Aproveita e conta pra gente as limitações do uso de filtros graduados em ferramentas de edição.
Não deveria me meter nisso mas lá vai... Desculpem pela extensão mas necessita de uma introdução, vou tentar simplificar ao máximo sem entrar nas entranhas do processo, que muitos acharão maçante.
É importante saber que durante a captura de um sinal por um dispositivo eletronico, existe uma coisa chamada fundo de escala e outra chamada de sensibilidade minima. Acho que os nomes são auto explicativos.
Se no momento da captura (ou medição, tanto faz) o nivel do sinal estiver abaixo da sensibilidade minima, ele não é capturado. Se estiver acima, mas pouco, o sinal terá o nível parecido com o do chamado ruido térmico do dispositivo eletrônico usado. Se for razoavelmente maior, o problema do ruido diminui proporcionalmente. Isso se chama relação sinal/ruido e é isso que causa o ruido de imagem em fotografia, por exemplo.
Na outra ponta, o dispositivo de captura tem um nivel máximo de sinal que ele consegue capturar. Qualquer coisa acima disso será registrada como tendo este valor máximo. Imagine um velocimetro que a velocidade maxima que ele pode marcar seja de 100 km/h. Se você estiver a 150 km/h ele continuará marcando 100. A informação relativa aos 50 adicionais foi perdida definitivamente e não existe forma alguma de ser recuperada. Isso se chama saturação de sinal.
O mesmo acontece em fotografia digital. Valores acima do que o sensor pode registrar são registrados como sendo o valor máximo que o mesmo consegue. Isso é o chamado "estouro". E se estourou pra valer não tem volta. valores muito próximos do fundo de escala também são complicados de serem recuperados porque no caso dos sensores isso não tem comportamento linear.
Já o problema oposto, as sombras podem conter ruido maior ou da mesma magnitude do sinal. Novamente, quanto mais proximo do nivel zero, mais complicado.
Chega de introdução.
O que o filtro graduado faz é condicionar o sinal (em eletronica é filtrar mesmo) de uma maneira tal, em que o sinal chega ao sensor menos colado no fundo de escala do sensor. Isso evita a perda de informação por passar do fundo de escala, a informação é registrada totalmente, mantendo todas as transições. Como na parte escura o filtro tem densidade zero, as sombras não são afetadas e não piora a relação sinal/ruido.
Se não usar o filtro e houver saturação se sinal, aí ferrou. Não tem santo nem filtro digital que resolva. No mínimo se perderão uma infinidade de transições de níveis. Resumindo, quanto mais perto da saturação, menos o filtro digital funciona. Não existe como criar uma informação que não foi registrada. Em situações mais extremas o filtro fisico funciona e o digital não, é contra as leis da física e da matemática.
Eu jamais sacrifico os highlights porque fica uma bosta. Ruido em sombra é tratável se souber como fazer. E não será com filtrinhos basicos como os do LR que conseguirá. Para isso tem que saber o que fazer e tem programas com ajustes sofisticadissimos para esse tipo de trabalho, como o Noiseware Professional ou o RT.
Outro problema é que hoje em dia muita gente acha que tudo na foto tem que ser registrado, é a maldição do HDR. Se o cara faz um contra luz violento, não faz sentido registrar informação de sombra em muitos casos. Não tem porque puxar esta informação a ponto de coloca-la no mesmo ponto do histograma de outro tom mediano porque a imagem deixa de ser natural.
Dava para escrever umas 1000 linhas aqui mas acho que já deu para entender a ideia da coisa.