Bacana, recentemente fui ao Norte, em Huaraz, basicamente lá iniciou a civilização que ficou conhecida como Incas, foi o berço da civilização pré-Inca, a civilização Chavin.
A altitude pega bastante e pelo que vi, não adianta fazer preparação ou beber litros de chá de coca, eu fiz tudo como manda o figurino e fiquei com uma dor de cabeça absurda quando subia rápido demais, geralmente a gente pegava um trecho bom de carro lá e depois subia mais 1.000, 1.500mts, nessa subida de 3.500 (cidade de Huaraz) até 5.000, 4.600 era sempre de carro e depois as trilhas até 6.600 mts ou menos. Já minha esposa não fez nada disso e não sentiu absolutamente nada!
O mal de altitude, com certeza, é o q mais deve preocupar quem viaja para locais acima de 3500 metros acima do nivel do mar. Nao adianta muito estar bem condicionado fisicamente se o corpo nao se adaptar metabolicamente as condiçoes de baixa pressão atmosférica da altitude. O mal de altitude decorrente da baixa pressão pode causar desde naúseas, má digestao, dores de cabeça até embolia celebral ou pulmonar que levam a morte. Algumas pessoas tem algum favorecimento genetico natural e se adaptam rapidamente as condiçoes de baixa pressão atmosférica e baixos niveis de oxigenio. As pessoas que tem um indice elevado de hemoglobina no sangue estão nessa categoria. Quem tem indices baixos de globulos vermelhos ou algum tipo de anemia tera muita dificuldade. Uma pessoa normal necessita de um periodo de aclimataçao de dias para o organismo aumentar a produçao de globulos vermelhos para poder suprir bem as celulas com o oxigenio mais rarefeito da altitude. O mal de altitude pode causar sérios danos organicos quando a pessoa nao aclimatada avança muito rapidamente para niveis elevados de altitude. Nesses casos pode haver desprendimento dos gases que estão diluidos no sangue formando bolhas (algo como qdo abrimos uma garrafa de refrigerante) que pode obstruir a passagem de sangue em finissimos capilares decorrendo dai embolias celebrais ou pulmonares (que tambem causa acumulo de liquido nos pulmoes, tosse, falta de ar..). Dores de cabeça também tem a ver com esse processo de embolia em nivel leve, creio. Má digestão que é um dos sintomas do mal de altitude, tem a ver também com a produçao de enzimas digestivas. Existem remédios que minimizam esses problemas, como diuréticos, mas particularmente nunca utilizei.
Minha primeira experiencia em alta montanha (Aconcágua), há decadas, foi traumática. Tive todos os sintomas mencionados acima, principalmente problemas digestivos, tudo que eu comia ou bebia vomitava rsrs.. Fiquei uns 15 dias por lá e, obviamente emagreci vários quilos.. Foi um aprendizado durissimo. A explicaçao que me dei foi que deveria estar com um nivel de hemoglobina muito baixo, pois estava viajando há mais de 2 meses pela America do Sul e comendo comida de acampamento. Fisicamente estava super bem, mas pelo jeito, metabolicamente estava mal..
Nas montanhas que fiz posteriormente, anos depois, praticamente nao tive mais problemas com o mal de altitude. Tomei todos os cuidados antes de viajar e me certifiquei que se nao estava com algum grau de sub-anemia (meu indice de hemoglobina nunca foi alto).
Em 2015 estive na Cordilheira Blanca e fiz uma travessia longa de quase 1 semana, em solitário, por um circuito isolado e nao turistico, ao norte do Alpamayo, com altitude sempre acima dos 4200m, com vários "Pasos" chegando perto dos 5000m, e nao senti absolutamente nada, ainda bem rsrs... Mas me aclimatei bem, fiquei uns 4 dias em Huaraz (3.050m) andando o dia inteiro pelas imediaçoes para resolver problemas e preparar a travessia.. Nunca me utilizei de folhas de coca ou qualquer medicamento auxiliar, simplesmente me aclimatei bem..
Ah, Carlos, provavelmente vc se equivocou quando menciona trilhas a 6600m, nao existe isso na America do Sul. Essa é altitude corresponde a dos maiores picos do Peru e da America do Sul. No caso do Peru é o Huascaram com 6.780m e o Yerupajá com 6.634m. Esses e outros da região são nevados de ascensão bem técnica. Pasos de altitude de trekking, muito raramente chegam os 5.000m no Peru.