Autor Tópico: Sebastião Salgado, um homem de contradições  (Lida 7445 vezes)

Lucas M. Dias

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Resposta #60 Online: 18 de Janeiro de 2016, 11:05:44
Proponho a criação de um tópico Malhação de SS, pois existem algumas pessoas aqui no fórum que tem uma fixação enorme por ele e elas poderiam extravasar suas angustias em um tópico específico sem desvirtuar tópicos que não tem nada a ver com isso (antes que digam que esse tópico é em relação a ele me refiro sobre o da lente da Canon).

 :hysterical: :hysterical: :hysterical: :hysterical: :hysterical: :hysterical:

Parece dor de corno, o SS traumatizou alguns por aí...


sri_canesh

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Resposta #61 Online: 18 de Janeiro de 2016, 17:42:19
Quer dizer que se eu nao falar mal dele eu estou sendo puxa saco? Isso eh uma mentalidade muito binaria. Ou vc esta fazendo desse argumento conveniente para falar ainda mais mal dele?

Veja bem. Existem sim os puxa sacos... Quero dizer, os fans do SS. E existem aqueles que tem cisma com elee por isso fica procurando motivos para ficar falando dele [de forma negativa].

Eu nao faco parte nem de um grupo e nem de outro. Ao contrario desses dois grupos, eu nao ligo para ele, para o que ele faz ou fez.

Ja vc nao eh diferente dos puxas sacos. Na verdade eh exatamente igual, so que ao avesso.  :assobi:

Se você não faz parte de nenhum grupo ou nem outro então não tem pq desqualificar um deles como "fofoqueiro".

Meu ponto de que ele participa de um esquema de greenwashing já é antigo. Se fosse um hater completo (ai sim o contrário de um puxa-saco) estaria desqualificando as fotos dele também, o que não estou fazendo.


AFShalders

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Resposta #62 Online: 18 de Janeiro de 2016, 19:54:13
Sabia que ia terminar exatamente como no outro tópico. Incrível como as coisas são recorrentes.


vangelismm

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"A perspectiva de uma imagem é controlada pela distância entre a lente e o assunto; mudando a distancia focal da lente muda o tamanho da imagem , mas não altera a perspectiva . Muitos fotógrafos ignoram este fato, ou não têm conhecimento de sua importância." -  Ansel Adams, Examples – The Making of 40 Photographs


pkawazoe

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Resposta #64 Online: 20 de Janeiro de 2016, 02:30:28
Sabia que ia terminar exatamente como no outro tópico. Incrível como as coisas são recorrentes.

infelismente  :no:

acho incrível um texto rico em informação ser deixado de lado para se discutir algo que não tenha nada haver com fotografia, digo rico, não pq é sobre o SS, mas pq levanta questões sobre como ver uma imagem e o seu impacto,
estética, comparação com outros fotografo, linguagem, etc...

vou deixar de novo a minha resposta ao bfscf, pq tem tanta abobrinha que talvez ele não tenha visto

eu vejo o SS como um Barroco ou romântico, que parte de uma estética Kantiana, que é uma exaltação do belo através do juízo e o sentimento...
já Gilles Peress(eu não conheço muito o tabaco dele) me parece estar ligado ao conceito de imagem em primeira pessoa, uma ideia criada por Robert Frank nos anos 50, é o olhar subjetivo ou uma opinião sobre o que se vê.



Voltando... o que me intriga mais é o discurso estético. Qual é o papel do fotógrafo, e qual o valor real do que ele comunica e como ele comunica? Eu acredito que muito da obra do fotógrafo ele no final não tem controle, a leitura do que ele tenta comunicar é quase apenas um esforço em vão.


eu acho que tudo parte da intenção.....

veja o caso da foto do pimentão do Edward Weston....
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b7/Weston-pepper30.jpg

aparentemente uma foto bem simples, e algumas pessoas quando veem  só enxergam o pimentão,
mas é algo muito complexo e esta ligada ao discurso do Duchamp o "ready made"
são conceitos e intenções criadas em momentos específicos da história
que tomaram a fotografia ser reconhecida como arte
a compreensão da obra, depende tanto do receptor como do emissor da msg....


E aproveitando pra fazer um contraponto com a minha opinião, acho que em qualquer meio é muito difícil separar o artista de suas atitudes. Admiro não só as fotos de Sebastião Salgado, mas sua posição [mesmo sendo contraditórias em alguns pontos].


sobre esse ponto eu gosto de citar um trecho de uma entrevista com o Antonio Cândido

“a obra de arte pode depender do que for, da personalidade do autor, da classe social dele, da situação econômica, do momento histórico, mas quando ela é realizada, ela é ela. Ela tem sua própria individualidade. Então a primeira coisa que é preciso fazer é estudar a própria obra. Isso ficou na minha cabeça. Mas eu também não queria abrir mão, dada a minha formação, do social. Importante então é o seguinte: reconhecer que a obra é autônoma, mas que foi formada por coisas que vieram de fora dela, por influências da sociedade, da ideologia do tempo, do autor. Não é dizer: a sociedade é assim, portanto a obra é assim. O importante é: quais são os elementos da realidade social que se transformaram em estrutura estética.”


o problema é que algumas pessoas confundem a obra com o autor,
se não gosta da pessoa então a obra é ruim





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Resposta #65 Online: 20 de Janeiro de 2016, 03:43:43
Sabia que ia terminar exatamente como no outro tópico. Incrível como as coisas são recorrentes.
+1

Menos fofoca e mais fotografia.  :ok:


bruno_sfc

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Resposta #66 Online: 20 de Janeiro de 2016, 11:28:03
sobre esse ponto eu gosto de citar um trecho de uma entrevista com o Antonio Cândido

“a obra de arte pode depender do que for, da personalidade do autor, da classe social dele, da situação econômica, do momento histórico, mas quando ela é realizada, ela é ela. Ela tem sua própria individualidade. Então a primeira coisa que é preciso fazer é estudar a própria obra. Isso ficou na minha cabeça. Mas eu também não queria abrir mão, dada a minha formação, do social. Importante então é o seguinte: reconhecer que a obra é autônoma, mas que foi formada por coisas que vieram de fora dela, por influências da sociedade, da ideologia do tempo, do autor. Não é dizer: a sociedade é assim, portanto a obra é assim. O importante é: quais são os elementos da realidade social que se transformaram em estrutura estética.”


o problema é que algumas pessoas confundem a obra com o autor,
se não gosta da pessoa então a obra é ruim

Depende muito, talvez para fazer juízo de valor sobre uma pessoa, é necessário pelo menos uma tentativa real de compreendê-la. Acusar Sebastião Salgado de greenwashing para desqualificar seu trabalho é muito pequeno, é ignorar todo seu trabalho como fotojornalista em coberturas de áreas de conflito, o trabalho que fez na america latina enquanto estava exilado, e sua responsabilidade como artista. Ele nunca escondeu sua influência barroca, e a busca de beleza em suas composições e iluminação, e sempre mostrou uma postura muito responsável em relação a proposta dos seus projetos pessoais.

Depende muito porque não consigo, por exemplo, desvincular o trabalho do Bruce Gilden do próprio Bruce Gilden. As fotos não são muito do meu gosto, mas esteticamente são interessantes; porém Bruce Gilden tem uma postura que definitivamente não me agrada. Alguns podem chamá-lo de anarquista, mas eu o acho apenas desrespeitoso. William Klein, por exemplo, explora sua estética de maneira muito mais subversiva e deliberada do que simplesmente sair fotografando de maneira irresponsável e infantil.

No final, o que mais concordo na citação do Antônio Cândido foi "O importante é: quais são os elementos da realidade social que se transformaram em estrutura estética.", pois de certa forma isso resume um pouco esse discurso sobre estetização da tragédia. Gilles Peress e Sebastião Salgado, ambos, nesse sentido, transformaram o sofrimento em uma estrutura estética, não?

Isso tudo são apenas fragmentos do meu pensamento em relação a esses tipos de trabalhos, são extremamente passíveis de mudança, e ainda busco um pouco mais de clareza sobre essas relações conceituais de fotógrafos e fotografados. Se alguém tiver alguma dica de leitura sobre esse tema, estou aberto a sugestões.


pkawazoe

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Resposta #67 Online: 20 de Janeiro de 2016, 17:18:08
Depende muito, talvez para fazer juízo de valor sobre uma pessoa, é necessário pelo menos uma tentativa real de compreendê-la. Acusar Sebastião Salgado de greenwashing para desqualificar seu trabalho é muito pequeno, é ignorar todo seu trabalho como fotojornalista em coberturas de áreas de conflito, o trabalho que fez na america latina enquanto estava exilado, e sua responsabilidade como artista. Ele nunca escondeu sua influência barroca, e a busca de beleza em suas composições e iluminação, e sempre mostrou uma postura muito responsável em relação a proposta dos seus projetos pessoais.

Depende muito porque não consigo, por exemplo, desvincular o trabalho do Bruce Gilden do próprio Bruce Gilden. As fotos não são muito do meu gosto, mas esteticamente são interessantes; porém Bruce Gilden tem uma postura que definitivamente não me agrada. Alguns podem chamá-lo de anarquista, mas eu o acho apenas desrespeitoso. William Klein, por exemplo, explora sua estética de maneira muito mais subversiva e deliberada do que simplesmente sair fotografando de maneira irresponsável e infantil.


acho que tudo depende de quem são os nossos mitos, no sentido que Josef Campbell usava, ou seja como um modelo referencial de comportamento social, ou seja, vc tem uma pessoa, objeto, história ou lenda que servem para atribuir valor há alguma coisa, positivamente ou negativamente
ex: a pessoa por quem vc admira faz algo de ruim, e por causa dessa empatia vc tende a encontrar alguma desculpa,
como tbm uma pessoa de quem vc não gosta faz a mesma ação, e vc tende a condena-la.

é preciso fazer uma separação entre o "ser" e o "fazer"
da mesma maneira que o autor e a obra

o gosto pessoal não entra como critério de julgamento numa análise crítica,

outro ex:
o pintor Gauguin, que no Taiti tinha concubinas de 13 e 14, ele literalmente comprava as crianças de famílias pobres,
tbm tinha sífilis e não se importava em sair espalhando a doença pela ilha....
para mim como pessoa ele devia ser desprezível, mas isso não desqualifica a sua pintura e a importância que teve na história da arte.

agora como um fotografo consegue as suas imagens?
se for de maneira provocativa como o Bruce Gilden ai entra no campo da ética....



No final, o que mais concordo na citação do Antônio Cândido foi "O importante é: quais são os elementos da realidade social que se transformaram em estrutura estética.", pois de certa forma isso resume um pouco esse discurso sobre estetização da tragédia. Gilles Peress e Sebastião Salgado, ambos, nesse sentido, transformaram o sofrimento em uma estrutura estética, não?


sim,
como tbm tem fotógrafos e pintores que transformam alegria em estrutura estética
e onde estaria o Blues, sem a dor, sofrimento e mágoa?
eu não vejo ninguém reclamando quando determinadas artes transformam esses sentimentos em estrutura estética,

acho que isso acontece quando os gostos pessoais falam mais alto que a análise crítica.


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Resposta #68 Online: 20 de Janeiro de 2016, 20:02:50
Eu nao sei quem disse que toda grande obra de arte contem uma certa melancolia.

A transformacao do sofrimento em estetica. Ou talvez melhor dizendo... A exploracao da estetica do sofrimento, eh algo que sempre foi feito nas artes.

Mas diferente da fotografia, as demais artes ao ver uma descricao de texto ou pintura, ou escultura, o expectador nao associa a ninguem em especifico, mas como uma representacao geral, quando nao do proprio artista.

Ja na fotografia, ao ver a foto de alguem sofrendo, o expectador associa meio que unicamente a pessoa fotografada.