Eu vejo fotografo doidinho igual cego em tiroteio tentando entender os gostos dos clientes. É impossível saber exatamente o que se passa na cabeça dos outros. É mais fácil saber o que se passa na nossa.
Mais importante do que o dinheiro do cliente é o meu tempo, aquilo que deixo de fazer por estar fotografando. E ahhh como ele é precioso. Tempo que não volta. Jamais o desperdiçaria fazendo algo que nao me parece interessante. Geralmente, quem pensa demais no que o cliente quer são os primeiros a desistirem. Seja por encontrarem um cliente mal educado no meio do caminho ou pela falta de grana. Quem é apaixonado por fotografia geralmente nao a abandona. Quem busca dinheiro ou fama geralmente abandona a fotografia quando esses primeiros faltam.
É claro que nao podemos esquecer que todo trabalho comercial tem seu limite. Eu nao poderia fazer um evento todo em baixa velocidade, pois sairia da noção geral de bom senso. Também nao poderia entregar todas as fotos brancas pela sobrexposiçao e dizer pro cliente pra entender pois essa é a minha arte. Portanto, me parece claro que temos que agir dentro do limite do bom senso. Mas acredito que esse limite é muito mais amplo do que imaginamos. Na maioria das vezes o cliente, principalmente aquele que nao entende muito de estética, se apega a voce, a experiência vivenciada, o fato de voce ser famoso (no caso dos famosos) e um universo de outros fatores mais do que a fotografia em si. Entao eu acho que a maioria das pessoas colocam a culpa nos clientes por uma limitação propria. Ou porque nao saberiam fazer nada alem do que ja fazem, ou porque vivem com medo, travados.
Se todo mundo pensasse somente no que o cliente quer, a gente estaria fotografando da mesma forma que no século passado. Se a fotografia comercial vem mudando é porque existem aqueles que não estão pensando no que os clientes esperam.
Só pra lembrar que seguir o seu caminho nao significa nao ter cliente. Por mais doido que voce pense que possa ser, sempre tem outros doidos que se identificam com voce
Conseguir ou nao cliente depende muito mais de questões organizacionais e mercadológicas do que artistica.