[pauloh]

Pessoal, mandei recentemente dois filmes negativos coloridos (Portra 160 e Ektar 100) e um PB (BW400CN) para revelação no Laboratório Capovilla. Quando fiz a digitalização dos mesmos percebi que imagem estava estranha, as cores meio apagadas, como se fosse uma impressão de jornal. A granulação estava mais acentuada que  normal e as áreas de sombra estavam com menos detalhes que o esperado. Outro fato que me chamou a atenção foi o de que os banhos da revelação do filme não foram feitos de maneira uniforme no filme. Ficaram umas marcas claras e outras mais escuras, bem diferente de uma revelação que eles fizeram há uns 4 anos atrás.
Esses filmes que mandei estavam congelados num freezer e venceram em 2013. Minha pergunta é: Até que ponto a revelação foi ruim e o que pode ter causado isso (químicos velhos?) e até que ponto o vencimento do filme pode provocar esse efeito?

Abaixo umas imagens para comparar.

Essas são de 2012 e a revelação ficou excelente:







Agora essas são de 2016. Notem como o céu ficou com manchas e as cores ficaram estranhas:




Essa é do cartão da Kodak de escalas de cinza que eu comprei para traçar o perfil do filme na digitalização. Os tons de vermelho ficaram escuros e perderam saturação.




Fiz outras fotos desse cartão de escalas de cinza para traçar o perfil de exposição do filme, com exposição de -3 até + 15EV, com variação de 3 em 3 pontos. A exposição normal (0 EV) ficou com aspecto de subexposta em cerca de 1 ponto. Nas exposições mais longas é bem visível a falta de uniformidade na revelação, com manchas claras e escuras. São estas abaixo:

[AFShalders]

Depende muito do tipo do filme. Tenho um lote (no final) de Kodak Lumiere 120 e de Agfa Ultra 50, congelados a -25. O Lumiere vencido em 1995. Recentemente usei um de cada e sairam muito bons. O Lumiere azulou um tiquinho. Cada película tem um comportamento diferente.

Se o filme foi mantido congelado abaixo de -10C e foi congelado ainda na validade e ficou muito ruim, é mais provável que seja falha na revelação. Hoje anda muito comum topar com quimicos vencidos na revelação.

[pauloh]

Foi congelado bem antes do vencimento. Estavam num freezer com temperatura abaixo de -20°C. Eu mandei um Provia 100F para revelar também e conseguiram transformá-lo num Velvia. Ficou com muito contraste.

[AFShalders]

Foi congelado bem antes do vencimento. Estavam num freezer com temperatura abaixo de -20°C. Eu mandei um Provia 100F para revelar também e conseguiram transformá-lo num Velvia. Ficou com muito contraste.

Aumento de contraste é indicativo erro na revelação. Normalmente o que acontece é justamente o oposto.

[pauloh]

Infelizmente está cada dia mais difícil de fotografar com filme. São poucos laboratórios e com a qualidade de serviço cada vez pior.

[AFShalders]

Infelizmente por isso vou parar de usar E6 assim que meu estoque acabar. C41 é mais tranquilo, tem muita gente fazendo ainda, e felizmente, P&B rola em casa.

[gusss]

Film congelado?! Essa é nova p mim! 

[jpdias]

Desculpa a ignorância, mas pode resumir a função e utilização deste cartão?

SDS!!!

[pauloh]

Desculpa a ignorância, mas pode resumir a função e utilização deste cartão?

SDS!!!

Quando se faz uma foto com determinado filme negativo e ele é digitalizado, há um desequilíbrio nos canais de cor. Se eu, por exemplo, fazer o balanço de branco da digitalização na área não exposta do filme, o cinza neutro irá aparecer nas áreas mais claras mais azulado. É aí que entra o cartão de escalas de cinza. Eu o fotografei, à luz do dia, com diferente exposições, de -3EV (só 1/8 de luz da exposição normal) até +15EV (cerca de 30000 vezes mais luz que a exposição normal), variando de 3 em 3 pontos (-3, 0, +3, +6, +9, +12 e +15). Essas imagens servirão como uma referência na hora da edição das imagens digitalizadas e assim eu posso equilibrar os canais para que o cinza apareça como cinza, das sombras até as altas luzes.

Uma imagem para ilustrar. Depois da digitalização, esse é o aspecto da imagem das primeiras 4 exposições (-3 a +6EV). Note como os níveis de cinza da imagem vão se distanciando do cinza neutro à medida que a exposição aumenta.




Mais uns detalhes: nesse cartão de escalas de cinza, a variação de um nível para outro é de 1/3 de EV. O "M" é o ponto médio (cinza 18%). O ponto "A" está 2,33EV acima do ponto neutro e o ponto "19" está 4EV abaixo do "M".

Eu tracei um gráfico no Excel com o nível de cada ponto de cinza em função da exposição em EV. Veja como o nível do canal azul aumenta mais rápido que o verde, e este mais que o vermelho à medida que a exposição aumenta.

[pauloh]

Além disso, se conheço o perfil do filme posso criar outros perfis no PS para corrigir exposição, fazer balanço de branco, etc. Como esse abaixo: a primeira imagem foi feita com iluminação de uma lâmpada de tungstênio de 3050K. Como o filme é balanceado para luz do dia, a imagem ficará amarelada. A segunda imagem é a primeira corrigido o balanço de branco para 3050K (Usei as Curvas do PS)

[jpdias]

Legal!!! Obrigado pela ótima e atenciosa explicação!!!
Acho que entendi, fazendo uma analogia, funciona parecido com uma calibração do sensor usando o colorchecker, só que para um filme específico, é isso?

Sds!!!

[pauloh]

Legal!!! Obrigado pela ótima e atenciosa explicação!!!
Acho que entendi, fazendo uma analogia, funciona parecido com uma calibração do sensor usando o colorchecker, só que para um filme específico, é isso?

Sds!!!

Acho que não. O ColorChecker serve para calibração de cor, não é?
O cartão com escalas de cinza serve para balancear o cinza das sombras até as altas luzes. Teoricamente eu poderia também fotografar o ColorChecker com um filme e calibrar as cores. Apesar de nunca ter usado calibração de cores na digital, eu acho que é isso.

[jpdias]

Sim, sim eu entendi, serve para ajustar os tons de cinza em todas suas zonas de exposição... A analogia que fiz foi em relação à criar um perfil específico para cada tipo de filme...
Abc!!!