Autor Tópico: "Por que a nitidez é superestimada", por Eric Kim  (Lida 5546 vezes)

Ryu

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Resposta #45 Online: 03 de Maio de 2017, 20:59:33
Interessante. O Rush (banda canadense de rock) gravou uma música chamada La Villa Strangiatto, que é referência em virtuosismo no mundo do rock. Eles tentaram por semanas gravar a música em um take só, gastaram um monte de tempo em estúdio, até que desistiram e resolveram aceitar gravar em três (!) takes. Cada take, mesmo tendo divergido da ideia original, é um primor de na arte que eles queriam fazer.

Ou seja, por vezes, a arte simplesmente é de um perfeccionismo desumano.
Sei que o álbum Sergeant Pepper, dos Beatles, foi totalmente editado em 8 canais. Esse álbum do Rush deve ter sido em situação um pouco melhor, já que é posterior. Sei que, em música clássica, a gravação final é uma colagem de, sei lá, uns 10 takes. Para um bom resultado, é importante que o instrumentista não fique tendo ideia a toda hora dando uma interpretação diferente em cada take. Porque, senão, o resultado fica igual uma colcha de retalhos.
Mas, engraçado, falando em "humanidade" e "desumanidade", estive lendo há pouco sobre "computação musical". Numa experiência, ouvintes submetidos a uma música totalmente composta por inteligência artificial acabaram sendo enganados. Eles viram "humanidade" na música totalmente sintética e se emocionaram.
Em se tratando de arte, tem cabimento uma coisa totalmente "desumana" emocionar?

https://youtu.be/PczDLl92vlc


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Resposta #46 Online: 04 de Maio de 2017, 07:07:16
Sei que o álbum Sergeant Pepper, dos Beatles, foi totalmente editado em 8 canais. Esse álbum do Rush deve ter sido em situação um pouco melhor, já que é posterior. Sei que, em música clássica, a gravação final é uma colagem de, sei lá, uns 10 takes. Para um bom resultado, é importante que o instrumentista não fique tendo ideia a toda hora dando uma interpretação diferente em cada take. Porque, senão, o resultado fica igual uma colcha de retalhos.
Mas, engraçado, falando em "humanidade" e "desumanidade", estive lendo há pouco sobre "computação musical". Numa experiência, ouvintes submetidos a uma música totalmente composta por inteligência artificial acabaram sendo enganados. Eles viram "humanidade" na música totalmente sintética e se emocionaram.
Em se tratando de arte, tem cabimento uma coisa totalmente "desumana" emocionar?

https://youtu.be/PczDLl92vlc

O que emociona eh a composicao ou as vozes (couro)? A voz tambem foi geraca computacionalmente?

Falando da composicao em si, certamente o computador que compos a musica usou algum padrao matematico e eu imagino que tenha usado os mesmos padroes matematicos que os grandes compositores classicos tambem usam, ao qual dao o padrao harminico. Assim como na arquitetura, a harmonia se analizada friamente se encontra em certo equilibrio geometrico e sendo assim qualquer computador pode desenhar uma aquitetura harminca sem precisar de um arquiteto. O computador apenas embaralha os dados embutidos e o resultado vem aleatoriamente.

E essa aleatoriedade de dados imbutidos, pode ate criar algo belo e harmonico, mas um computador pode renovar ou inovar um conceito ou estetica artistica, observar e descrobrir hamonias novas, criar algo pela influencia que tal computador tenha tido do meio em que vive e da observacao de sua epoca, ele pode? Ou ele eh apenas capaz de emitir dados embutidos aleatoriamente?
(Eh uma pergunta 50% retorica e 50% duvida, pq por mais que eu tenha a impressao que um computador nao seja capaz de nada disso, por nao saber exatamente como funciona eu tenho ainda minhas duvidas sobre o que realmente um computador eh capas).

Agora, ouvindo essa musica, no inicio parece bela por conta de logo se reconhecer uma harmonia e um belo couro de voz, mas quando se houve ate o fim vc percebe que eh uma repeticao padronizada vazia.

Muitos compositores fazem musicas assim, friamente, apenas usando padroes hamonicos aleatorios, nada muito pessoal, assim como muitos fotografos fotografam assim, selecionando elementos e arranjos harmonicos padroes e aleatorios que se encaixe na foto, e provavelmente sao as fotos que as pessoas hoje em dia mais gostam. Mas esses compositores, fotografos, arquitetos, etc, conseguem fazer algo realmente singular, inovador, inspirador, que remete a sua propria existencia, seu tempo, suas experiencias e sua epoca? Ou apenas produzem aleatoriedade harmonica de dados embutidos?



Bom, o homem tambem pode criar uma perfeicao desumana, usando padroes matematicos menuciosamente trabalhados. Os gregos antigos por exemplo, cliaram predios e esculturas desumanamente perfeitas, mas por outro lado eles retratavam o desumano inspirado em suas divindades. Vejam que ate a escultura do corpo, para ficar mais hamonico e perfeito, esculpiam o osso do quadril masculino menor do que realmente seria nas pessoas reais, ou seja, mais perfeito do que o proprio corpo humano.

Apesar da hamonia dos predios e esculturas gregas, elas tambem tem sua relevancia mitologica, historica, social, economica da epoca, cultural. Logo, a apreciacao nao se limita apenas a harmonia e beleza dos predios e estatuas, pq se olhar por apenas esse aspecto, os predios doricos tem um certo vazio, e para compensar isso os gregos foram desenvolvendo novos estilos para dar um aspecto mais humano e natural, que facam os predios parecerem menos duros, pesados e friamente matematicos, como os detalhes dos predios corinthions.

Nao atoa que que a imperfeicao do Gotico e Barroco com suas formas exageradas atrai mais os sentimentos romanticos e caloroso, em comparacao com osvazios, duros e perfeitos predios classicos ou ate mesmo bauhaus.