Ichi...estamos perdidos. O Ivan parece que passou por esse mesmo processo que voce. Eu só me questiono se essa tentativa de "retorno ao inicio" é realmente possível. Sabe, essa questão de tentar "desintectualizar" a fotografia. Eu gosto da sua maneira de pensar a fotografia. Me identifico muito com ela. É refletida mas não é pedante. Eu sinto muito nos seus textos um desapego do ego. Não se tratava de reflexão como forma de diferenciação mas como uma espécie de necessidade. Mas eu entendo esse seu caminho de "desracionalização" da fotografia. Tentar trabalhar em outro nivel, mais sensitivo, menos pensado. Tem gente que já tem propensão, perfil, habilidade, sei lá. Não sei ao certo qual é a palavra. Mas tem gente que tem uma veia sensorial bastante desenvolvida. Pessoas que fazem fotografias realmente interessantes e não são capazes de expressar 2 frases a respeito . Outras precisam trabalhar isso racionalmente, ou seja, o fato de voce querer fazer o caminho inverso já partiu de uma reflexão
p.s talvez eu tenha viajado e voce nao pensa em desenvolvimento sensorial mas voltar a fotografar de maneira despretenciosa, como um leigo. Será que isso é possivel? Será que voce consegue ficar totalmente isento de pensamento depois dessa caminhada toda? O que acha?
Não acho que seja um andar para trás, ou abandonar os pensamentos... Acho que quando somos leigos, só percebemos a superfície. Quando começamos a estudar, entendemos aspectos técnicos, de composição, luz, assunto, temas e linguagem... Passamos a enquadrar tudo dentro do pensamento, das categorias, dos rótulos. Dissecamos e organizamos a fotografia através desses esquemas. E acho que depois pode chegar um tempo em que abandonamos um pouco esse pensar e voltamos só a fotografar. O pensamento não desapareceu, mas ele só não é mais usado como ponte, ele deixa de estar entre você e aquilo que você fotografa. Mas isso deve variar... Algumas pessoas — as que você destaca como tendo esse desenvolvimento sensorial — não passam, e nem precisam, por essa etapa intelectual. Elas sabem fazer, sem necessariamente saber como fazer.