Autor Tópico: Jovem negro sai para fotografar e é perseguido como suspeito por moradores  (Lida 4374 vezes)

felipemendes

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E mais essa...  >:( >:( >:(

Gabriel Souza trabalha como borracheiro e virou alvo de grupos de WhatsApp de Jundiaí (SP)

As borracharias são comumente associadas a uma estética da vulgaridade, composta de fumaça de escapamento, graxa e pôsteres de mulheres nuas. O jovem borracheiro Gabriel Souza, 17, não poderia estar mais distante desse clichê.

Morador de Cabreúva, no interior de São Paulo (a 89 km da capital), ele trabalha com seu pai, José Mendes, na borracharia da família em Jundiaí, no bairro Eloy Chaves. Há aproximadamente três anos ele passou a se alimentar afobadamente na hora do almoço para ter um tempinho para praticar a fotografia, pela qual pegou gosto.

Gabriel prefere as cores vivas ao preto dos pneus e o metálico dos motores, e elas ganham primazia nos registros de flores, plantas e animais que ocupam suas redes sociais (no Instagram, seu usuário é o @souza_dk). Seu domínio do metiê tem evoluído, e após ter começado a fotografar com seu celular, ele adquiriu há um ano uma câmera semiprofissional. Há um mês, complementou a coleção com uma Canon EOS 70D, máquina profissional.

Em uma de suas primeiras saídas com o equipamento novo, no entanto, ele se tornou alvo de grupos de moradores do bairro Eloy Chaves.

Na segunda-feira, 30 de setembro, comeu rapidinho e correu para treinar fotografia em uma praça próxima à borracharia. "É bastante arborizada, rende muitos cliques", diz Gabriel à Folha.



No dia seguinte, saiu para comprar um refrigerante nas redondezas da loja do pai e sentiu que estava recebendo olhares de reprovação. Imaginou que fossem por causa da roupa suja de graxa e de óleo e deixou para lá.

De volta à borracharia, encontrou-se com um cliente que mostrava uma lista de mensagens do grupo de seu condomínio. Nele, estavam fotos em que aparecia Gabriel fotografando, acompanhadas de mensagens em que ele era tratado como alguém com "comportamento suspeito".

"Quem encontrar esse rapaz por favor ligar para o 153 [Guarda Municipal], esse indivíduo está tirando foto das casas", dizia uma delas.

Um áudio atribuído ao vereador Antonio Carlos Albino (PSB) reforçava o coro: "Se vocês virem esse indivíduo pela rua, já liguem para o 153 porque a viatura da guarda já está tentando achá-lo pelo bairro. É um suspeito de estar filmando e tirando foto das casas aí."

Publicadas posteriormente, as fotos de Gabriel revelam que em sua mira não estavam as moradias dessas pessoas, mas a casa de um joão-de-barro na árvore.

Gabriel começou a perceber movimentação incomum na vizinhança. Segundo ele, viaturas da guarda passavam e olhavam para dentro da borracharia, como se o estivessem procurando. Moradores miravam de soslaio. Um deles chegou a postar no grupo que havia visto "o suspeito" no ponto de ônibus.

Preocupado, ele foi a duas delegacias na companhia do pai e de seu professor de fotografia, Anderson Kagawa, 32. Em nenhuma delas conseguiu registrar um boletim de ocorrência.

"Eles disseram que não havia crime e se negaram a tomar providências. Em uma delas, sugeriram que eu tirasse uma foto com uma folha de papel sulfite com o meu nome escrito por extenso, para evitar problemas no futuro. Queriam me fichar", diz.

"Em outra delegacia, disseram que eu deveria ficar uma semana sem fotografar. Depois disso, deveria andar com um certificado de algum curso de fotógrafo, um crachá, nota fiscal da câmera, e andar acompanhado", afirma Gabriel.

"Tem preconceito envolvido, sim, na minha visão. O Eloy Chaves é um bairro que tem muitos fotógrafos, conheço vários deles, estão sempre pela rua, e isso nunca tinha acontecido, e eles são brancos."

Na visão de Kagawa, eles foram às delegacias para fazer o boletim de ocorrência de um crime e foram "tratados como bandidos."

Formado em administração de empresas e de mudança para o Japão para investir no mercado de cafés especiais, Kagawa diz que sabia, claro, que existe racismo no Brasil, mas nunca tinha visto nada do tipo de maneira tão próxima.

Foi ele quem vendeu a câmera profissional a Gabriel, há cerca de um mês. "Meu pneu furou e fui até a borracharia do pai dele. O José me disse que o filho dele gostava de tirar fotos. Rolou uma empatia muito grande, e empatia é tudo nessa vida. É uma família muito boa, honesta, são inteligentes", diz.

Ele então vendeu a câmera a um preço camarada para o garoto e colocou no pacote lentes, baterias, cartões de memória, um tripé e outros complementos. Passou uma semana ensinando as manhas da atividade para Gabriel.

"Agora que eu estava empolgado, porque veria cada vez mais o resultado do que fizemos juntos, eu tive que ir para a delegacia com ele. Tive medo que aparecesse um justiceiro e fosse lá resolver com as próprias mãos na borracharia. Ou que ele fosse preso e enfiado em um camburão e eu estivesse já no Japão sem ter como explicar que ele tinha comprado a câmera de mim", explica ​Kagawa.

Nesta quarta-feira (9), Gabriel viajou para a capital para conversar com advogados e pensar em que providências tomar. Ele e seus familiares ainda estão decidindo o que fazer judicialmente nesse caso.

Procurado pela reportagem, o vereador Albino diz que a recorrência recente de crimes no bairro Eloy Chaves fez com que as pessoas ficassem assustadas e agissem assim. Segundo ele, não houve racismo.

"Ninguém fala em momento algum da cor dele. Ninguém diz que ele é branco, azul, rosa, verde ou qualquer outra coisa", afirma. De acordo com ele, imputar racismo a essas ações é obra de um adversário político seu na região que tenta "desconstruir" suas obras devido à proximidade das eleições de 2020. Ele diz que tomará as providências cabíveis na Justiça contra quem o acusar de racismo.

Segundo Albino, o garoto era um "desconhecido" que não mora no bairro e que, por tirar fotos das casas das pessoas, estava gerando temor. Sobre sua mensagem de áudio, ele diz não ter acionado a guarda, mas apenas sugerido que uma das moradoras, que estava muito assustada, fizesse isso.

Em nota à Folha, a Guarda Municipal de Jundiaí afirma que não fez nenhuma abordagem referente a Gabriel no bairro Eloy Chaves no dia 30 de setembro. A corporação também diz que a central 153 não registrou ligações sobre o caso. O texto também informa que duas ocorrências foram atendidas no bairro nesse dia.


Lindsay

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Resposta #1 Online: 10 de Outubro de 2019, 19:00:06
Não li o seu relato mas vi a reportagem na TV.

Acontece a mesma coisa comigo quando saio com a minha câmera na cidade, já arrumei treta com muuuita gente, isso inclusive é uma das coisas que enche o saco dos fotógrafos aqui em Sampa. Já precisei chamar a policia pra explicar aos seguranças do shopping Iguatemi JK que a calçada é espaço publico e eu posso sim fotografar a fachada do edifício a vontade.

Me parece mais uma confusão sendo interpretada como racismo. Em minha opinião o problema ali não é com a raça, mas com o fato de ser fotógrafo.
Conhecimento importa mais que equipamento.


RFP

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Resposta #2 Online: 10 de Outubro de 2019, 19:07:51
Não li o seu relato mas vi a reportagem na TV.

Acontece a mesma coisa comigo quando saio com a minha câmera na cidade, já arrumei treta com muuuita gente, isso inclusive é uma das coisas que enche o saco dos fotógrafos aqui em Sampa. Já precisei chamar a policia pra explicar aos seguranças do shopping Iguatemi JK que a calçada é espaço publico e eu posso sim fotografar a fachada do edifício a vontade.

Me parece mais uma confusão sendo interpretada como racismo. Em minha opinião o problema ali não é com a raça, mas com o fato de ser fotógrafo.

Duvido que se fosse um garoto loiro e de olhos azuis a reação seria a mesma.


RFP

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Resposta #3 Online: 11 de Outubro de 2019, 07:17:10
Como negro, acho que a negação do racismo ou o papo de "ah, mas com branco também acontece" tão ofensivo quanto o próprio racismo.


ronaldom1

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Resposta #4 Online: 11 de Outubro de 2019, 08:12:22
Vi a reportagem e li o texto. Em verdade também já passei por situação desagradável ao parar para fotografar em frente a um sítio no caminho para o meu trabalho, o jardim estava tão florido e a paisagem tão linda! De repente veio a dona, simples e com o tom firme de voz me informando que eles " não gostavam disso, não" e para eu parar de fotografar... inicialmente fiquei incomodado, depois entendi e pedi desculpa para a Dona do Sítio... entendi que o medo, a violência... foram predominantes.
No caso em questão considero uma associação de vários fatores:
1- O medo, a estranheza e as preocupações de segurança em tempos violentos que vivemos.
2- O conceito pré concebido... baseado na cor de pele, aparência, nível socioeconômico... sim o racismo está aí presente.
3- O mais sério, ao meu ver, foi que existiu a tentativa de explicar ou resolver o problema antes que algo mais grave acontecesse... o rapaz seguiu os caminhos corretos, para explicar e informar... a solução era simples, as autoridades policiais, mesmo não podendo fazer nada sem denuncia formal, poderiam intermediar o contato do rapaz com a associação de moradores do bairro e assim esclarecer a situação, o representante político inclusive poderia ter desempenhado esta função.

Sou considerado Branco, e me sinto desconfortável em comentar sobre um tema que não vivencio na "pele", mas o assunto deve sim ser abordado, as vendas retiradas!
Observar os detalhes da vida: o céu, o sol, as expressões e olhares... fotografar é viver intensamente !

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RFP

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Resposta #5 Online: 11 de Outubro de 2019, 08:25:32
Todo mundo que fotografa passa ou já passou por essas situações desconfortáveis, de gerar desconfiança nas pessoas. O problema que vejo é usar essa generalização para amenizar/abafar o claro racismo que existe no caso da notícia. É a velha mentalidade brasileira de que aqui isso não existe, de que não é bem assim, que você entendeu errado e por aí vai.
« Última modificação: 11 de Outubro de 2019, 08:26:31 por RFP »


Roberto Dellano

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Resposta #6 Online: 11 de Outubro de 2019, 08:27:46
Não li o seu relato mas vi a reportagem na TV.

Acontece a mesma coisa comigo quando saio com a minha câmera na cidade, já arrumei treta com muuuita gente, isso inclusive é uma das coisas que enche o saco dos fotógrafos aqui em Sampa. Já precisei chamar a policia pra explicar aos seguranças do shopping Iguatemi JK que a calçada é espaço publico e eu posso sim fotografar a fachada do edifício a vontade.

Me parece mais uma confusão sendo interpretada como racismo. Em minha opinião o problema ali não é com a raça, mas com o fato de ser fotógrafo.

Já aconteceu varias vezes comigo também.
Uma vez estava indo para um casamento, no meio do caminho parei para fotografar o por do sol que estava bem bonito no local que eu passava, um local nobre aqui da cidade, estava com o olho no visor quando sinto um tapinha nas costas, me viro e era um senhor e um rapaz, o senhor me perguntou em um tom bem áspero o que eu estava fotografando ali, expliquei que era fotógrafo, estava indo para um casamento e parei para fotografar o por do sol, mostrei os cliques que já havia feito, conversamos por mais alguns minutos, deixei um cartão com ele e pronto.


O que será que aconteceria se esse garoto, ao ver as mensagens, entrasse no grupo e explicasse a situação?


RFP

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Resposta #7 Online: 11 de Outubro de 2019, 08:33:08
Já aconteceu varias vezes comigo também.
Uma vez estava indo para um casamento, no meio do caminho parei para fotografar o por do sol que estava bem bonito no local que eu passava, um local nobre aqui da cidade, estava com o olho no visor quando sinto um tapinha nas costas, me viro e era um senhor e um rapaz, o senhor me perguntou em um tom bem áspero o que eu estava fotografando ali, expliquei que era fotógrafo, estava indo para um casamento e parei para fotografar o por do sol, mostrei os cliques que já havia feito, conversamos por mais alguns minutos, deixei um cartão com ele e pronto.


O que será que aconteceria se esse garoto, ao ver as mensagens, entrasse no grupo e explicasse a situação?

Roberto, você e os demais estão querendo se comparar, como brancos, com a mesma situação que um negro, tentando equalizar a situação. E ainda colocando um tom de que o garoto deveria se explicar. Ninguém deveria ter que explicar a própria existência ou atos não criminosos feitos na via pública. Sugiro que vocês estudem um pouco sobre o que é racismo.


Mike Castro

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Resposta #8 Online: 11 de Outubro de 2019, 10:54:52
Sugiro que vocês estudem um pouco sobre o que é racismo.

Sei lá. Minha avó era preta como um pneu. Mãe solteira (viuva precoce) de quatro meninas, sustentou minha mãe e tias com um boteco numa rodoviária de cidade pequena.Se tem alguém que sofreu preconceito de todo tipo nessa terra, foi ela. E um pouquinho, ela tentou passar pra gente...

Penso eu, que grande parte do receio dos moradores, naquela situação, foi ver o sujeito que, além de negro, era relativamente estranho no bairro, roupas sujas (a gente hoje sabe que ele é auxiliar na borracharia do pai, os moradores não sabiam) e fotografando tudo.

Acho que o que houve ali é mais histeria, frouxidão e idiotice do que racismo. Se um dos moradores tivesse tido a coragem de ir até ele, aposto 20 contos que a conversa seria assim:

"Opa, boa tarde, tudo bem? Se importa em dizer o que está fotografando?"
"Opa, boa tarde, estou bem e você? Sou fulano de tal, filho do cicrano de tal, ali da borracharia. Estou estudando fotografia, e essa praça é bonita para treinar"
"Que legal, muito bonitas suas fotos. É que a gente fica preocupado em ver gente nova rondando o bairro, sei lá... Boas fotos"
"Que é isso, não se preocupe! Boa tarde!"


Mas não, um bando de velhas à toa, e um monte de homem frouxo preferem fazer boataria e falar mal do cara pelas costas, aí vira isso aí.

Se tivesse como identificar quem começou os boatos, e achar um advogado bom, que conseguisse colocar um "danos morais", seria ótimo. Mas, não sei como fazer isso.
« Última modificação: 11 de Outubro de 2019, 10:55:58 por Mike Castro »


Mike Castro

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Resposta #9 Online: 11 de Outubro de 2019, 11:00:03
Todo mundo que fotografa passa ou já passou por essas situações desconfortáveis, de gerar desconfiança nas pessoas. O problema que vejo é usar essa generalização para amenizar/abafar o claro racismo que existe no caso da notícia. É a velha mentalidade brasileira de que aqui isso não existe, de que não é bem assim, que você entendeu errado e por aí vai.

Eu, euzinho aqui, se vejo um malucão jovem, desconhecido da vila, todo sujo, fotografando as casas da minha rua, vou pensar o que? Independente de ser branco, preto, japa, indiano, ou alienigena.

Acho que racismo foi muito menor do que medo/frouxidão do povo/vontade ser justiceiro de zapzap.


felipemendes

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Resposta #10 Online: 11 de Outubro de 2019, 11:03:44
A única vez que fui perturbado (tanto no Brasil quanto nos EUA) foi em um posto de gasolina, pelo frentista, que disse que eu não podia fotografar ali. Foi só falar que eu estava fotografando o morro atrás, que ficou tudo tranquilo.

Pode ser que, apesar de negro, ter 1.93 e 120 kg tenha intimidado alguém que quisesse reclamar.

De qualquer forma, acho que é muita falta de raciocínio achar que alguém vai chegar com uma câmera grande, fotografar, e depois assaltar a região, branco ou negro.


bjp77

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Resposta #11 Online: 11 de Outubro de 2019, 11:48:22
Gosto de fazer foto da arquitetura das casas antigas daqui de João Pessoa. Uma vez eu vinha dentro do carro fotografando e pessoas de uma casa ficaram incomodadas por medo de segurança. As vezes me acordo cedo pra pegar a rua sem gente e sem trânsito, uma situação bem diferente da de Gabriel Souza.

Concordo que a polícia foi sacana com ele e se ele fosse branco, loiro e de olhos azuis o tratamento dispensado teria sido diferente, bem longe da situação proporcionada. A população também é covarde, não se reúne pra saber do que se trata.

Tenho pele morena, cabelos claros lisos e não tenho olhos azuis, ainda me chamam de galego. Eu respondo e digo que não sou assim, não tenho olhos azuis ou verdes.

A família da minha avó por parte de mãe era negra, ex-escrava e tinha dinheiro. A sociedade não aceitava, tanto é que minha avó foi criada por pais adotivos e casou-se com um branco, de família loira de olhos azuis. Imaginem a situação de preconceito que reinou. Pelo lado do meu pai dizemos que a família é de marcianos, são tão  brancos que as veias aparecem e por isso ficam verdes.

Canon Rebel T5
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ArmandoFerreira

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Resposta #12 Online: 11 de Outubro de 2019, 13:14:43
Situação muito ruim, certamente para o rapaz que sofreu na pele o preconceito, seja ele por ser negro, estar sujo, ser um desconhecido, o que for, preconceito nunca é legal, seja qual for.

1 - Vivemos em um mundo rodeado de idiotas e xerifes virtuais de Facebook e WhatsApp
2 - Fotógrafos, negros, brancos, pardos, amarelos e até nikonzeiros  :hysterical: sofrem discriminação!
3 - Existe o racismo no Brasil e é intolerável, mas na minha percepção, foi um dos fatores nesta história.
4 - Nem tudo o que acontece com alguém precisa e deve ser usado como pauta para defender que todos são racistas;

Difícil separar os fatos e emoções, é tudo 8 ou 80, chegar no meio termo é sempre mais maduro.

Eu já sofri este preconceito, pior, fotografando perto de uma favela, após alguns minutos tinham 2 motos, 1 fuzil e 3 camaradas perguntando o que eu estava fotografando... não passou agulha no meu fiofó fotográfico!!!!

Mas também não sou hipócrita, sim, o fato do rapaz ser negro influenciou no julgamento das pessoas, isso é discriminação. Acontece com brancos e com você? Sim, mas o pré-conceito é enraizado na população.

Não sei se consigo explicar com palavras, mas vivemos em um politicamente correto que tudo que você diz é alicerce e fundamento para levantar bandeiras, não que elas não precisem ser erguidas, mas quando e se necessário, caso contrário, vive-se o vitimismo.

Tenho amigos negões que amo de coração e nunca na minha vida consegui sentir algo diferente por alguém apenas pela cor de pele, credo ou preferência sexual. Até já abracei pessoas que usam Nikon, sem preconceito!  :hysterical:

O ser humano precisa ser respeitado, é lamentável que situações de preconceito ou discriminação aconteçam, seja em que âmbito for.

 :ok:



Vinicius Lima

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Resposta #13 Online: 11 de Outubro de 2019, 14:35:32
Negar a existência de racismo no Brasil (e em qualquer outro país do mundo) é besteira. Existe em maior ou menor grau, mas existe.

Entretanto, no caso em questão não detectei qualquer evidência de preconceito racial. Tenho certeza absoluta que hoje as pessoas se preocupam muito mais com a privacidade perdida (principalmente os mais velhos) do que com a cor da pele do fotógrafo.

Somos o tempo todo vigiados, monitorados, filmados, clicados...e isso realmente enche o saco até mesmo para quem tem a fotografia como profissão ou hobby. Da minha parte considero absolutamente natural as pessoas se sentirem incomodadas e até mesmo ameaçadas quando alguém simplesmente lhes aponta um câmera e começa a fazer cliques.

E para que não me acusem de racismo ou de querer tampar o sol com a peneira, deixou claro que SOU NEGRO e nunca tive problema sequer parecido com o relatado na matéria.

Abração a todos.


Bantunes

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Resposta #14 Online: 12 de Outubro de 2019, 23:54:33
 Todos nós já sofremos constrangimento ao fotografar. Mas achei a reação das pessoas exageradas visto que ele nao estava fotografando as casas nem as pessoas mas temas da natureza pelo bairro. Pelo menos foi isso que entendi. Pode ter havido um componente de racismo, mesmo que nao tenha sido intencional.  Uma solução para esse caso seria uma espécie de reunião entre os moradores e fotógrafo para se conhecerem.

O racismo existe sim em nosso país, mesmo sem intenção. E é potencializado pela neurose da violência já que pela forma como nossa sociedade foi estruturada a população marginalizada foi predominante negra.  (Os descendentes de escravos foram ignorados pelo poder público em detrimento da mao de obra vinda da Europa e ásia).

Esse papo de sociedade miscigenada sem racismo já foi desmistificado.