Autor Tópico: Há alguns anos...  (Lida 2846 vezes)

Luciano.Queiroz

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Resposta #15 Online: 10 de Julho de 2015, 20:58:57
O maior problema dos fóruns e redes sociais ao meu ver é que a grande maioria está interessada em discutir o imediatismo dos novos lançamentos. Pouca gente se interessa em assuntos que praticamente nunca mudaram desde que a fotografia foi inventada.

Eu sempre tive uma tendência a de certa forma enxergar a harmonia numa composição acima d todo o resto, mas nunca sabia porque gostava mais de uma foto que de outra.

Procurei muitas vezes por livros que me dessem um pouco do entendimento desse pensamento, apesar de, pra ser sincero, nunca ter procurado livros clássicos de composição nas artes (nem sabia como procurar pra falar a verdade). Queria algo mais moderno, mais didático, mesmo que o assunto seja "velho"... Até que encontrei "O Olho do Fotógrafo" e a sequência "A mente do fotógrafo".

Acho particularmente que todos os iniciantes tinham que ter esses livros... vale mais que muita aula técnica de fotografia. Uma imagem bem composta sempre vai se sobressair na minha opinião a uma tecnicamente perfeita.

A ideia aqui, como o CROIX salienteou, é somente umas das muitas formas de buscar a harmonia visual numa imagem. Mas acho que deve ser uma das mais importantes...

O Ivan sintetizou pra mim o pensamento como um todo... é preciso "entender a lógica dos caminhos"...
« Última modificação: 10 de Julho de 2015, 21:00:11 por Luciano.Queiroz »


alcure

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Resposta #16 Online: 11 de Julho de 2015, 00:00:07
O maior problema dos fóruns e redes sociais ao meu ver é que a grande maioria está interessada em discutir o imediatismo dos novos lançamentos. Pouca gente se interessa em assuntos que praticamente nunca mudaram desde que a fotografia foi inventada.

Eu sempre tive uma tendência a de certa forma enxergar a harmonia numa composição acima d todo o resto, mas nunca sabia porque gostava mais de uma foto que de outra.

Procurei muitas vezes por livros que me dessem um pouco do entendimento desse pensamento, apesar de, pra ser sincero, nunca ter procurado livros clássicos de composição nas artes (nem sabia como procurar pra falar a verdade). Queria algo mais moderno, mais didático, mesmo que o assunto seja "velho"... Até que encontrei "O Olho do Fotógrafo" e a sequência "A mente do fotógrafo".

Acho particularmente que todos os iniciantes tinham que ter esses livros... vale mais que muita aula técnica de fotografia. Uma imagem bem composta sempre vai se sobressair na minha opinião a uma tecnicamente perfeita.

A ideia aqui, como o CROIX salienteou, é somente umas das muitas formas de buscar a harmonia visual numa imagem. Mas acho que deve ser uma das mais importantes...

O Ivan sintetizou pra mim o pensamento como um todo... é preciso "entender a lógica dos caminhos"...

O Olho do Fotógrafo é um livro recorrente e de cabeceira. Me amarro nesse livro, foi um dos primeiros que adquiri e foi até por indicação de pessoal aqui do fórum.

É um livro deveras superficial no tema, mas bastante certeiro a que se propõe. Ele por si só contribui muito para que você faça boas composições, mas mais do que isso, ele te dá as diretrizes para que você se aprofunde mais se quiser pesquisando por assuntos mais específicos.

 :clap:
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AFShalders

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Resposta #17 Online: 11 de Julho de 2015, 00:04:29
Luciano, é bem por ai mesmo, que bom que tem pessoas com bom senso ainda.

Mas preparem-se o Ivan é carne de pescoço, e as colocações dele quase sempre não são muito óbvias para quem não o conhece, um filósofo (quase  :D)

Esse desenho do Pato Donald é sensacional.
« Última modificação: 11 de Julho de 2015, 00:05:28 por AFShalders »


C R O I X

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Resposta #18 Online: 11 de Julho de 2015, 03:23:33
Muitos artistas modernos usam da harmonia com precisao matematica, nao apenas como como composicao e arranjo dos elementos, mas tambem das cores e suas tonalidades. E sem saber desse aspecto, muitos espectadores tudo que veem eh apenas um quadro pintado de amarelo e mais nara, por exemplo.  :D

Mas se olhar mais atentivamente existe uma graduacao de tons amarelos bariando entre o espaco do quadro, seguindo tal repeticao da beleza matematica.


C R O I X

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Resposta #19 Online: 11 de Julho de 2015, 04:17:35

Existe quem aprecie mais a beleza da expressao humana e existe quem aprecie mais a beleza maematica. Obviamente da para conciliar os dois. Mas a questao de ambos eh a busca da apreciacao da beleza.


Toda forma de comunicacao tem suas limitacoes, e a verbal ou escrita dependendo do uso das palavras tambem. E palavras nao sao sempre o suficiente para transmitir um sentido ou ideia maior. Dito isso...

...que beleza eh essa que se busca? Ou melhor colocando, o que significa beleza?
No caso, beleza significa a "verdade". "verdade" no sentido da essencia das coisas e pessoas, ou universo, ou seja la o que for. E eh dificil para mim achar uma palavra melhor do que "verdade" para descrever isso.

Mas no fundo, o apego e apreciacao de matematicos pelas suas formulas eh exatamente o mesmo dos artistas visuais, ou sonoros, ou o que for, pelos seus arranjos e formas. A apreciacao de uma essencia como espectador, ou conexao a tal essencia como criador.


Para ajudar a entender e indo mais a fundo filosoficamente, pense sobre as artes tribais ou pre historicas, onde todas, de uma forma ou outra esta ligada a busca de compreencao defenomenos alienigenas a eles em tal momento. Ou de forma mais clara as artes tribais, costumamente ligadas ou com o proposito de nao somente narrar ou descrever fenomenos incompreensiveis ou deuses, mas principalmente se conectar com tais deuses, ou "essencia". A origem das coisas que ao se atingir ou olhar, tudo se pode ver, compreender e admirar. A busca entao passa a encontrar e apreciar tal essencia nas coisas. (coincidentemente escrevi algo a respeito no meu blog ontem a noite).


Resquicioa de tal incluencia da maneira da apreciacao e conexao a essencia atravez da expressao artistica, ainda existe por exemplo nas rodas de musica e danca flamenca. Onde apos um verso citado, de forma altamente expressiva e apego dos musicos e dancarinos quase que transcedente, o publico em empolgacao com os ritimos, sons e versos grita "Ole!", igual como se grita no futebol apos um johador fazer um drible com a bola em outro jogador, que tambem nao deixa de ser uma expressao da harmonia e habilidade do jogador com o dominio da bola, que de tao belo pode contagiar as emocoes do publico.

A origem desse "Ole!" do futebol, que tem sua origrem nos versos e ritimos expressivos na espanha. Vem da palavra arabe Ala, que significa Deus. Tal palavra, entre inumeras outras, e influencia expressiva e apreciativa artistica trazida pelos Mouros, povo arabe altamente rico em bagagem e conhecimentos artisticos, matematicos, entre outras areas, que dominaram a Peninsula Inerica por centenas de anos. Periodo conhecido como pre-renacenca, ja que foi o pontape inicial que levou a criacao de um novo movimento artistico e cultural a europa, como o inicio dos poetas franceses Trouvadores.

Apesar de serem altamente tolerantes as demais crencas, como a catalica previamente existente na Peninsula emmque chegaram e se expandiram, o apego a paixao a matematica, artes e demais belezas e harmonias de demais areas, nao diferente dos demais povosmpassados, estava na apreciacao no proprio deus.

Atingir a harmonia e a beleza altamente expressiva com o sentimento logado a transcedencia, siginifica em essencia atingir a "verdade", que filosofos no passado e modernistas tambem chamam de Deus (a pesar da nocao de Deus ser diferente no passado e filosofos modernos). Logo, ao apreciar um artista empolgado e em transe em sua expressao artistica, era interpretado como ter atingido a essencia, ou deus. Apreciar o artista atuando e sua expressao logo seria como apreciar o proprio deus, ou a propria origem da criacao, ou ver a luz no final do tunel.

E assim, o publico empolgado tambem gritava empolgado e celebrando, ao ver tal luz, essencia ou o proprio deus. "Ala!", ou seja, "Deus!". Mas hoje conhecido como "Ole!".


Ivan de Almeida

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Resposta #20 Online: 11 de Julho de 2015, 11:33:06
Agradeço muito a todos pelas ideias aqui somadas.

Estudo a percepção humana desde muito jovem, vinte e poucos anos, buscando compreender como e buscando aprender como. Passados muitos anos, há uns 15 anos atrás fiz mestrado em arquitetura exatamente sobre esse assunto, no PROARQ/FAU/UFRJ, em um mestrado onde inexistia orientação sobre o assunto, ou seja, é a minha linha antiga que virou mestrado e poderia, caso eu quisesse e precisasse, virar mais coisas. Mas cheguei a uma etapa da vida em que graduações não fazem diferença, e nem o diploma de mestrado fui buscar.

Entender as razões da percepção humana, do jogo ocular, sem achar que isso é "da arte", nem "do homem animal", é aí que está para mim a questão. Nós falamos com o homem adulto ou jovem ou já treinado perceptualmente, o ivan criança nada disso via.

Porém, fotografando, nós estamos construindo uma mensagem ocular para o homem civilizado, daí ser útil entendermos os jogos perceptivos.


Luciano.Queiroz

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Resposta #21 Online: 11 de Julho de 2015, 12:11:21
Porém, fotografando, nós estamos construindo uma mensagem ocular para o homem civilizado, daí ser útil entendermos os jogos perceptivos.

Acho que comunicação é isso. Sempre tem o transmissor e o receptor.

E como quem fotografa sempre quer comunicar algo, é importantíssimo esse assunto. Não adianta comunicar o que o outro não possa entender..

E vejo muito disso por aí. Fotos que absolutamente não me dizem nada e em muitas vezes são premiadas por aí. Na grande maioria dos casos simplesmente não consigo determinar se elas realmente não tem nada a dizer ou simplesmente não falam a minha língua!


Ivan de Almeida

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Resposta #22 Online: 11 de Julho de 2015, 14:28:18
Luciano;

Concordo muito com você sobre a consagração do nada. Uma vez, há uns cinco anos, acho, fui lá no MoMA, em NY. Os primeiros andares são dedicados à arte contemporânea...

Caramba, eram completamente sem graça. Porque aquilo feito como contemporâneo há dez anos ou vinte atrás envelheceu, e as coisas pareciam só objetos que vão para o lixo. Um teclado desmontado com suas partes numa vitrine. Uma urna da Yoko Ono com votos-desejos de pessoas, nunca aberta...

Esta última, quando vi, ri. Porque pelo menos um ano antes da "obra" dela eu fiz, junto com o pessoal do centro cultural da serra, uma urna onde as pessoas punham seus desejos. Só que abrimos, eu fui lá a tinham forrado uma sala com os desejos, sem assinatura, e alguns ao lermos doía. Doía ler.

A busca de "manifestações contemporâneas" é de uma tolice enorme. Contrapõe-se à arte eterna historicamente.

Abraços
Ivan


Luciano.Queiroz

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Resposta #23 Online: 13 de Julho de 2015, 11:42:56
Particularmente eu gosto muito de grafismos na imagem. Gosto de ficar percorrendo linhas e caminhos imaginários por todo o quadro...

E só pra exemplificar (mesmo fugindo do tema inicial do tópico - a proporção aurea), segue uma foto minha que gosto muito..



O quadro dividido em dois na horizontal, a metade inferior dividida ao meio na vertical e o ponto de luz na junção das linhas de divisão. Ponte sobre rio Paranapanema, divisa de SP e PR. Florínea/ SP.

Na hora da foto obviamente a ideia nem era essa, somente de registrar o local.. Mas no mesmo instante em que olhei pelo visor da câmera já enxerguei essa ideia da divisão, e aí foi questão de ajuste no enquadramento pra conseguir o que eu procurava com precisão.
« Última modificação: 13 de Julho de 2015, 11:46:04 por Luciano.Queiroz »