Autor Tópico: Curtindo um doming ensolarado no cemiterio (Quebrando o monopolio do Macrolook).  (Lida 1512 vezes)

C R O I X

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Andei vendo os contos do Macrolook e tive a ideia que postar minhas historias aqui tambem.  :D
As minhas historias sao meio que um ensaio de minhas experiencias.

Esse texto foi excrito originalmente no meu blog em Maio de 2016: http://www.marciofaustino.com/journal/enjoying-a-warm-sunday-in-burial-ground



Era um agradavel dia ensolarado. Eu estava tediado em casa entao eu decidi ter um pouco de acao na minha vida. Me dirigi a locadora de DVD (Sim, ainda temos isso na minha cidade) para assistir um filme do Rambo. Pq Rambo!? Pq eu acho que nunca assisti um filme do Rambo do inicio ao fim. Nao eh um tipo de filme que eu procuraria ver normalmente, mas tenho curtido velhos filmes americanos de acao. Tem algo relacionado com a historica cultura do cinema do passado que tenho achado interessante. Historias sem complexidade alguma, metralhadoras, muitas explosoes e pessoas gritando de dor... Tambem pela fotografia, pq nao?

Ja na locadora o primeiro DVD que eu achei foi The Revenant, que parecia ter acabado de chegar. Eu li muitos comentarios sobre esse filme, gravado todo com lente grande angular e muitas celas longas sem corte. Fui nele.

Obviamente eu nao passaria um dia tao bonito em casa, o filme era para assistir a noite. Assim eu trouxe comigo aminha camera e tripe. Apos a loja de DVD eu fui ao cemiterio, que eh o maior emiterio de todo o pais. Eh uma especie de parque, as pessoas vao para caminhar, ver a natureza, pedalar, ate mesmo turistas seguindo guias tem, no entanto eh um lugar bem calmo.



Em um certo momento no cemiterio eu me senti cansado de andar e me sentei em um banco, olhando fixamente para algumas flores e sepulturas do outro lado do caminha de terra apenas alguns metros, ouvindo os passaros a cantar e sentindo o caloroso vento, e fiquei assim por uns 20 minutos ate ouvir alguem andar e se aproximando pelo caminho de terra.

Um homem idoso, por volta de 80 anos de idade, parou em frente a mim e disse algo em Alemao. Eu respondi em alemao nao ter entendido o que ele disse entao pedi para que repetisse, e assim ele tentou mais uma vez me dizer algo que infelizmente ainda nao entendia. Entao ele continuou em Ingles, perguntando se eu estava meditando e eu respondi que eu estava relaxando.

Ele me contou que ia todos os dia ao cemiterio pq eh um lugar muito tranquilo, relaxante e bonito, onde ele poderia se conectar com as pesquenas coisas. Ele fechava os olhos quando falava em uma forma meditativa ou transcendica. Naquele dia ele estava indo visitar um "jovem amigo" que estava enterrado proximo dali, motivo pelo qual ele carregava com ele uma rosa, uma margarida e um girasol em uma das suas maos, dizendo que ele gosta muito de flores.

Ele entao me contou que anos atras, na decada de 60 mais ou menos, quando ele tinha por volta de 30 anos de idade, ele ouviu no radio que precisavam de trabalhadores no porto da cidade. Entao ele foi trabalhar no porto, onde encontrou pessoas de todas as camadas da sociedade. Uma pessoa que ele lembrava muito era um fotografo quem ele ficou impressionado com as ferramentas e a forma que ele trabalhava.

Ele me mostrava uma velha camera de filme enquanto me contava a historia dele. Uma camera de plastico, de bolso e automatica. Uma camera muito velha que ele disse ter ganho de um outro velho amigo. Eu contei a ele que eu tambem gostava de fotografia de filme. Foi quando ele entao percebeu o meu tripe ao lado da minha mochila perguntando se eu sou um fotografo. Eu mostrei a ele a minha camera pinhole e ele gostou muito de ter a visto. Ele estava entusiasmado pedindo para ver minha mochila, dizendo que o fotografo que ele uma vez encontrou quando trabalhava no porto muitos anos atras, tinha uma mala cheia de equipamentos igual a minha. Mas ele pareceu um pouco desapontado pq ele nao achou algo que ele experava encontrar, ao qual eu suponho que seria um medidor de luz, que eu tinha na mala, coberto em sua capa, e o velho senhor nao havia reconhecido.

Ele me contou tambem que ele sabia falar portugues. Ele me contou em portugues que passou alguns meses trabalhando no porto do Rio de Janeiro muitos anos atras. Ele tambem me contou que ele nao era o garoto mais brilhante na sua epoca de escola, mas sempre teve um profundo interesse por linguas. Eu tambem percebi pelas escolhas das palavras dele, que ele tambem sabia falar frances.

Ele continuou o caminho dele em direcao a sepultura do "jovem amigo" dele, mas antes de partir ele me disse o nome do caminho em que nos encontravamos, que se chamava "caminho silencioso" (e que de fato confirmei no mapa).

Eu deixei o local assim que ele se foi e encontrei um outro local para tirar a ultima fotografia do dia. Eu fiz a longa exposicao fotografica e continuei meu andar em direcao de casa.

Enquanto eu andava e desarmava o meu tripe, de alguma forma que nao sei explicar eu cortei o meu dedo que logo estava jorrando sangue. Parei entao em uma bela fonte deagua sentando em sua borda e lavando meu dedo ensanguentado.

Apos lavar o meu dedo, eu dei uma melhor olhada na agua e percebi muitos pequenos girinos. Eu fiquei ali contemplando os girinos a nadar, me dizendo que aquilo era tanto bonito e ao mesmo tempo estranhas criaturas que tem apenas um rabo para se moverem, mas que logo se tornarao sapos saltitantes.

Meus olhos derrepente se focaram no fundo da fonte de agua, e entao percebi que ali havia um asqueroso rato morto. Olhei em volta para ver se encontraria outro local para lavar minha mao de novo, mas nao havia. E continuei meu caminho para casa pensando "O que o Rambo faria?".


Macrolook

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Escrever é como fotografar, guardamos algo que é nosso, com mais detalhes que as vezes a mente consegue preservar, me senti ali, observando, imaginando vocês dois conversando.
Grato por compartilhar um pouco da sua história.
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Comida é arte.


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Grato por compartilhar um pouco da sua história.
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Apesar de eu nao escrever bem ortograficamente e gramaticamente falando, eu gosto de escrever pelo mesmo motivo que gosto de fotografar. Narrar algo, criar composicoes, apresentar perspectivas, explorar pontos de vista, estimular a imaginacao e como vc disse, guardar recordacoes. :)


Guaracy Cardoso

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Li os dois e gostei (embora tenha ficado um tanto desapontado com o final da história lá da estação do trem. rsrs).
Ahh! Adorei essa foto.
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C R O I X

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Li os dois e gostei (embora tenha ficado um tanto desapontado com o final da história lá da estação do trem. rsrs).
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Obrigado... :)

Tenho mais historias antigas que preciso procurar, ao achar eu posto aqui. :)


Elder Walker

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Grato por compartilhar um pouco da sua história.
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Penso da mesma forma! E também gostei, tanto da história quanto da fotografia.

Ainda ao meu ver, esse tipo de postagem tem um enorme valor num forum como este. Apesar de não trazer um debate ou uma troca de informações (fossem técnicas ou artísticas), acredito que servem de inspiração ou no mínimo de estímulo para sair e viver algo, ver algo ou fotografar algo.
Canon 5D + EF 17-40mm f/4 L + EF 50mm f/1.8 STM + EF 85mm f/1.8 USM + Yongnuo 565EX + YN-622C