Dando curso ao assunto.
Bem, acontece que sou assinante de u a lista, e nela o owner, fotógrafo profissional do primeiro time, postou uma mesagem sobre recuperação de textura em fotos aparentemente estouradas usando o Adobe Raw Converter, ou seja, o plugin do PS.
Como só fotografo em RAW há mais de um ano, isso não me surpreendeu, pois com a s5000 eu muitas vezes recuperava luzes estouradas, que não estavam estouradas de fato, mas pareciam assim devido ao Gamma nelas aplicadas. Fotografar em RAW na prática significava ganhar pouco mais de meio ponto nas altas luzes, e isso faz uma tremenda diferença se a latitude é estreita. Grosso modo, a latitude da fotometria adotada para as altas luzes é de pouco menos de dois pontos em JPEG (digamos, dois pontos), e dois pontos e meio em RAW, um acréscimo muito significativo.
Explorar isso é essencial por um motivo simples: quando fotografamos em EAW a captura é lenear, então não há curva definitiva aplicada. Isso quer dizer que podemos superexpor uma foto e depois fazermos com que ela tenha os tons corretos.
Mas... O conselho que lemos não é sempre para subexpor e proteger as altas luzes? Então, por que eu estou falando o contrário, superexpor?
Pois bem, uma coisa não contradiz a outra. São duas estratégias para o mesmo problema, mas cada uma delas implica num grau de cuidado na fotometria. Se a pessoa fotografa em JPEG ou TIFF, casos onde o gamma é aplicado sem muita escolha internamente, sua única alternativa é proteger as altas luzes. Fotografar em JPEG implica em tentar obeter a foto pronta já no click, e levantar um pouquinho as luzes baixas que na digital guardam muito detalhe.
O problema é que assim amplificamos o ruído também, e além disso não aproveitamos toda a latitude verdadeira de captura.
Então com o tempo desenvolvi outra estratégia que venho explicando desde a comunidade Fotografia Digital Brasil. Essa estratégia considera que quando a sensibilização é de altas luzes o resultado é algo na melhor relação sinal ruído do sensor, e além disso, como a captura é linear, as diferenças de luminosidade são igualmente capturadas seja nas médias, seja nas altas luzes. No filme não é assim. Nas altas luzes há menor captura de diferenças, embora elas sejam mais resitentes ao estouro. Basta ver a tabela do sistema de zonas que está lá dito que nas zonas 1,2 e 3 não há captura de texturas, o mesmo acontecendo nas zonas 8,9 e 10.
Então minha fotometria obsetiva sempre obrigar a captura a acontecer na melhor relação sinal/ruído, isso sendo: fazer a fotografia mais clara possível em um contexto, tomando unicamente o cuidado de não estourar nenhuma região.
Para isso o método é apontar o contro da lente para a região mais clara da foto usando fotometria spot, medir a luz colocando o ponteiro do fotómetro no meio e depois aumentar dois pontos e meio a exposição.
Mas isso funcionava maravilhosamente na s5000, e na s7000 comecei a não conseguir recuperar as luzes. Anteontem li o tal tópico na lista, e ele sugeria haver uma método melhor de recuperação.
Grosso modo, quando usamos o plugin PS podemos monitorar os estourados através de apertarmos as teclas Control+Alt enquanto movemos o slider Exposure. A foto fica toda preta, e as regiões estouradas aparecem em branco (se forem todos os canais) ou na cor estourada (pois pode haver um, dois ou três canais estourados). Mas a mensagem na tal lista não parecia referir-se somente a isso, sendo vagamente citado um método aprendido em um livro.
Como acho serem os grandes segredos na verdade coisas simples, peguei uma foto problemática minha (esta acima) e resolvi tentar salvar as altas luzes. Principiei por diminuir ao máximo a Exposure, mas a foto ficou muito escura. Aí me veio aidéia de diminuir também o contraste ao máximo, de modo a ter uma curva de correção pouquíssimo alterada. Fiz isso e pronto, lá estavam as informações do céu! Cuidadosamente fui levantando o Brilho até perceber que começavam a esoturar (no brilho não tem feedback, então eu regulava o brilho e ia verificar em Exposure+Control+Alt).
O resultado foi um tiff 16 bits com o histograma pouco estendido. Como ao contrário do tiff 8 bits que possui 256 tons para cada R,G ou B o tiff 16 bits tem 4096 tons, mesmo com o histograma curto (digamos, 2/3 da extensão) eu tinha ainda 4096/3*2 tons por cor, isto é, 2730 tons, mais do que o suficiente para promover as correções a ajustes da foto em Curves ou Levels, ainda com grande vantagem sobre o tiff 8bits ou o JPEG,
Deste modo, recuperei as altas luzes 2,5 pontos mais expostas que a média. A foto ficou bastante lavada e com pouco ruído, embora, posteriormente por pressa e por ser apenas experimentação eu tenha aplicado um sharp agressivo no primeiro plano que o deixou bem ruidoso.
Agora há pouco repeti o procedimento com outra foto com resultados igualmente recompensadores.
Bem, espero que tenha ficado mais ou menos claro o procedimento. Não é coisa lida em lugar nenhum, mas sim um método pesquisado por experimentação a partir de alguns indícios encontrados aqui e ali e do raciocínio sobre a captação dos sensores e sobre as ferramentas dos conversores de RAW.
Abraços a todos,
Ivan