Not a valid vimeo URL
gostaria de recomendar um livro fotográfico, cuja leitura terminei essa semana.
"CONDOR" (fotografia e textos do português joão pina, editora tinta da china, portugal, 2015) é um registro em centenas de fotos e dezenas de depoimentos que o autor capturou durante 10 anos em que se debruçou sobre a intervenção militar homônima coordenada na américa latina entre os anos 70 e 80.
mais que um registro histórico, "CONDOR" é um resgate de algo que precisamos manter vivo, para que não se repita mais.
é o estupor em palavras e fotos da covardia dos porões, dos estupros, das torturas, dos afogados, dos queimados vivos, dos enforcados, dos lançados em alto-mar, dos fuzilados, dos esquartejados, dos eviscerados, dos filhos retirados de seus pais, das exumações de cadáveres, das valas comuns, dos desaparecidos para sempre.
um livro denso, pesado, que desfila um corrolário de silenciosos fantasmas da impunidade.
fantasmas que deveriam nos assombrar, mas que servem mais a povoar nosso imaginário de uma indignação e um senso de memória onde não há espaço para qualquer anistia.
o posfácio de baltasar garzón (o juiz que teve a audácia de mandar a interpol prender na europa e extraditar para o chile o genocida pinochet) resume bem isso:
"Uma operação diabólica coordenada pela CIA e pelas ditaduras militares latino-americanas e destinada a aniquilar os movimentos de esquerda na região, através da detenção, da eliminação e do desaparecimento de dirigentes políticos, sindicais ou sociais de países como a Argentina, o Chile, o Paraguai, o Uruguai, a Bolívia, o Brasil, entre outros. A partir de 1975, o terrorismo de Estado instalou-se na América Latina e semeou o terror, o desaparecimento forçado de pessoas, as execuções sumárias, a tortura e o roubo de crianças. A repressão alcançou níveis nunca imaginados, que hoje estão a ser investigados em alguns países, enquanto outros mantêm o silêncio." na última foto, vemos uma senhora já, em um cemitério clandestino, o olhar perdido em um longo corredor de sepulturas comuns.
pesquisei-a na internet: trata-se de luciana oganda, argentina. nasceu na prisão. procura seus pais. não os encontrará, jamais.
amigos: é IMPORTANTE, é FUNDAMENTAL que "CONDOR" seja replicado.
leiam-no, URGENTEMENTE.
abs,