Aqui foi onde tudo começou!
Morava em SP e as vezes passava férias no interior, era bacana, tudo pela metade do preço, lanches maiores, menininhas ficavam loucas pelos paulistas e tinha uns camaradas querendo saber das novidades dos games (fliperama).
Era muito legal, tudo mais tranquilo, era fácil fazer amizades, ainda mais por dominar o famoso jogo da época, Street Fighter II.
Venci vários campeonatos, ganhei Mega drive, Snes, dinheiro e muitas viagens, nunca tinha perdido (até que em 2002 um coreano me moeu).
Enquanto meu reinado durava, certa vez um amigo, onde eu estava hospedado em sua casa, em uma cidadezinha pequena, me perguntou como eu fazia para executar o pilão do Zangief, disse a ele que ensinaria, vamos até lá e te mostro como é, chegando no único bar/fliper da cidade (de uns 5000 habitantes), os ensinamentos renderam muita gente em volta, inclusive o "cara" da cidade, o campeão deles, estava lá, nisso, a galera começou a dizer, versus, versus, queriam ver nós dois duelando.
Eu, na época, um filé de borboleta desidratado, não quis lutar contra o cara, ele, tipo peão troncudo e marrento, não fez cara de muitos amigos.
Até que então o dono do fliperama (maldito fdp) disse que daria as fichas e mais um prêmio de 20 fichas para o ganhador, então os sapos (agitadores) começaram a coachar:
– Vai, tá com medo, cagão, ce não é de nada, bla bla bla, o cara cedeu, então resolveu encarar, meu amigo tinha vazado (cusão), estava lá eu, só e sem saber o que fazer.
Fui obrigado a jogar, com uma condição, o cara escolheria o meu personagem, escolheu o Zangief, que para eles era o pior personagem, para mim, um dos melhores.
Foi então depois de seis pilões rotatórios e mais um teleco da morte, K.O no rapaz, todo mundo ficou com cara de "óoooo", e continuei jogando, timidamente.
Foi quando então senti um golpe na cabeça, logo, estava ao chão, levando chutes, pisões, a última cena que me lembro, foi de ir me arrastando para baixo de uma mesa de pebolim, depois disso acordei no hospital. Game over.
Veio uma enfermeira que parecia a velha surda da Praça é Nossa, e começou a me dizer que precisava entrar em contato com meus pais, pois a coisa estava feia, tinha 3 costelas fraturadas, havia perdido 2 dentes incisivos, um braço quebrado, maxilar trincado, uma mão pisoteada e a boca toda inchada.
Meu camarada, apareceu, e me disse que o dono do fliperama que me salvou (depois de ter me colocado nessa), e me trouxe para o hospital, me aconselhou a não fazer nada nem falar com a polícia, pois o menino que me espancou e seus amigos, era filho de um usineiro, praticamente o dono da cidadezinha deles.
Fiquei zuado, dois anos sem meus dentes, minha auto estima foi pro inferno, fora que éramos pobres, e isso custou muito caro financeiramente e psicologicamente.
Aquilo foi o gatilho que iniciou todo um processo de personalidade, e me trouxe um senso de fragilidade e injustiça, desde então iniciou um processo de retaliação, que levaria 4 anos.
Mas isso é uma outra história, to be continued...
Insert coin and press start para um novo jeito de lidar com as coisas.