Bem "alternativo" esse jeito de trabalhar.
Fiquei curioso em saber como vc vende/anuncia esse ensaio que fica o dia todo com o casal.
Poxa...isso aí é segredo. Venha participar do meu workshop que eu conto tudo direitinho.
Brincadeirinha, estou cheio de amor pra dar e vou te ajudar.
Agora, falando sério... fotografo profissionalmente há 3 anos e meio e tenho buscado essa qualidade de vida no trabalho desde o início. Bem, eu comecei tentando identificar qual o tipo/perfil de pessoa que eu desejava fotografar. Nao é facil definir isso. No início tudo é muito confuso. Aos poucos eu fui entendendo que o mais importante na fotografia ou em qualquer trabalho é o processo e nao o resultado. A gente tem que curtir o fazer. Outra coisa que aprendi é que quando fotografamos pessoas o mais importante sao as pessoas. Parece óbvio, né? Só parece mas nao é tao óbvio assim. Isso quer dizer que as coisas, a decoraçao, a paisagem, o dinheiro, o inacessível e o inusitado nao possuem relevancia alguma. O que faz uma boa fotografia é o fotografo, o fotografado e a relaçao entre o fotógrafo e o fotografado. Isso acontece porque nao somos pintores e nem santo dos milagres. Dependemos sim das pessoas que fotografamos. Bem, entendido isso, entendemos também que uma fotografia interessante exige muito do fotografo e do fotografado pois toda responsabilidade está concentrada nesses dois elementos e na interaçao entre eles. A partir daí a gente entende que o nosso tempo e o nosso foco deve ser nessa sinergia entre esses dois elementos. Para haver sinergia, tem de haver empatia. A empatia é bem diferente da simpatia. A simpatia é pré-requisito para se viver em sociedade. Ela depende somente de cada indivíduo. A empatia nao. A empatia depende dessa conexao entre dois ou mais individuos. Essa conexao depende de uma série de questoes concientes e inconscientes. Ela pode surgir por causa de valores em comum ou até mesmo por opinioes em comum. Ela pode até se dar porque voce sorri de maneira parecida com o amigo de infância do seu cliente. Sei lá, existe uma série de fatores que levam a empatia. Lembrando que a empatia nao é algo que se busca, mas algo que rola naturalmente. Ou rola o clima ou nao rola
. Por isso que sou totalmente contra a bajulaçao e/ou puxasaquismo na relaçao fotografo/fotografado. Isso aí funciona mais pra vender e ganhar dinheiro do que pra qualidade de vida no trabalho. Afinal, ninguém gosta de passar a vida adulando os outros. Além disso, a fotografia exige uma relaçao de igual pra igual e nao uma relaçao de subordinaçao. Indo por esse lado, o cliente nao é o seu "chefe" mas o seu "amigo" , alguém que compatilha com você a sua vida, a sua maneira de interagir com o mundo. Bem, além dessa empatia, tanto o fotografo como o fotografado devem estar prontos para aquele processo de entrega. Ou seja, a empatia, sinergia é importante mas nao é tudo. Tanto o fotografo quanto o fotografado devem estar "prontos" para extrair o máximo daquele encontro. Eu considero o cliente pronto para ser fotografado quando ele está disposto a encarar com dignidade aquele processo. É o cliente que nao tem medo. Ele desafia a camera. Ele nao se esconde. Ele encara a vida com coragem. Ele nao está nem aí pra vaidade. O que interessa a ele é o processo e nao o resultado. Ele encara o ensaio como um desafio e nao como obrigaçao ou rotina. Esse é o cliente que eu desejo. Esse é o cliente capaz de se doar para a fotografia. Ele encara o desafio. Por outro lado, nós fotógrafos devemos estar no mesmo processo de busca, ou seja, a fotografia nao é mais uma questao de sobrevivência mas uma questao vital. Vejo muitos fotógrafos em busca da espontaneidade por parte do cliente mas passam longe eles mesmos dessa espontaneidade. Reclamam que o cliente nao é "verdadeiro" frente a camera mas nao conseguem se expor e mostrar quem sao com a propria fotografia. Reclamam que o cliente tem dificuldade de se entregar mas eles mesmos nao se entregam.
Enfim, tudo isso pra mostrar que nao é algo tao simples como a gente imagina. Depois, e somente depois de todo esse processo de compreensao do outro e de si mesmo a gente pensa no marketing. Ou seja, a fotografia subordinada a vida e o marketing subordinado a fotografia e nao o contrario. Pelo lado do marketing, a gente tem que refletir muito bem sobre aquilo que a gente externaliza. Uma boa curadoria, um bom trabalho de marca e todo esse blablabla mercadologico sao extremamente uteis para fazer com que os potenciais clientes percebam a sua busca, o seu processo e a sua maneira de fotografar.