Shalders, poderia elaborar melhor essa parte? Pergunto pois meu entendimento é de que o governo é o povo, são intrinsecamente ligados, o governo emerge do povo.
Governo nao eh necessariamente o povo ou emerge do povo. Na verdade, governos historicamente sempre foram compostos por elites, as vezes elites intelectuais como a que formou os EUA durante a sua independencia, as vezes elites economicas e as vezes elites de grupos oligarquicos.
O Brasil eh um pais corrupto tanto entre politicos quanto entre empresarios e demais cidadaos.
Ja Irlanda eh um pais corrupto dentro da espera politica, mas fora da esfera politica a corrupcao eh extremamente baixa. A Alemanha eh extremamente corrupta corporativamente e afeta pesadamente a corrupcao politica, no entanto a populacao eh muito passiva e ainda prefere confiar em seus politicos e corporacoes. Na Dinamarca nao ha esse pesso corrupto na polotica e no mundo empresarial, mesmo assim ha uma cultura entre a populacao de nunca confiar no governo.
Hironicamente, na dinamarca onde a populacao menos confia no governo, eh onde ha mais representates da populacao media na politica. Em outras palavras, onde ha menos politicos de carreira e mais politicos que tem participam da politica como forma de cidadania.
Quanto ao aspecto da religião como influência na sociedade, concordo com o Bucephalus, acredito sim que a religião tem influência importante, embora não seja único fator. As religiões protestantes por exemplo, tem uma filosofia onde trabalhar é fator importante para o caminho do céu, já na religião católica esse aspecto não é tão determinante.
Mesmo no Brasil recente, trabalho braçal era considerado algo não digno, era feio, vide o episódio histórico onde o Barão de Mauá, que tinha uma visão contrária em relação ao trabalho braçal, ao inaugurar o início da construção de uma importante linha férrea junto ao imperador D. Pedro II, mandou fazer uma pá especial para que o imperador desse a "pazada" inicial, algo que irritou profundamente o imperador pois o trabalho braçal era indigno, relegado aos escravos e pobres.
Na verdade, catolicos nunca tiveram aversao ao trabalho. O trabalho para o catolico eh sim visto como castigo, mas o catolico ve o "castigo" como forma de salvacao. Para "pagar os pecados do mundo". Tal como Jesus desceu a terra e sofreu na cruz para pagar os pecados do mundo.
Os meus avos eram doentiamente catolicos, e junto com muitos outros Portugueses e Italianos catolicos, foram ao Brasil com apenas a roupa do corpo e em poucos anos viraram empresarios e bem sucedidos economicamete.
No caso do meu avo, chegou a ter 3 negocios ao mesmo tempo ate vender tudo e comprar uma metalurgica. E ate o fim da vida ele trabalhava todos os dias se sujando de graca e carregando peso jundo com os demais funcionarios que ganhavam salario minimo. Mesmo ele podendo ter trabalhado somente no escritorio ou nem isso.
Por outro lado, eu ja trabalhei para muitos protestantes que nao gostavam de trabalhar, que viravam empresarios e passavam se sentiam privilegiados em nao precisar trabalhar, pegar no pesado, apenas administrar.
A diferenca na questao economica do catolico e protestante, eh que catolicos tem cultura mais conservadora. Meus parentes portugueses nunca contrairam dividas para comecar negocios. Eles trabalhavam duro, compravam terras como forma de investimento, e quando com dinheiro iniciavam seus negocios, e isso leva mais tempo.
A cultura protestante eh a cultura do credito (que eh sinonimo de divida), onde sem precisar trabalhar para acumular dinheiro, pega dinheiro emprestado e arrisca investir em algo, para fazer o dinheiro trabalhar para ele, sem ele precisar trabalhar. Tal como fez um tio protestante meu, que preferiu pegar um monte de divida, e terras emprestadas do meu avo, para tentar um negocio. No lugar de trabalhar para comecar com o proprio dinheiro e pequeno para crescer aos poucos.
A cultura do credito acelera sim a economia, faz com que haja maior producao de riquezas em epocas mais fracas. Mas torna a economia mais volatil e sucetiveis a crises, pq uma hora a divida tem que ser paga.