Oi, Carlo!
Rapaz, legal saber que você se preocupa com o mesmo tipo de coisa que eu, isto é, qual o impacto que a evolução do equipamento fotográfico tem sobre o ato de fotografar.
Mas acho que você mistura um pouco as coisas no seu texto. Confunde automatismo com facilidade, com tecnologia.
Olha, a tecnologia facilita muita coisa. Hoje temos facilidades, auxílios tecnológicos que nos permitem obter uma fotografia com um esforço muito menor do que, por exemplo, usando uma câmera de filme 100% mecânica sem fotômetro e revelando e retocando o filme manualmente. Isso pra mim é claro.
Mas note, nem todas essas facilidades são automatismos. Por exemplo, o caso da fotometria. As regras da exposição (salvo, é claro, considerações sobre a latitude e relação sinal/ruído dos sensores) não mudou desde a época do filme. O que muda é que hoje temos um fotômetro extremamente conveniente, que mede através da própria lente da câmera. O automatismo existe apenas nesses modos de fotometria 'matricial', que avaliam a cena como um todo e te dão uma exposição. Inclusive podemos deixar toda a nossa fotometria a cargo dele, usando o modo P ou o quadrado verde. Mas enfim, o que importa nesse caso em particular é que não é apenas o automatismo que facilita sua vida.
O mesmo vale pra capacidade de visualização instantânea da foto, possibilitada pelas câmeras digitais: nada há aí de automático, é apenas uma facilidade extra.
O Photoshop, o conversor RAW, idem: não são em si automáticos, são apenas automatizáveis. O bom tratamento de uma imagem é um processo manual, pois é totalmente dependente das escolhas que você faz, da sua habilidade em dodge&burn etc. Claro que você tem a facilidade do undo, de desfazer ou refazer o que já fez quantas vezes quiser, dentre outras, mas isso em si não é uma coisa automática, é apenas uma facilidade que a ferramenta te oferece.
Enfim, onde quero chegar? Simples: é possível fazer uma foto digital, com equipamento de ponta, com um processo totalmente manual, usando foco manual, fotometria spot, depois ajustá-la manualmente no conversor RAW e no Photoshop. Fazendo isso, você terá contado com uma série de facilidades modernas, que não existiam 40 anos atrás, mas mesmo assim, terá participado de todo o processo fotográfico, sem relegar qualquer parte dele a automatismos. E isso é perfeitamente plausível, pois certamente muita fotografia é feita assim atualmente.
A minha opinião é que toda facilidade que não é um automatismo é totalmente válida, inclusive e principalmente para trabalhos mais refinados e autorais, nos quais se quer ter controle sobre todas as etapas da criação.
Quanto aos automatismos, já sou mais purista, não gosto muito de usá-los, uso no máximo o autofoco simples com 1 único ponto de foco. Mas não gosto deles porque eles não se encaixam no tipo de fotografia que eu gosto de fazer. Para os profissionais, acho plenamente válido usar métodos como o que você mencionou, de controlar dezenas de câmeras remotamente. O profissional precisa fazer a foto, não importa como, então tudo bem.
Resumindo: hoje em dia é sim mais fácil fazer uma foto, mas não necessariamente TODAS as facilidades modernas excluem o fotógrafo do processo criativo, pois apenas algumas dessas facilidades (os automatismos) permitem isso, e seu uso está puramente a critério do fotógrafo.
Abraços!
-- thiago
PS: Eu é que peço desculpas pelo texto longo (e um tanto confuso).