Gostaria de começar deixando claro que nesse primeiro contato com câmera eu não saí com a pretensão de produzir as maiores obras de arte da minha vida hahaha.
Eu tinha apenas algumas poucas horas livres para testá-la, então decidi passear pelo bairro num raio de mais ou menos 1km em volta de casa.
Vou poupar detalhes sobre a bateria que só durou 30 fotos e do tempo bizarro que a câmera leva pra salvar os enormes arquivos RAW, mesmo em cartões SD de última geração e alta velocidade. A parte boa é que a câmera tem um buffer de umas 9 fotos (?), então não te impede de continuar fotografando enquanto os arquivos são salvos. Entretanto te impede de revisar as fotos. Coisas bizarras que se espera de uma empresa cuja especialidade não reside exatamente em corpos digitais de câmeras modernas kkkk.
Também não vou me estender nos comentários sobre o Sigma Photo Pro, que é extremamente lento e limitado. Apesar disso, ele respeita muito a ciência de cor pretendida para as fotos da DP1M, afinal, estamos trabalhando dentro do ecossistema da empresa proprietária do sensor.
Importante lembrar que eu também não posso me considerar um especialista nesse software, uma vez que minha experiência com ele é de literalmente 60 minutos até agora. Mas pra quem já trabalha há tempos com o Lightroom e Capture One, o SPP não parece esconder muitos segredos não.
Todas as fotos que postarei aqui foram tratadas primeiramente no SPP, depois exportadas em tiff para o Lightroom para fins de organização, e por fim finalizadas no Photoshop. Acredito que esse será o procedimento para todas as fotos importantes que eu fizer com essa máquina. É um processo lento e detalhado, mas eu já dedico bastante tempo em pós-processamento até mesmo nas fotos da Sony A7 III, então nada disso é um grande problema para mim.
A primeira foto eu chamo de Sol depois da Tempestade, pois foi literalmente o primeiro feixe de sol depois de uma chuva forte aqui em BSB. As sombras e luzes não-tão-duras denunciam que o sol estava parcialmente encoberto pelas nuvens:
Eu passo por essa parede azul (aqua, ciano?) com esse vaso de plantas em frente praticamente toda semana. É uma cena totalmente mundana.
Tenho certeza que milhares de pessoas passam por essa parede todos os dias e a grande maioria sequer repara nela.
Eu mesmo nunca tinha reparado direito que essa poderia ser uma boa composição fotográfica, principalmente no que diz respeito às cores.
Por sorte, sair pelas ruas com a DP1 Merrill fez com que meus olhos estivessem mais atentos que o habitual.
Essa foto foi tirada com tripé, velocidade 1/50, f/8, ISO 200.
Procurei sempre usar aberturas menores para aproveitar o máximo de nitidez e o mínimo de aberrações cromáticas dessa lente, que apesar de ser ótima, nunca será igual as da DP2 ou DP3 Merrill, nem em f/8
.
Apesar disso, me decidi pela DP1 porque acho 28mm equiv uma distância focal muito mais divertida do que 50mm ou 75mm equiv. Inclusive eu acho que 50mm é minha distância focal menos preferida kkkkk.
Essa foto foi bracketed, tirei ela em [
ISO 200 -1 EV], [
ISO 200 0 EV] e [
ISO 200 +1 EV] e também em [
ISO 100 -1 EV], [
ISO 100 0 EV] e [
ISO 100 +1 EV].
A foto escolhida foi a
ISO 200 +1EV, ou seja, originalmente estava superexposta em 1 ponto e eu trouxe ela de volta para exposição normal no SPP.
Escolhi ISO 200 pois tive conhecimento que esse é o ISO nativo das DP Merrill. Além disso o sensor dela é Isoless ou ISO invariant, o que significa que não há nenhum tipo de amplificação analógica ocorrendo. Os valores de ISO são apenas multiplicadores numéricos dos valores raw obtidos pelo sensor.
Se isso for verdade, em tese usar ISO 200 + 1EV e depois puxar -1 stop de exposição no SPP deveria gerar o mesmo resultado de fotografar em ISO 100 0EV.
Ficarei devendo essa comparação pois ainda não tive tempo de processar todos esses arquivos. Em breve volto aqui com esses resultados
De qualquer forma, superexpor essa cena em 1 ponto foi uma forma praticamente perfeita de "expor à direita" (ou ETTR) pois o único detalhe que ficou "estourado" foram as penas do rabo do pombo, que não considero informação importante. Tudo que era de fato importante foi recuperado com sucesso no SPP, com o bônus de menor ruído visível por ter sido uma exposição à direita.
No SPP eu achei que os resultados ficaram melhores usando valores negativos para nitidez (!). Isso mesmo, eu usei -1 ponto de nitidez no software, porque em 0 estava nítido demais e dava pra ver halos em volta das arestas de alto contraste. Fora isso, usei -1 de exposição, aumentei um pouco o contraste, usei MUITO pouco do fill light, recuperei pouco os highlights e arrumei o equilibrio de brancos. Ajustes extras foram feitos no Photoshop (principalmente curva de tons).
Recomendo muito que visualizem essa foto na resolução total, pois é realmente impressionante.
Tudo que falam sobre o sensor FOVEON está confirmado ai.
Um nível extremo de resolução nas cores, microcontraste muito mais acentuado do que qualquer sensor Bayer. Destaque para a nitidez na textura da parede e a riqueza das cores vermelhas, laranjas, amarelas e verdes nas folhas da planta.
Eu ainda vou comparar cenas idênticas usando a Sony A7 III vs a DP1 Merrill, mas já posso dar um palpite que dificilmente a Sony vai conseguir chegar perto dessas cores e desse microcontraste, mesmo depois de horas de tratamento.
Essa é, como eu disse, uma cena absolutamente mundana, mas eu toda hora me pego voltando para olhar essa foto porque a forma como o Foveon capturou a cena é realmente espetacular em comparação até mesmo com a visão humana hahaha.
Esse é o tipo de prazer apreciando cores que eu geralmente não tenho usando sensores Bayer, mas com certeza tenho quando fotografo no analógico.
Inclusive eu poderia perfeitamente usar um crop bastante agressivo dessa foto como papel de parede no meu celular, por exemplo:
Como esse post já está muito grande, vou deixar as próximas fotos para os próximos posts.
[continua --->]