Antes de me dedicar a fotografia, trabalhava com 3D, especificamente projetando protótipos e renderizando projetos arquitetônicos e animações para laboratórios farmacêuticos.
Trabalhei para agências de publicidades, estudios de cinema, normalmente como freela, pois nunca gostei de trabalhar fixo.
Com a crise se aproximando, os trabalhos começaram a mirrar, tive convites de muitas empresas para trabalhar lá dentro, 8 a 12 horas por dia, se fosse projeto, aceitava, e fosse assalariado, recusava.
Meu maior desafio foi imposto quando me pediram para modelar e renderizar orgânicos, ou seja, alimentos, aceitei, a grana era boa, estava precisando, quem não?
Aí fiz meu primeiro sorvete, ficou bom, photoshopei o bicho, e bang, parecia real, pensei que fosse para alguma animação, pois não me deram mais detalhes, quando um belo dia, vi meu job lá, estampado em um outdoor, achei aquilo uma PUTA sacanagem, e me senti mal, poxa, era para produtos reais, me pediram com rigging, por isso viajei que fosse para animação, mas era still.
Me arrependo de ter feito isso, pois respeito o alimento e sua essência, detesto fotografia estilo Mc Donald, onde o lanche é lindo no cartaz e você recebe uma versão beta do lanche da foto.
A partir dai comecei a parar com o 3D, já estava uma merda, pois com o aparecimento do Lumion (software de projetos arquitetonicos) a mercado desabou e os trampos antes bem pagos estavam raros, tipo o bum dos celulares vs fotografia profissional, zuou o mercado e encheu de renders de má qualidade por serem baratos.
Foi então que parti para a fotografia gastronômica, amo cozinhar, e comecei um estilo mais natural de fotografia, estudando food stylist, essa área específica e por aí vai.
As vezes costumo a ir a restaurantes, provo a comida, converso sobre culinária, e de quebra, fotografia gastronômica.
Uma dessas vezes fui a um restaurante, tudo muito bonito, elegante, vi o menu, impecável, escolhi um prato, foto linda, deu água na boca, vamos ver se é tão gostoso quanto a foto...
Mano do céu, chegou o prato, parecia a versão travesti da cracolândia do prato, não tinha nada a ver, muito puto, chamei o garçom, educadamente falei sobre a estética do rpato que nada a ver tinha com a do cardápio, ele chamou o maitre, e esse último me diz com a maior cara de pau do mundo, que a foto é meramente ilustrativa...
Com o apetite abalado pela putaria, não comi o prato, liguei para meu sobrinho e lhe pedi um favor, o moleque que trabalha com artesanato, prontamente atendeu e pode me ajudar naquele dia, 30 minutos depois ele apareceu e me entregou um envelope, então pedi a conta.
Paguei a conta e fiquei ali um tempo esperando, derrepente veio o gerente e me disse que o dinheiro que havia pago era falso, e que devia ter havido algum equivoco.
Disse a ele que não havia equivoco não, que as notas de R$30,00 e R$60,00 eram propositais que igual a foto do prato que me serviram e não comi (normalmente se pergunta o por que o cliente nem tocou no prato) eram meramente ilustrativas.
Chamaram a polícia, fomos para a delegacia, no final, não paguei a conta, provei por A+B que fizeram era uma sacanagem e que se não consumi não tinha que pagar, pois o prato era um engodo e cabia processo por propaganda enganosa.
Quanto a mim, tentaram dizer que era falsificador, mas por ter esperado e na impressão estar escrito meramente ilustrativo, não deu nada, o delegado, muito tranquilo, que curte fotografia e retrato, me chamou para fotografar o pai dele.
Nice!