Basicamente isso, as experiencias que temos com as ferramentas (e ferramentas moldam nossa realidade) criam novos resultados e relacoes com o que criamos e a realidade.
Vou trazer um quote aqui pegando um exemplo da religiao, que o autor do quote usa para tratar desse mesmo assunto aqui mo topico. Como a religiao passa a ser algo completamente distinta do que era, quando passa a ser propagada e experienciada diferente.
“I believe I am not mistaken in saying that Christianity is a demanding and serious religion. When it is delivered as easy and amusing, it is another kind of religion altogether.”
― Neil Postman, Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business
“In every tool we create, an idea is embedded that goes beyond the function of the thing itself.”
― Neil Postman, Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business
“The clearest way to see through a culture is to attend to its tools for conversation.”
― Neil Postman, Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business
Mas o lance é: a fotografia artística não mudou nada desde a sua concepção mais de 100 anos atrás, mesmo com as tecnologias digitais.
Hoje podemos produzir fotografia através de sinais digitais ao invés de processos químicos. Podemos distribuir as fotos eletronicamente, para todos os cantos do mundo, ao invés de imprimi-las no papel. Podemos usar o Flickr, Instagram, Facebook, Snapchat.
E, ainda assim, a fotografia artística não faz nada disso. A fotografia de arte hoje ainda é baseada no papel, em fotolivros, em impressões emolduradas na parede, em exposições em museus e galerias, em críticos de artes, em acadêmicos em universidades e curadores em instituições estabelecidas. Ninguém na internet, e usando puramente as ferramentas da internet, está fazendo arte.
O que a internet está fazendo é somente amplificar o que as pessoas sempre faziam, mas antes numa escala menor: tirar fotos inanes e compartilhar essas fotos inanes entre familiares através do famoso album de família, ou compartilhar-las com entusiastas amadores em fotoclubes onde eles trocavam, discutiam a incentivavam uns aos outros a continuarem tirando essas fotos inanes e comprando equipamento.
Com a internet e a fotografia digital, esse processo foi multiplicado e acelerado, mas não inventado. Ficou mais fácil e barato produzir mais fotos inanes por conta das câmeras digitais. Ficou mais fácil de mostrar seu álbum de família para um grupo maior por conta do Facebook. Ficou mais fácil fazer parte de um fotoclube de fotos inanes porque todo fórum de fotografia ou o Flickr são somente isso, fotoclubes de fotos inanes.
Mas a arte fotográfica de verdade ocorre longe da internet, como sempre foi. A fotografia artística ainda é lenta e elitista, e não baseada na disseminação em massa e em apelo coletivo. E sempre foi assim.