Autor Tópico: Fotografia: História e Arte  (Lida 11816 vezes)

angelo di candia

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Resposta #15 Online: 04 de Setembro de 2015, 13:26:48
caro kawazoe,

entendo sua opinião, mas permita-me discordar dela.

essa discussão é, sobretudo, fotografia. fotografia e tão somente fotografia.

não podemos dissociar política, filosofia, humanismo, etc.. da fotografia. do cotidiano. da vida.

e mesmo eu enxergo nela um profundo e irreversível valor artístico, SIM!

afinal, podemos discutir se é arte. se há arte no registro. pois eu digo que há, e muita!

isso à parte, perceba que TODA a discussão que a foto suscitou só ocorreu pq a FOTO EXISTE.

não existisse a foto, hj o MUNDO seria outro. o MUNDO.

não minorize esse impacto...

há espaço para eugene smith. muito, e ele virá. só não cabe agora, só não cabe dps do que vimos.

um abraço,




« Última modificação: 04 de Setembro de 2015, 13:42:12 por angelo di candia »


pkawazoe

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Resposta #16 Online: 04 de Setembro de 2015, 13:47:55
Angelo,
não estou minimizando o impacto,
eu tbm senti e sinto, sobre o que o ocorre sobre esses imigrantes....
mas se quer falar sobre esse assunto então a sala adequada seria  no "Papo Furado"
acho que um nome um tanto inapropriado para o assunto em questão.....

eu tbm não estou dizendo que não podemos desassociar a imagem do seu conteúdo
nas fotos jornalística e documentais........
mas existem fotos e fotos.....
algumas são mais importantes pela história em si que a imagem propriamente dita.....
ex. essa foto que vc postou, a imagem é menos importante que a historia que rodea

é claro que esse é o propósito de toda foto jornalistica e documental,
a imagem é menos importante que a historia em si.......

mas existem trabalhos de jornalismo e documentais que agregam outos valores
que seriam muito mais aproveitados numa sala que se chama "Arte Fotográfica"





« Última modificação: 04 de Setembro de 2015, 13:49:10 por pkawazoe »


angelo di candia

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Resposta #17 Online: 04 de Setembro de 2015, 13:58:42
claro, te entendo, kawazoe. vc está absolutamente coberto de razão nas suas colocações.

há uma frase do picasso sobre a arte que é muito feliz. acho que já a citei aqui, em algum momento.

ela diz, mais ou menos: ""a boa arte não é feita para decorar apartamentos. a boa arte é uma arma de guerra."

enfim, como autor do tópico, não me incomodo se mudar de sala, nem com outros rumos que o tópico tome, claro.

podemos passar a eugene smith, desde já.

aliás, semana passada, qdo pensei no tópico, lembrei de cara de umas 6 ou 7 fotos.

o interessante nessa estória toda é que há, na minha cabeça, uma do eugene smith entre elas.

uma foto. na guerra. com uma criança, nas mãos. morta.

mundo engraçado, né?

abs,







pkawazoe

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angelo di candia

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Resposta #19 Online: 04 de Setembro de 2015, 14:07:52
exato!
deve ser a foto dele que mais me marcou, até hoje. vi no meu exemplar do magnum contact sheets :)
por inúmeras razões: mas princ pq a atitude do soldado me remete imediatamente ao ato da criação, e sou médico. a criança parece nascer, mas morre. não nascerá jamais.




pkawazoe

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Resposta #20 Online: 04 de Setembro de 2015, 14:25:35
a foto que vc postou tem sim a sua importância como jornalística,
o que achei inapropriado foi o rumo da conversa, na sala(arte fotográfica) em questão

sobre a foto do Aylan Kurdi, o menino Sirio
o que eu poderia falar, é sobre a velocidade que uma imagem(informação)
atravessa o globo e consegue mudar opniões, e como a força da população aumentou depois desse fato
uma imagem pode gerar comoção e talvez mudar as leis de países, pela maneira que é interpretada pelo povo…..

coincidentemente existem 2 trabalhos fotográficos com uma trajetória parecida e
que tiveram um impacto tão grande que mudaram as leis países
um foi sobre o trabalho infantil nos anos 10 e 20 nos Estados Unido do Lewis Hine
e outro do Eugene Smith sobre Minamata

http://www.iconica.com.br/wp-content/uploads/2012/03/w.jpeg
« Última modificação: 04 de Setembro de 2015, 14:26:31 por pkawazoe »


angelo di candia

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Resposta #21 Online: 05 de Setembro de 2015, 08:45:41
sim. smith tem trabalhos primorosos, principalmente em fotografia documental. gosto muito das fotos de guerra dele. é um estilo diferente do genial capa, mas igualmente primoroso. diz a lenda que ele passou por uma dezena de cirurgias e quase morreu na ásia algumas vezes, cobrindo a 2a guerra.
concordo que o trabalho dele em minamata é importante, pois certamente é o que teve impacto social mais evidente.
foi a denúncia de smith que permitiu que a síndrome de minimata fosse estudada e esclarecida.
dps disso, passou a ser uma recomendação médica restringir a ingesta de alguns peixes para grávidas, lactantes e lactentes.
as fotos de minamata são, de fato, estarrecedoras! muito bem lembrado, kawazoe!
« Última modificação: 05 de Setembro de 2015, 08:50:52 por angelo di candia »


Carlos HP

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Resposta #22 Online: 05 de Setembro de 2015, 11:38:38
Marcando para acompanhar, aguardando mais fotos   :snack:


C. Ferrari

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Resposta #23 Online: 05 de Setembro de 2015, 11:58:29
eu acho que essa discussão esta saindo um pouco fora do assunto fotografia…..
e esta caindo em política, economia e social…..
acho que aqui, ninguém é contra os refugiados e todos sentiram a morte e mortes deles(crianças e adultos)

se sim ou não, se algum politico disse isso ou aquilo, ou se é por dinheiro ou medo, etc, etc e etc.
esse assunto não é sobre fotografia…….

é claro que fotos podem ter determinados impactos e sentimentos
e essas fotos são jornalísticas, tem e terão seu lugar na historia,
mais por suas tragédias do que a sua habilidade fotográfica, no quesito linguagem, técnica, arte….
e quão relevantes elas são para se aprender mais sobre fotografia em si, nesse site(mundo fotográfico)……

se fosse para falar de algum trabalho jornalístico e relevância fotográfica
e digo fotográfica no quesito, linguagem, inovação, arte…
eu colocaria em pauta os trabalhos do Eugene Smith
que trariam uma discussão mais rica

Eu vejo pelo contrário. Fotografia (principalmente o fotojornalismo) é tudo sobre economia, política e causas sociais entre outros. É por isso que elas são impactantes e icônicas, são históricas porque fazem pensar sobre diversas questões que fogem de questões técnicas da fotografia a qual ninguém aqui tem propriedade pra falar (a menos que seja um estudioso em artes, com diversos trabalhos publicados em galerias e etc, porque se não ficamos sempre no achismo)

Se não houver esse tipo de reflexão aqui nesse tópico, vai ficar igual a galera de foto onde fica se dando pitaco aí que lindo aí que bonito.

Bela ideia Angelo, estamos precisando de mais reflexões acerca da fotografia como estas aqui no fórum.


Maneco Pizarro

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Resposta #24 Online: 07 de Setembro de 2015, 16:56:40



MAIS QUE MIL PALAVRAS?

Essa é a pergunta que vem abaixo da foto, no Caderno "Aliás" do "Estadão" de domingo, 6 de setembro.

"A imagem do bebê sírio que morreu afogado na travessia entre a Turquia e a Grécia impactou o planeta." inicia a reportagem com a foto quase em página inteira, com toda a força e drama que contém.

No mínimo instigante é a continuação da matéria, com o seguinte texto:

" O brasileiro Gabriel Zacarias, doutor em Estudos Culturais pela Universidade de Perpginan, entende que a força da foto de Aylan está menos no que revela, e mais no que oculta: o fato da criança ser curda."

E Gabriel faz a seguinte citação:

"Como o disfarça de garoto ocidental, a imagem nos fala muito mais da dor genérica da morte, do medo da perda de um filho, do que da devastadora experiência da guerra."

Já o filósofo francês Francis Wolff, da Escola Normal Superior de Paris ressalta que a foto tingiu o mundo de vergonha, e complementa: "Enquanto as mercadorias cruzam as fronteiras com extrema facilidade, os muros entre os homens estão cada vez mais altos."

Eis o paradoxo. Eis a insegurança. Eis o cinismo da modernidade.

E assim a reportagem estende-se por mais duas paginas no mesmo Caderno...

Tudo isso por causa de uma única foto.

Como disse o angelo de candia, "TODA a discussão que a foto suscitou só ocorreu pq a FOTO EXISTE."


Jornal O Estado de São Paulo
Caderno Aliás
Domingo, 06 de set 2015



angelo di candia

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Resposta #25 Online: 08 de Setembro de 2015, 10:10:15

ferrari, manek e amigos, peço-lhes licença para discorrer um pouco mais sobre o impacto da foto do aylan kurdi. já falei sobre a força política e pessoal dela. quero agora elaborar algo mais sobre seu impacto fotográfico per se.

(antes, devo dizer que concordo com o q o manek cita acima, mas vou me abster de fazer comentários, que os tenho, sobre a modificação da identidade do jovem, tomado por ocidental na aparência mas na verdade curdo. não pretendo me debruçar em profundidade nas relações específicas do conflito na região da síria de onde ele veio - principalmente pelo paradoxo que há no fato de ser o próprio ocidente, através da casa branca, o agente crítico de toda essa desgraça ao equipar primeiro o estado islâmico e dps os exércitos sírio e turco para combater além do EI, os próprios curdos e milícias locais. percebam que interessa bastante aos EUA o massacre de curdos e da sua resistência organizada nos chamados "cantões". portanto, vou me ater especificamente à percepção geral, do senso-comum, que absolutamente não é a minha, nem a real. assim, e de forma simplista, o menino de etnia curda foi "percebido" sem sê-lo como uma criança branca, ocidental, ponto).

há ali uma criança feita vítima por muitas coisas, mas sobretudo pela ignorância dos homens ocidentais. uma criança branca, com corte de cabelo, roupas e sapatos ocidentais.

com a face colada à areia da praia, não tem rosto - o que permite que possa ser qualquer um de nós. é nessa empatia que está, a meu ver, seu imenso, seu inexorável, seu interminável impacto fotográfico.

há milhares de fotos todos os dias que desnudam a desgraça de meninos refugiados em barcos superlotados que grassam pelo mediterrâneo, no mesmo drama dos kurdi; de meninos assassinados pelo tráfico nas periferias do rio, sp, méxico e colômbia; pela desnutrição no sudão; pela exploração do trabalho escravo no nosso nordeste, na china, no paquistão e na índia.

todas, absolutamente todas essas fotos têm um rosto - a do menino aylan não.

preenchemo-la com nossa própria face. a identificação é imediata. o magnetismo da imagem é, a meu ver, ainda maior que sua carga emocional.

todos conhecem o soldado legalista de capa - ele tb não tem rosto. ambas, a foto de robert capa e a nossa foto, são imagens mais poderosas que a da menina vietnamita, trazida pelo nandoespinosa - uma foto igualmente trágica, mas com rosto.

e há na foto o outro personagem - um espectador, passivo (ou compassivo, na foto logo depois) da tragédia. ele completa a cena magistralmente. em sua atitude contemplativa, de quase indiferença, traz ele também um signo tremendo de crise. é um agente da nossa urgência. está ali pra desmascarar a nossa inércia, para sugerir a nossa apatia. pra caricaturar o nosso descaso, até então, com o drama dessa gente.

outro dado que contribui para o impacto da fotografia em questão é a narrativa que ela encerra: uma mensagem simples, direta e sobretudo precisa. seu discurso se descortina facilmente, resumindo de forma concisa e absurdamente cristalina uma história que, por outros meios, teria múltiplos e complexos significados (e os tem). uma imagem que consegue ser explícita sendo subliminar, que consegue ser de fácil leitura ao mesmo tempo que é complexa, multifacetada, plural.

isso é algo imensurável, absolutamente ímpar, único, na qualidade de uma fotografia em todos os seus principais pilares - estrutura, signos, narrativa, contexto.

um último aspecto é o fato da foto ter viralizado em poucas horas e em escala planetária graças às redes sociais. de todas as fotografias afetadas pelo fenômeno, a de aylan certamente é a que gerou a maior repercussão até hoje. escrevi isso antes, e sustento: uma foto, e o mundo já é outro.

penso eu que daqui a 100 anos estaremos ainda comentando a tragédia e a foto de aylan kurdi, a foto mais relevante das últimas décadas. ou alguém duvida?


Maneco Pizarro

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Resposta #26 Online: 09 de Setembro de 2015, 01:48:38

penso eu que daqui a 100 anos estaremos ainda comentando a tragédia e a foto de aylan kurdi, a foto mais relevante das últimas décadas. ou alguém duvida?
« Última modificação: 09 de Setembro de 2015, 01:59:34 por manek56 »


Maneco Pizarro

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Resposta #27 Online: 09 de Setembro de 2015, 01:56:28

um último aspecto é o fato da foto ter viralizado em poucas horas e em escala planetária graças às redes sociais. de todas as fotografias afetadas pelo fenômeno, a de aylan certamente é a que gerou a maior repercussão até hoje. escrevi isso antes, e sustento: uma foto, e o mundo já é outro.

penso eu que daqui a 100 anos estaremos ainda comentando a tragédia e a foto de aylan kurdi, a foto mais relevante das últimas décadas. ou alguém duvida?



Angelo, ressaltei seus dois últimos parágrafos por conta de uma pergunta que foi feita a Francis Wolff, Filósofo e Professor da Escola Normal Superior de Paris, cuja resposta tem tudo a ver com o seu texto e sobre a relevância da foto como cita no seu parágrafo final.

Ei-la:


" Qual a sua reação após ver a foto da criança morta na praia da Turquia?

Minha reação é mais uma reflexão sobre o poder da imagem do que sobre a realidade.

É a imagem da vergonha que a Europa deve sentir neste momento. Mas tudo o que foi dito há meses sobre a realidade é ainda pior é ainda pior do que essa imagem e não teve o mesmo efeito.

Milhares de palavras, de descrições, de estatísticas... tudo foi impotente frente ao impacto dessa foto.

Uma criança é a encarnação da fragilidade, da inocência. Nessa imagem ela também encarna a solidão.

Espero que tenha o efeito que milhares de discursos não tiveram. "
« Última modificação: 09 de Setembro de 2015, 02:01:52 por manek56 »


Carlos HP

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Resposta #28 Online: 09 de Setembro de 2015, 10:37:28
Particularmente, fiquei sabendo dessa foto aqui neste tópico. Eu estava tão imerso no trabalho que não estava ligado em toda essa questão que está acontecendo na Europa. A partir da foto, fui atrás de maiores informações sobre o tema. Nesse sentido, acho que ela cumpriu muito bem o seu papel de chocar o público e fazê-lo refletir um pouco mais sobre a situação. Nos dias de hoje, os textos, por mais elucidativos que sejam são ignorados pelo público nas redes sociais em sua grande maioria, que são atraídos pelo que é mais fácil e rápido de digerir. E, uma imagem vale mais que 1000 palavras. A interpretação da mesma e seus desdobramentos, porém, vão além da imagem em si e passa pela percepção de realidade e bagagem de cada um que a visualiza. Parabéns a vocês pelas análises postadas.


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Resposta #29 Online: 09 de Setembro de 2015, 20:23:20
chega um tempo em que não se diz mais: meu deus.
tempo de absoluta depuração.
tempo em que não se diz mais: meu amor.
porque o amor resultou inútil.
e os olhos não choram.
e as mãos tecem apenas o rude trabalho.
e o coração está seco.
em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
és todo certeza, já não sabes sofrer.
e nada esperas de teus amigos.
pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
as guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
chegou um tempo em que não adianta morrer.
chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
a vida apenas, sem mistificação.