Acho que o olhar do fotógrafo percebe a foto a sua frente, sendo que da janela de um veículo os momentos passam rápido. Pode ser a expressão de alguém cansado depois do trabalho; uma flor caindo no asfalto onde as cores são contrastantes; uma arquitetura com o sol refletido ou sombras projetadas; uma poça refletindo o céu azul numa rua cinzenta; um mendigo; uma banca de comida de rua; um ninho num local incomum. Como eu disse, tudo passa rápido da janela do veículo e a tomada de decisão idem. Você fica com a impressão de ter perdido uma foto, se ela não for feita.
Mas pode ser também de não haver nada de mais CROIX, ainda assim é uma foto e pode ser boa.
A foto que fiz da esquina em Lisboa é diferente do que eu via da rua que estava percorrendo. Por apenas um segundo eu via o mar, numa visão estreita. O mar, moro numa cidade litorânea, dá preguiça de ver todo dia. O que há demais na foto é ver aquele mar encaixado na paisagem de um lugar que fui uma vez na vida. Também não tem nada demais.