sempre me falta conhecimento e prática.


Claudio Rombauer

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Resposta #64 Online: 01 de Janeiro de 2015, 14:03:01
Acho que é bem por aí. Ninguém aqui é perfeito, todo mundo é criminoso, todo mundo é desonesto, todo mundo rouba. Quem nunca baixou um mp3 ou filme alguma vez na vida ou já usou um software pirata (embora hoje a maioria já use tudo legalizado e compre músicas no iTunes). Mas se já praticamos crimes outrora, isto não absolve um estuprador, um assasino ou mesmo um sujeito que enriquece desviando milhões dos cofres publicos. Não é nem 8 nem 800, dá pra fazer a nossa parte sem deixar de viver, sem deixar de consumir um pouco. Se eu já baixei um mp3 do U2, isso não me faz hipócrita ao reclamar do desvio de dinheiro da Petrobrás, ou faz?

Não precisamos gerar 0kg de lixo, basta diminuir um pouco que já estamos ajudando, se todo mundo fizer um pouco já melhora.

Senão, cada vez que a gente queira se esforçar pra melhorar em alguma coisa, aparecem os desanimadores, dizendo que "não adianta mesmo".
« Última modificação: 01 de Janeiro de 2015, 14:04:30 por Claudio Rombauer »


Tupiniquim

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lsd

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Resposta #66 Online: 02 de Janeiro de 2015, 12:05:24
Tentando acrescentar algo:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/m-officer-pode-ser-banida-de-sao-paulo-por-usar--trabalho-escravo-1461.html?utm_content=buffere8625&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer

E

http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2014-08-21/aplicativo-permite-saber-se-marca-usou-trabalho-escravo.html

O pior no caso da Zara e da M. Officer  é que os produtos são muito caros.

E os produtos hi-tech chineses (de qualquer marca) idem.

E não vejo apenas escravidão como problema, mas a exploração também.

Eu tenho uma empresa onde eu trabalho sozinho, atua em um nicho de mercado de produção de vídeo. Meus amigos (e em alguns casos, concorrentes), todos usam mão de obra super explorada (12-20h de trabalho por dia, por cachês de no máximo 400 reais por dia, isso os que pagam bem, o normal é 250 pra baixo pela mesma "jornada", fora as cobranças e encheção de saco), daí eu estou perdendo mercado pois não quero ter gente trabalhando pra mim... Pois pra isso ser viável, eu teria que pagar muito pouco e aumentar o volume de trabalho, pegando, ops, explorando mais gente.... Coisa que não quero fazer, e noto que em breve eu terei que mudar de ramo, pois essa situação se agrava mais a cada ano... Os clientes, sabem disso e não dão a mínima, na verdade costumam fazer piadas a respeito dessa situação de trabalho degradante. Acho que nem com uma reportagem-denúncia da Globo & friends isso mudaria, pois no fim, todo mundo quer pagar menos, não importando as consequencias...

Não posso ser hipócrita, várias vezes comprei coisa barata e alimentei esse processo.... Mas sempre que posso deixo de consumir, ou, compro coisas de 2a mão.


AFShalders

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Resposta #67 Online: 02 de Janeiro de 2015, 12:22:01
E não somente o uso de trabalho escravo é condenável e inaceitável. Lembram do caso da Olympus que estava bem envolvida com a Yakuza, que tem como fonte de receita tráfico de drogas, prostituição e outras coisinhas mais. Dizem que a Olympus conseguiu sair dessa, mas como ter certeza ?



Claudio Rombauer

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Resposta #68 Online: 02 de Janeiro de 2015, 21:42:46
Bacana saber que tem muita gente com um pensamento contrário ao da exploração de trabalhadores. Sou do mesmo pensamento do lsd. Tenho uma agência de publicidade/design onde nunca, jamais, um designer ou outro profissional trabalhou fora do horário de serviço sem receber hora extra.

Façam uma pesquisa em outras agências e vejam se isso acontece, é uma exploração, gente trabalhando de madrugada, virando noite, ou pelo menos saindo as 7, 8, 9hs da noite, sem receber horas extras.

Tudo bem que isso não ajuda o chinês em nada, mas meu avô sempre dizia que se alguém reclama de alguma sujeira, comece limpando o próprio quintal.
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2015, 21:44:09 por Claudio Rombauer »


lsd

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Resposta #69 Online: 02 de Janeiro de 2015, 21:57:59
Trabalhar até as 21h é o sonho de muita gente que eu conheço.

Tipo... tem um evento, ai conheço fotógrafos que começam às 7h no evento, já antes do povo aparecer, e ficam até 2h da manhã, isso 5-7 dias por semana. Vários deles por 200-250 reais por dia. Os caras emendam em uma "epoca boa" um evento atrás do outro, semanas seguidas.

Um amigo meu contrata esses caras. Um dia eu falei com ele, se ele não achava zuado isso, dai ele disse que os caras tão numa situação boa, que não tem o que reclamar, e que se não quiserem trabalhar, são molengas e tem uma fila de gente querendo estar no lugar deles.

Esse mesmo cara me ofereceu de trabalhar pra ele editando video, a 400 reais por dia. Eu falei que por esse valor, eu poderia trabalhar 4h por dia, pra dar uma força pra ele né... ele falou que eu poderia dormir 4h e não trabalhar 4h, isso se desse pra dormir. Falei que eu não topava, ele achou ruim, sempre que me encontra fica falando pros "funcionários" (freelas na verdade) dele que eu sou "chique" demais.

Me pergunta se ele é o único!

Ah isso piora...

Ele cobra super barato, e lucra pouco. Vive uma vida semi-miserável.

Esses dias, um concorrente chegou quebrando o preço dele, cobrando ainda mais barato.

Vi o orçamento, a diária do fotógrafo era 100 reais. Mesmo esquema - diária que vai de cedinho de manhã até.... cedinho de manhã do outro dia.

Esse que paga 100 reais, vive uma vida longe do outro empresário, como poderíamos esperar.

Tudo isso, somos contratados por uma agência, onde as pessoas trabalham de 2a a sábado das 10h da manhã às 2h da manhã do dia seguinte. Quem não aguenta, é ridicularizado e sai fora. Salário médio de 1500 reais, sem receber hora extra, apenas banco de horas. A fonte para essas informações é o dono, que sempre vem reclamar pra mim do "braço curto e imcompentência" dos funcionários.

Todas essas pessoas citadas, achariam essa nossa conversa um papo de hippie ou comunista (eles falam que eu sou as 2 coisas).


AFShalders

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Resposta #70 Online: 03 de Janeiro de 2015, 00:13:03
Lsd,

Isso que você falou é o modo de operação "natural" do mercado de trabalho que é regido pela lei da oferta e da procura de empregos, infelizmente. E ocorre em todas as áreas. Isso nunca será mudado a não ser que seja sancionado um salário base para cada tipo de trabalho.

O problema óbvio é que tem muita gente e pouco emprego e quem precisa mais acaba aceitando salários bem mais baixos ou então faz um monte de horas extras sem receber. Isso é horrível mas é o que rege a imensa maioria do mercado de trabalho no mundo. Alguns paises adotam tabelas mínimas mas são poucos.

O jeito para ganhar mais aqui é mostrar capacitação acima da média do mercado e cobrar a altura. Aliás isso também é o óbvio dos óbvios. Mas convenhamos que a maioria mal consegue por o nariz acima da água e o contratador também não vai querer pagar mais para quem não é um profissional a altura.

Cabe a cada um decidir o minimo que aceita.