Autor Tópico: Consumo, logo existo  (Lida 7591 vezes)

RFP

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Online: 25 de Dezembro de 2006, 11:57:33
Texto que publiquei hoje no meu Multiply
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Como psicólogo, fico um tanto impressionado com a questão da identidade pessoal. Sem entrar muito em nenhuma teoria mais complexa, vendo identidade apenas como aquilo que vemos e pensamos de nós mesmos. O que me impressiona é a freqüência com que recorremos ao consumo, e aos materiais consumidos, para compor nossa identidade.

Já sabemos como essas coisas funcionam. Uma mulher pode pagar milhares de reais para poder ostentar uma bolsa Luis Vuitton, um homem pode fazer o mesmo para vestir um terno Armani. Mesmo um adolescente se presta facilmente de outdoor ambulante, ao vestir com orgulho uma camiseta com uma determinada marca, ou com o nome de uma banda.

Mas vamos nos restringir à fotografia, que tem sido o objeto de discussão nesse espaço. Não me chama atenção o fato das pessoas terem suas câmeras, gostarem delas e tudo mais. O que me impressiona é p fato das pessoas defenderem as marcas que usam como se fosse parte de si mesmos. É comum que se definam como usuários de determinada marca, como se aquilo fosse, de fato, um definidor de sua identidade. Muito disso é feito em tom de brincadeira. No entanto, é uma brincadeira tão freqüente que fica evidente que as pessoas realmente se preocupam demais com isso.

Nos fóruns, pode-se até xingar a mãe do outro, mas isso não será visto como uma ofensa tão mortal quanto falar mal da cãmera alheia — alguns têm até regras contra isso ou salas específicas para esse tipo de "brincadeira". As assinaturas geralmente contêm o equipamento que se utiliza. Ok, considera-se que seja útil saber como a pessoa faz suas fotos (outro ponto questionável, mas que não abordarei agora), mas o fato é que a assinatura nos identifica perante a comunidade e somos identificados pelo que temos, não pelo que pensamos ou fazemos.

Já vi pessoas relembrando sua trajetória fotográfica. Dez por cento falam sobre a forma como sua visão e sua concepção da fotografia foi mudando, olhando de perto sua produção em suas características, congruências e dissonâncias. Os outros noventa por cento dizem: comecei com uma câmera X, passei para a máquina Y, tudo mudou quando adquiri a lente Z, agora busco um equipamento N. É claro que a fotografia de uma pessoa pode mudar muito em função do equipamento, mas a questão é se o equipamento se submete às necessidades da fotografia ou a fotografia se submete às necessidades de se ter um equipamento.

Vejo que se troca de câmera muito rapidamente (para felicidade dos fabricantes, que além de terem defensores ferrenhos de suas marcas, têm consumidores para qualquer bugiganga nova que lançam no mercado), mas são poucos os casos em que se extrai o máximo do equipamento e aí percebe-se que com um diferente se pode fazer mais. Curiosamente, percebo que a troca faz mais sentido entre os que têm equipamentos simples, muito limitados, e querem mais possibilidades, do que entre os que têm equipamentos médios e de ponta, que na prática fazem a mesma coisa.

Há algumas pessoas, no entanto, fazendo um movimento muito interessante de auto-limitação, ao dispensar a tecnologia e fotografar com lentes manuais, lentes fixas, câmeras compactas, ou até mesmo voltando a usar o filme. Não que esse seja o único caminho, mas mostra que existe também uma preocupação com a fotografia, e não com o como se faz, que inevitavelmente cai na supervalorização da máquina.

Numa sociedade que valoriza muito o consumo, deslumbra-se com a ostentação e é tão desigual como a nossa, identificar-se com o que se possui serve como uma luva. Caímos muito facilmente na armadilha publicitária de que somos o que consumimos e, para sermos mais e melhores, devemos consumir mais e melhor. Entretanto, para aqueles que gostam de fotografia (fotografia mesmo), a frase de Ralph Gibson diz tudo: "Hoje, basicamente ando pelo mundo só com uma câmera, uma lente 50 mm e muitos filmes. Acho que é só disso que precisamos."


Marcos Henrique

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Resposta #1 Online: 26 de Dezembro de 2006, 00:26:09
Gostei muito do texto. Essa questão de se identificar através dos bens concretos é algo natural na nossa atual sociedade consumista. Em fotografia, evidente, não poderia ser diferente. E falem o que quiserem, mas todos temos um pouco disso, de nos mostrarmos através da câmera/equipamento que usamos.

Citar
Entretanto, para aqueles que gostam de fotografia (fotografia mesmo), a frase de Ralph Gibson diz tudo: "Hoje, basicamente ando pelo mundo só com uma câmera, uma lente 50 mm e muitos filmes. Acho que é só disso que precisamos."
Essa é a opinião dele. Prá mim, precisaria muito mais do que isso [:)]


Alvaro

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Resposta #2 Online: 26 de Dezembro de 2006, 08:20:52
Muito bom RFP, penso de forma semelhante.

[]s
Alvaro


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Resposta #3 Online: 26 de Dezembro de 2006, 12:06:13
Vamos imaginar o momento em que o RFPereira escrevia esse texto. Será que ele estava usando uma caneta Mont Blanc ou uma esferográfica BIC?

Isso é o que menos importa, né?! O que vale, de verdade, é o conteúdo do texto. É o raciocínio transformado em palavras. E estas, simbolizam tão somente uma das várias maneiras pelas quais se transmite uma mensagem. Dêem a ele, um “toquinho de lápis”, e tenho certeza que o resultado será o mesmo.

Caros amigos, fotografar também é escrever: só que ao invés de tinta, usamos a luz. Escrevamos, então, nosso melhor sentimento, nosso melhor pensamento, nossa melhor experiência, nossa melhor percepção visual. Qual “caneta” usar? Ora, escolha a sua.

Tomo a liberdade de convidá-los a ler um artigo bastante interessante.

http://www.ricciardi.eng.br/

Tem um link que se chama ARTIGOS. Uma vez nele, procure por: "O equipamento faz diferença? Ou um bom fotógrafo é a única coisa que importa?".

Parabéns, RFPereira!!! Raciocínio coeso, enfático e digno de admiração.

Toninho Braga.
 
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GMarigo

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Resposta #4 Online: 26 de Dezembro de 2006, 16:25:11
Discordo.

A máquina e suas lentes são uma ferramenta q possibilitam o fotógrafo chegar ao resultado esperado por ele, e a ferramenta faz MUITA diferença.
Quem consegue fotografar esportes só com uma 50mm? Quem consegue fotografar aves raras em seu habitat natural só com lentes menores do q 200 ou 300mm?
Isso de que o equipamento não importa é besteira pura. Politicamente correta, mas besteira. O equipamento nunca vai fazer a foto sozinho (acho) mas o fotógrafo sem equipamento tb não produz nenhuma foto.

Se para ele uma 50mm e muito filme basta, ótimo para ele e seu bolso, mas acho até falta de respeito achar que é o único tipo de "fotografia verdadeira".
 
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Alex Biologo

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Resposta #5 Online: 26 de Dezembro de 2006, 17:04:22
não sei ao certo, mas encaro essa visão do mínimo necessário tão consumista quanto a dos ditos equipamentos de ponta.

Afinal, ocorre tb uma busca pela câmera ideal, filme ideal e lente 50mm ideal. E os partidários dessa linguagem também possuem suas preferências e marcas, bem como saem atrás de lentes que segundo os mesmos vão ser as melhores.  E no fundo todo mundo vai achar uma desculpa (mais ou menos válida) pra dizer que a sua forma de enxergar fotografia é a correta).

A diferença é que um tipo compra equipamento novo e o outro usado, mas no final as fotos continuam sendo fotos.

O que vale ser dito é que no geral se discute sim mais equipamento que foto, isso a meu ver é uma falha, mas ocorre em todos os grupos. Com todo tipo de equipamento.

Eu acho que o que mais vale é a linguagem que cada um faz uso quando fotografa, de posse dela é que vc pode ver qual o equipamento necessário ao seu trabalho fotográfico.
Alex Martins dos Santos - São Paulo/SP
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RFP

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Resposta #6 Online: 26 de Dezembro de 2006, 17:20:58
Braga, interessante você ter apontado esse texto do site do Ricciardi. Em julho deste ano li o mesmo texto e postei em meu Multiply uma espécie de resposta.

Eu já havia falado nesse texto, e volto a dizer, que para fins específicos, como os que o Gabriel citou, são necessários equipamentos específicos, claro. Mas os equipamentos se submetem à intenção do fotógrafo. E acredito que a frase do Gibson significa que, ausentes esses objetivos específicos (que geralmente existem na fotografia profissional), o mais simples basta.

Agora, no texto que coloquei aqui iniciando a discussão, a idéia é ir até um pouco além da questão da importância do equipamento e questionar como o consumo do equipamento (e sua conseqüente utilização, ostentação, valorização) por vezes é o fim, e não o meio. E como um sinal disso é o fato de muitos pensarem sua fotografia em termos de equipamento, e não nos termos da sua própria fotografia.  


RFP

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Resposta #7 Online: 26 de Dezembro de 2006, 17:24:36
Citar
A diferença é que um tipo compra equipamento novo e o outro usado, mas no final as fotos continuam sendo fotos.

O que vale ser dito é que no geral se discute sim mais equipamento que foto, isso a meu ver é uma falha, mas ocorre em todos os grupos. Com todo tipo de equipamento.
Alex,

Acho que o mal da fotografia é que ela é indissociável do equipamento, ou ao menos muito mais indissociável do que a pintura e talvez no mesmo patamar da música, atualmente. Talvez não seja mera coincidência que a fotografia tenha nascido pouco depois da revolução industrial. O fato é que ela é a arte da sociedade de consumo por excelência.


André Sena

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Resposta #8 Online: 26 de Dezembro de 2006, 17:58:11
Interessante o texto. Dá p/ dialogar muito em torno do mesmo.  :thmbup:

Citar
Vejo que se troca de câmera muito rapidamente (para felicidade dos fabricantes, que além de terem defensores ferrenhos de suas marcas, têm consumidores para qualquer bugiganga nova que lançam no mercado), mas são poucos os casos em que se extrai o máximo do equipamento e aí percebe-se que com um diferente se pode fazer mais. Curiosamente, percebo que a troca faz mais sentido entre os que têm equipamentos simples, muito limitados, e querem mais possibilidades, do que entre os que têm equipamentos médios e de ponta, que na prática fazem a mesma coisa.

Este é um ponto delicado acredito. É lógico que existe o consumismo. Mas e o fator satisfação pessoal, onde entra?

Citar
Há algumas pessoas, no entanto, fazendo um movimento muito interessante de auto-limitação, ao dispensar a tecnologia e fotografar com lentes manuais, lentes fixas, câmeras compactas, ou até mesmo voltando a usar o filme. Não que esse seja o único caminho, mas mostra que existe também uma preocupação com a fotografia, e não com o como se faz, que inevitavelmente cai na supervalorização da máquina.

Curioso, mas a maneira como apresentou isto ainda passa uma sensação que somente as pessoas neste movimento de "auto-limitação" e este abandono a tecnologia é que possuem uma preocupação com a fotografia. Dá a idea que não posso ter uma preocupação com fotografia utilizando tecnologia, lentes zoom e câmeras digitais.

Citar
Numa sociedade que valoriza muito o consumo, deslumbra-se com a ostentação e é tão desigual como a nossa, identificar-se com o que se possui serve como uma luva. Caímos muito facilmente na armadilha publicitária de que somos o que consumimos e, para sermos mais e melhores, devemos consumir mais e melhor. Entretanto, para aqueles que gostam de fotografia (fotografia mesmo), a frase de Ralph Gibson diz tudo: "Hoje, basicamente ando pelo mundo só com uma câmera, uma lente 50 mm e muitos filmes. Acho que é só disso que precisamos."

Eu gosto de fotografia, gosto mesmo, venho estudando bastante o assunto, mas se p/ Ralph Gibson uma lente de 50mm e alguns filmes é suficiente p/ ele. Tudo bem. Mas p/ o tipo de fotografia que eu busco fazer e gosto de fazer, isto nada me serve.

Citar
Mas os equipamentos se submetem à intenção do fotógrafo. E acredito que a frase do Gibson significa que, ausentes esses objetivos específicos (que geralmente existem na fotografia profissional), o mais simples basta.

Não sou fotografo profissional. A fotografia p/ mim é um hobby e algumas vezes passa por terapia tb. No meu caso específico o mais simples as vezes não basta, pq não vou conseguir fazer a foto que quero, do jeito que quero.

Voltando novamente a questão da satisfação pessoal, as vezes com o mais simples não vou ter toda aquela sensação que tenho na hora de fazer uma foto de uma flor, por exemplo, que procuro posicionar o tripé em uma posição tal que a iluminação e o enquadramento transmitam o que quero capturar. De escolher uma lente adequada a registrar aquilo que quero capturar. Vou precisar de flash, rebatedor? E depois chegar em casa, olhar a foto do monitor e ter a satisfação de ter atingido o meu objetivo. E se não atingi, onde errei?

Não sei se compliquei muito nesta último parágrafo, mas p/ mim existe mais por coisa envolvida na fotografia do que simplesmente uma câmera e uma lente. Consegui expressar meu ponto de vista?

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As assinaturas geralmente contêm o equipamento que se utiliza. Ok, considera-se que seja útil saber como a pessoa faz suas fotos (outro ponto questionável, mas que não abordarei agora), mas o fato é que a assinatura nos identifica perante a comunidade e somos identificados pelo que temos, não pelo que pensamos ou fazemos.

Não concordo com esta generalização de que somos identificados pelo que temos ou não pelo que fazemos ou pensamos. Várias pessoas levam muito mais em consideração o q as pessoas pensam ou fazem em relação ao que elas possuem.

Sim, a assinatura nos identifica perante a comunidade, mas é muito interessante ver um post de uma pessoa que tem o mesmo equipamento que vc tem, e vc sabe que vc pode trocar uma idéia com aquele pessoa sobre o seu equipamento, como utilizar tal recurso, se ela teve tal problema e por ai vai.

Ou até mesmo descobrir que uma pessoa da sua cidade tb participa do fórum. Qtas pessoas conheci pessoalmente aqui no forum justamente pela assinatura. Tudo bem, que fuji um pouco do assunto com este último parágrafo, mas como faz parte da assinatura e da identificação na comunidade, achei relevante comentar.

Antes de terminar peço desculpas se por algum motivo a maneira como escrevi possa ter demonstrado alguma hostilidade ou qq coisa semelhante, o que não é meu objetivo. E se aconteceu não foi intencional. Mas como naturalmente sou bem franco e direto p/ comunicar, costumo ter problemas devido a franqueza. ok?

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« Última modificação: 26 de Dezembro de 2006, 18:00:06 por Andre Sena »
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Resposta #9 Online: 26 de Dezembro de 2006, 21:19:28
Caros amigos,

É claro que o equipamento faz a diferença. E aí alguém vai me dizer: puxa, como você se contradiz!

A gente precisa saber respeitar a opinião de cada um. É assim que evoluimos.

Quando o RFPereira colocou sua opinião, e eu concordo com ele, se não entendi errado, o que ele disse foi que algumas pessoas por aí se dizem fotógrafos e até ganham dinheiro com isso, mas apresentam um trabalho pífio, ao mesmo tempo que ostentam uma imagem que não retrata a realidade de sua competência. Pior, carregam no pescoço um equipamento como uma medalha, achando que isso por si só, se considera uma apresentação e/ou demonstração de profissionalismo. Esse tipo de pessoa eu conheço aqui perto de mim (a acho que nem sabe que este forum existe). Creio que você que está lendo isso também poderá dizer que conhece alguém assim.

Quem leu a matéria do Ricciardi? Pois é, equipamento é tão importante que, Renault e Ferrari, foram respectivamente, campeã e vice no mundial de construtores de 2006. O que se pode dizer a respeito de Midland e Super Aguri F1 (sim, são duas equipes que disputaram o mesmo campeonato).

Aproveitamento o ensejo, eu não me considero um motorista ruim, mas não me coloquem num carro de Fórmula 1 porque seria um desastre. Então é isso, imaginem uma Nikon D2X pendurada no meu pescoço, sendo este que vos escreve, designado para cobrir um evento importante, seja ele qual for. Xiiiiii, acho que não seguraria a bronca. Não estou preparado. Não tenho toda essa competência.

Voltemos a Fórmula 1. Agora imaginem eu disputando uma corrida com um carro de passeio mesmo (meu Fusquinha, entende?). Meu adversário também tem um fusquinha (entenda-se: uma 50 mm e alguns filmes). Só que esse adversário com um fusca é o Sr. Michael Schumacher. É claro, que esse alemão vai saber "tirar" do carro muito mais do que eu. Elementar meu caro: competência!

Um padre continua sendo padre mesmo sem a batina, ou um general sem seu uniforme, ou um FOTÓGRAFO sem sua câmera. Se esse fotógrafo estiver fora de seu habitat e sem sua câmera, dêem a ele um "toquinho de lápis" e ele saberá escrever alguma coisa legal. A fotografia está dentro da gente, e não no peito do lado de fora.

Imaginem um avião em pleno vôo e, de repente, a gente fica sabendo que o piloto infartou. Co-piloto não veio trabalhar hoje. Alguém, entre os passageiros grita para todos: - "Calma, pessoal. Eu sou piloto, estou de folga, mas vou colocar essa aeronave no chão". O piloto nem é dessa rota, muito menos pilota todo dia este equipamento, mas ele sabe voar, sim senhor. Se eu estivesse nesse vôo até beijaria a boca do cara.

Calma aí... Muita calma nessa hora, meus amigos... Eu estou só brincando! Isso não passa de uma figura de linguagem.

Acho que todos nós temos obrigação de acompanhar a evolução tecnólogica. Mas não podemos perder de vista a essência da coisa: nós, enquanto seres humanos, é que somos importantes. E devemos enxergar isso também no nosso semelhante.

Abraço a todos. :giveup:
« Última modificação: 26 de Dezembro de 2006, 21:32:08 por BRAGA.SP »
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RFP

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Resposta #10 Online: 26 de Dezembro de 2006, 21:32:44
André,

Não senti nenhuma hostilidade, pelo contrário, acho que você discordou de alguns pontos com argumentos bastante válidos.

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Curioso, mas a maneira como apresentou isto ainda passa uma sensação que somente as pessoas neste movimento de "auto-limitação" e este abandono a tecnologia é que possuem uma preocupação com a fotografia. Dá a idea que não posso ter uma preocupação com fotografia utilizando tecnologia, lentes zoom e câmeras digitais.

Não são somente essas pessoas que se preocupam realmente com a fotografia. Eu dei um exemplo, extremo até, para marcar um contraponto. É possível, sim que se possa ter toda a tecnologia possível e ainda assim se preocupar com a fotografia. A questão é se perguntar se todo o equipamento é usado em função da fotografia ou em função de outras coisas estranhas à ela, como eu sinalizei no texto inicial.

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Eu gosto de fotografia, gosto mesmo, venho estudando bastante o assunto, mas se p/ Ralph Gibson uma lente de 50mm e alguns filmes é suficiente p/ ele. Tudo bem. Mas p/ o tipo de fotografia que eu busco fazer e gosto de fazer, isto nada me serve.

Mas a idéia dele não é que todo mundo saia por aí só usando uma câmera mais uma 50mm. A idéia é que o equipamento é secundário, terciário. Você falou de satisfação pessoal e de todo o prazer que tem ao fotografar e depois em olhar a sua foto pronta. Se você usa todo o equipamento para chegar a esse resultado, e pelo resultado, não vejo nada de errado. Agora, não é estranho quando se fotografa para mostrar a nitidez da lente, para ver como o ruído é baixo, como as cores são boas? A questão é o que vem primeiro. Uma coisa é buscar um resultado, uma linguagem, uma forma de expressão, onde o equipamento é acessório, coadjuvante. Outra coisa é fotografar para enaltecer o próprio equipamento.

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Não concordo com esta generalização de que somos identificados pelo que temos ou não pelo que fazemos ou pensamos. Várias pessoas levam muito mais em consideração o q as pessoas pensam ou fazem em relação ao que elas possuem.

Generalização é sempre ruim (seria isso uma generalização?), você tem razão. Mas por que então colocamos nosso equipamento na assinatura. E por que, muitas vezes, quando colocamos uma boa foto, pergunta-se: "qual o seu equipamento?" Qual o real sentido dessa pergunta? Eu não tenho uma resposta pra isso.

Vejamos as fotos do Fabio, que tem retratado a sua família de uma forma muito legal. Caberia se preocupar ali com o equipamento que ele usou? As cenas que ele fotografa são tão expressivas que (felizmente) nem nos preocupamos com o método. Mas isso é mais comum em outras fotos que não tem esse efeito de aproximação tão intenso.

Quando eu posto um texto desses, na verdade estou menos querendo apresentar minha opinião e mais procurando por respostas. Eu mudo de idéia e vejo as coisas de outras jeitos freqüentemente. Então, há bastante espaço para contestações e críticas. Pode ficar a vontade.

Abraços.


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Resposta #11 Online: 26 de Dezembro de 2006, 21:32:47
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A diferença é que um tipo compra equipamento novo e o outro usado, mas no final as fotos continuam sendo fotos.

O que vale ser dito é que no geral se discute sim mais equipamento que foto, isso a meu ver é uma falha, mas ocorre em todos os grupos. Com todo tipo de equipamento.
Alex,

Acho que o mal da fotografia é que ela é indissociável do equipamento, ou ao menos muito mais indissociável do que a pintura e talvez no mesmo patamar da música, atualmente. Talvez não seja mera coincidência que a fotografia tenha nascido pouco depois da revolução industrial. O fato é que ela é a arte da sociedade de consumo por excelência.
Rodrigo, mas isso não vai contra o seu texto?

Estou achando o tópico bastante produtivo
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Resposta #12 Online: 26 de Dezembro de 2006, 21:36:38
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Um padre continua sendo padre mesmo sem a batina, ou um general sem seu uniforme, ou um FOTÓGRAFO sem sua câmera. Se esse fotógrafo estiver fora de seu habitat e sem sua câmera, dêem a ele um "toquinho de lápis" e ele saberá escrever alguma coisa legal. A fotografia está dentro da gente, e não no peito do lado de fora.
Braga,

Acho muito interessante isso que você colocou. De fato, é comum que nós "fotografemos" mais sem a câmera do que com ela. No ano passado fui fazer algumas fotos na Av. 9 de Julho, aqui em SP. Mas passei por lá inúmeras vezes já fazendo fotos, antes de ir com a câmera. Acho que esse exercício ajuda muito a elaborar o que queremos, o que sentimos e o que percebemos daquilo que vamos fotografar depois.


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Resposta #13 Online: 26 de Dezembro de 2006, 21:44:14
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Acho que o mal da fotografia é que ela é indissociável do equipamento, ou ao menos muito mais indissociável do que a pintura e talvez no mesmo patamar da música, atualmente. Talvez não seja mera coincidência que a fotografia tenha nascido pouco depois da revolução industrial. O fato é que ela é a arte da sociedade de consumo por excelência.
Rodrigo, mas isso não vai contra o seu texto?

Estou achando o tópico bastante produtivo
Pois é, Alex  :laughing: É como eu falei na resposta pro Andre, gosto da discussão por poder pensar as coisas a partir de vários pontos de vista. E esse é um que às vezes passa pela minha cabeça. Que a fotografia nasceu mesmo como uma tecnologia, deva continuar assim e haja pouco espaço para uma abordagem que não acompanhe a evolução do equipamento. Porém, o fato de aceitar essa idéia não significa que mudarei minha abordagem, minha concepção e minha criação, o que são coisas muito pessoais e estão relacionadas a todo o propósito da fotografia para mim. Talvez signifique apenas que eu pare de falar tanto sobre isso...  :doh:  


Alex Biologo

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Resposta #14 Online: 26 de Dezembro de 2006, 21:54:01
Rodrigo, eu confesso que minha pergunta foi provocação.

Tb acho a fotografia fruto da tecnologia, mas acho tb que ela vai além. Acho que o equipamento deve vir depois da idéia e não antes como ocorre na maioria dos casos.
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