Este conto veio da inspiração de experiências oriúndas daqui, do Mundo Fotográfico, onde sempre, de um jeito ou de outro aprendo, não importa como, grato a todos que me ajudam em minha caminhada.
Macuro era um sonhador, queria ter a habilidade de transformar pensamentos em algo tangível, sempre foi obcecado pela mecânica da memória, também era um ser humano nostalgico, de origem muito humilde, ele não tinha acesso a informação, sua natureza curiosa, faria dele uma ser ávido por conhecimento.
Lá pelo trigésimo inverno, Macuro descobriu as artes, percebeu que havia como transformar pensamentos em algo físico, através da pintura, conhecia sim os desenhos, rascunhos, mas pinturas realistas ele jamais tinha visto antes.
Macuro, com brilho nos olhos de um sol do solstício, decidiu que seu sonho poderia se materializar, começou a estudar, a buscar conhecimento, a praticar, para que um dia, pudesse guardar em suas pinturas, lampejos dos seus pensamentos e preservar algumas memórias.
Macuro, um autodidata, precisava saber se os seus esforços estariam indo pelo caminho certo, era um ser determinado, mas inseguro, e verde, precisava saber de grandes mestres, se suas pinturas estavam evoluindo.
Foi então que Macuro descobriu um portal, onde ali, poderia se comunicar com mestres e até deuses daquele tema.
Muito ansioso, expôs naquele portal alguns de seus trabalhos, de forma bem humilde, rogou a eles opiniões e caminhos para poder preservar suas memórias fora de sua mente e consequentemente, de outras vidas que poderiam se beneficiar de suas habilidades.
Houve muito silêncio, no início, sussurros, murmúrios, opiniões, algumas não muito gentis, outras bem sutis.
Macuro foi refinando sua técnica, sabiamente digeria, acatava e regurtitava algumas opiniões, admirava alguns mestres que ensinavam com a prática e outros com a técnica.
Mas um dia, um ser, opinou sobre um trabalho de Macuro, que humilde, baixou a cabeça e ouviu, logo, esse ser, estaria sempre a espreita de mais trabalhos para criticar.
Macuro se sentiu lisonjeado, um ser deste que critíca tão impetuosamente, deveria ser um dos deuses que tanto ansiava, assim, ele recebeu todas as críticas como ferroadas, eram diretas e as vezes agudas como picadas de abelha, resolveu então chamar este ser de Bee, pelo zumbido estridente que fazia e pelas críticas férreas, isso sem mencionar o fato do tempo desprendido para essas questões.
Mas por mais que Macuro tentava melhorar suas habilidades este ser que se fazia entender uma divindade, nunca estava satisfeito, o esforço deste reles mortal de nada valia para o crítico mais pungente e ácido de todo o portal.
Sendo assim, Macuro, insistiu em continuar, mesmo com o ego em choque anafilático, entendeu que isso seria para seu crescimento, seguiu a diante, para um dia superar suas limitações, mas não queria agradar a todos, senão seus olhos.
Aos poucos, percebeu, que no portal, muitos trabalhos, segundo alguns mestres, começaram a se transformar em algo plauzível, também notou que o Bee, do qual nunca havia visto um deslumbre visual, desaparecera, provavelmente, por estar cansado de avaliar trabalhos pífios e amadores de humanos que queriam fazer coisas que só deuses e mestres faziam, guardar a memória em forma física em seu esplendor e poder compartilhar com outros.
Depois de muitas luas, um novo aspirante a materializar pensamentos, pediu, para que alguém, pudesse avaliar seu início, Macuro, poucos passos a diante, em sua ignorância, tentou guia-lo, sem pretensão alguma, e dizendo sua verdade, respondeu ao clamado do iniciante.
Nisso, sentiu a ira de alguns e a concordância de outros, Macuro não tinha feito por mal, queria apenas responder e compartilhar o pouco que havia aprendido, mas a cólera caiu sobre ele, pois o Bee retornou, sentiu-se ofendido, uma blasfêmia, jamais, um mero amador, deveria dar sua opinião, e assim, amaldiçoou Macuro e suas observações insanas e arrogantes.
Refletindo, Macuro, pensou, "tal afronta, irritei os deuses e mestres, não era minha intenção, mas como um mero mortal, começo a duvidar deste semi deus, em particular, pois até então não vislumbrei nenhuma de suas obras."
Até que um dia, Macuro recebe um presente, Bee, deixa no portal, seus feitos de um ano, após visualizar os trabalhos expostos, Macuro decide se tornar ateu, e um grande alívio toma conta do seu ser.
E assim, Macuro seguiu seu caminho, com humildade e silêncio, aprendeu a não criar falsas expectativas e não se deixar levar por falsos deuses do antagonismo.