Autor Tópico: 360º + soco forte - relato  (Lida 3747 vezes)

Macrolook

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Online: 22 de Setembro de 2017, 01:41:30
Aqui foi onde tudo começou!

Morava em SP e as vezes passava férias no interior, era bacana, tudo pela metade do preço, lanches maiores, menininhas ficavam loucas pelos paulistas e tinha uns camaradas querendo saber das novidades dos games (fliperama).
Era muito legal, tudo mais tranquilo, era fácil fazer amizades, ainda mais por dominar o famoso jogo da época, Street Fighter II.
Venci vários campeonatos, ganhei Mega drive, Snes, dinheiro e muitas viagens, nunca tinha perdido (até que em 2002 um coreano me moeu).

Enquanto meu reinado durava, certa vez um amigo, onde eu estava hospedado em sua casa, em uma cidadezinha pequena, me perguntou como eu fazia para executar o pilão do Zangief, disse a ele que ensinaria, vamos até lá e te mostro como é, chegando no único bar/fliper da cidade (de uns 5000 habitantes), os ensinamentos renderam muita gente em volta, inclusive o "cara" da cidade, o campeão deles, estava lá, nisso, a galera começou a dizer, versus, versus, queriam ver nós dois duelando.
Eu, na época, um filé de borboleta desidratado, não quis lutar contra o cara, ele, tipo peão troncudo e marrento, não fez cara de muitos amigos.

Até que então o dono do fliperama (maldito fdp) disse que daria as fichas e mais um prêmio de 20 fichas para o ganhador, então os sapos (agitadores) começaram a coachar:
– Vai, tá com medo, cagão, ce não é de nada, bla bla bla, o cara cedeu, então resolveu encarar, meu amigo tinha vazado (cusão), estava lá eu, só e sem saber o que fazer.

Fui obrigado a jogar, com uma condição, o cara escolheria o meu personagem, escolheu o Zangief, que para eles era o pior personagem, para mim, um dos melhores.
Foi então depois de seis pilões rotatórios e mais um teleco da morte, K.O no rapaz, todo mundo ficou com cara de "óoooo", e continuei jogando, timidamente.

Foi quando então senti um golpe na cabeça, logo, estava ao chão, levando chutes, pisões, a última cena que me lembro, foi de ir me arrastando para baixo de uma mesa de pebolim, depois disso acordei no hospital. Game over.

Veio uma enfermeira que parecia a velha surda da Praça é Nossa, e começou a me dizer que precisava entrar em contato com meus pais, pois a coisa estava feia, tinha 3 costelas fraturadas, havia perdido 2 dentes incisivos, um braço quebrado, maxilar trincado, uma mão pisoteada e a boca toda inchada.

Meu camarada, apareceu, e me disse que o dono do fliperama que me salvou (depois de ter me colocado nessa), e me trouxe para o hospital, me aconselhou a não fazer nada nem falar com a polícia, pois o menino que me espancou e seus amigos, era filho de um usineiro, praticamente o dono da cidadezinha deles.

Fiquei zuado, dois anos sem meus dentes, minha auto estima foi pro inferno, fora que éramos pobres, e isso custou muito caro financeiramente e psicologicamente.
Aquilo foi o gatilho que iniciou todo um processo de personalidade, e me trouxe um senso de fragilidade e injustiça, desde então iniciou um processo de retaliação, que levaria 4 anos.
Mas isso é uma outra história, to be continued...

Insert coin and press start para um novo jeito de lidar com as coisas.
« Última modificação: 22 de Setembro de 2017, 01:57:56 por Macrolook »
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iapereira

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Resposta #1 Online: 27 de Setembro de 2017, 22:34:13
Seu relato me fez lembrar um historia de Street Fighter II tambem...

Na minha cidade... Braganca...um babaca sem dedos de mito ruim, mas era grande... o gordo forte da turma metido a bravo. (1994).

Ele entrou contra um magrelo e ja soltou: "Se perder, desligo a maquina".... perdeu o primeiro round... no segundo o magrelo que estava com Shun Li, falou para o colega.... vou soh na pisada... e o gordo forte perdeu com requintes de crueldade...

Entao ele falou: " Toma minha pisada"... deu um chute nas costelas do garoto que o mesmo foi para o chao e ficou lah sem conseguir respirar...

... Outra hora conto a noite que fiquei mais de 5 horas sem perder com o Dhalsin....

MKI era lenda com a Sonia ou Jonny Cage... pulou em cima, era gancho em erro.

Abs


Elder Walker

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Resposta #2 Online: 28 de Setembro de 2017, 09:43:44
Interessante o relato... e bastante assustador. Eu não cheguei a pegar exatamente a época dos fliperamas, fui mais da época das locadoras de video-games (snes e depois o surgimento do playstation), mas posso imaginar como era essa intimidação. De qualquer forma, sempre imaginei que a intimidação fosse mais na pressão, ou no máximo um peteleco/cascudo pra não dizer que ficou só na ameaça, agora violência desse tamanho eu nunca imaginaria acontecer de fato, muito sem noção mesmo!
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Rick99

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Resposta #3 Online: 28 de Setembro de 2017, 10:28:55
Antigamente era tenso mesmo. Muitas vezes uma simples disputa terminava em porrada ou ameaças. Dependendo do local, eu nem entrava pra jogar.

Já perdi as contas de quantas vezes venci o cara no fliperama e desligou a máquina por raiva.

Uma das vezes que realmente fiquei com medo e não me esqueço, foi quando fui jogar num local que tinha mais de 20 máquinas lá no Bom Retiro (bairro de SP). Lá é reduto da colônia sul-coreana, e geralmente os jovens andavam em grupo. Eu estava jogando e uma garota colocou uma ficha pra me desafiar, mas ai veio um monte de amigos dela ao redor da máquina. Ganhei a primeira luta, e já senti um ar de intimidação...aí perdi as outras duas de propósito. Isso em 1997, quando a molecada resolvia as coisas na porrada.


Macrolook

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Resposta #4 Online: 02 de Outubro de 2017, 02:23:28

Houve uma época (depois da surra) que precisava muito de dinheiro, precisava consertar meus dentes, e não era nada barato, então, já que estava todo desfigurado e não arrumava emprego pela aparência, comecei a ir de cidade em cidade me fazendo de novato, deixava que me batessem (na máquina rs), até quase sobrar um dedo de energia, (suficiente para defender golpes que tiram energia defendendo), apostava, e levava uma boa quantidade de fichas, apanhei algumas vezes, me tomavam as fichas em outras, as vezes não pagavam as apostas, me roubavam, aprendi a me defender, conheci muita gente boa e muita gente da pesada.

Acabei fazendo amizade com os mal encarados que vendiam fichas, eles, na maioria das vezes, não queriam aceitar as fichas de volta e nem gostavam que eu vendesse as fichas para a molecada, assim, eu conseguia convence-los ( a maioria) a aceitar uma fatia (Brasil da propina) dos ganhos.
Em seis meses, consegui juntar a grana, recoloquei meus dentes, recuperei a autoestima e dei início a parte 2 dessa história.
Logo postarei, obrigado aos leitores.
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Macrolook

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Resposta #5 Online: 02 de Outubro de 2017, 02:25:18
Entravamos se fingindo de tonto (novato) para entrar contra e ganhar dos caras ...  :D

Rapaz, fiz muito isso depois da surra que levei, mas por uma boa causa, a minha mastigação :D
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Helena Bsb

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Resposta #6 Online: 11 de Outubro de 2017, 21:20:05
Rapaz, pra botar tua vida na telinha, teria que ser um seriado desses que duram 10, 15 anos. Haja história!!


Macrolook

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Resposta #7 Online: 13 de Outubro de 2017, 01:17:39
Que cidade é essa onde aconteceu a briga ?


Palmares Paulista, interior de SP.
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Macrolook

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Resposta #8 Online: 13 de Outubro de 2017, 01:19:51
Rapaz, pra botar tua vida na telinha, teria que ser um seriado desses que duram 10, 15 anos. Haja história!!
Sim, muitas destas histórias não gostariam que fossem reais, vou contando, assim, relembro, ajuda a memória a desenterrar muitas lembranças das épocas boas e ruins.
Grato por ler e comentar.
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edstk

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Resposta #9 Online: 17 de Outubro de 2017, 05:14:27
Nossa... Eu também já tive algumas experiências ruins em fliperama.
Já me roubaram, tinha moleque folgado que pegava os controles enquanto eu estava jogando, bêbado me ameaçou fora do fliperama porque eu queria ir embora e ele queria alguém pra conversar... fliperama rendia muita história. Isso sem contar os caras q ficavam p* da vida quando perdiam e ficavam pedindo ficha.
« Última modificação: 17 de Outubro de 2017, 05:16:54 por edstk »