Fiquei boiando com essa explicação, no caso você fez empilhamento com os frames do vídeo?
Hora boa para falarmos um pouco sobre processamento. Astrofoto normalmente se vale de empilhamento, de forma que o sinal se some (ou se confirme), e ruído se anule.
Objetos de espaço profundo têm luz fraca, necessitando de vários minutos de exposição pra capturar luz. Neste caso também o software que faz o empilhamento se vale da posição das estrelas pra alinhar corretamente as várias exposições. Já objetos do sistema solar são muito mais claros. Essa Lua aí (ver a foto no tópico da citação do Gabriel), por exemplo, foi "fotografada" com quadros de 1/1000 e ISO 200. Então uma maneira prática de se capturar dados de maneira rápida e eficiente é filmar o astro e depois extrair/empilhar os quadros.
Um exemplo interessantíssimo de foto planetária está nessa página aqui. Veja o comparação do vídeo de entrada com a foto de saída. É impressionante como tanto dado pode sair de uma filmagem tremida:
https://sites.google.com/site/astropipp/example-uasge/example1CO processo básico é mais ou menos esse:
1. Captura
2. Empilhamento/Pré-processamento
3. Processamento
4. Edição final.
A captura é mais ou menos como esperado: faça-se as fotos, usando o ISO mais baixo possível para capturar sinal suficiente. Uma regra prática é que o pico do histograma fique entre 1/3 e 1/2 da faixa, do lado mais escuro. Em caso de foto planetária (inclusive a Lua), como as exposições são muito rápidas (1/200 a 1/2000), fica conveniente fazer um filme com várias exposições em poucos segundos. A mesma técnica vale pra fotografar relâmpagos: pode-se filmar por vários minutos, depois separar e empilhar os quadros que contêm raios.
O pré-processamento depende de alguns fatores: por exemplo, os raws das minhas câmeras Fuji têm um pouco de problema com o conversor de raw, então eu prefiro converter meus raws pra tiff, e então empilhar os tiffs. Durante o pré-processamento também são aplicados dark, flat e bias frames. O que é cada um desses?
Dark frames são fotos feitas com mesma duração, mesmo ISO e
mesma temperatura dos quadros de luz (light frames, que contêm corpos celestes), porém com a câmera tampada, de forma a não entrar luz nenhuma. Estes também são empilhados, a fim de fazer um perfil de
ruído de leitura de sinal (veja "bias frames" abaixo) da câmera, naquelas condições. Equivale a fazer fotos com "long exposure noise reduction"; porém os dark frames são usados pra não perder tempo útil de captura de luz durante a noite. Note que o ruído varia com a temperatura; logo, os dark frames devem ser tirados na mesma temperatura dos quadros de luz.
Flat frames são feitos com o equipamento ótico completo, no mesmo ajuste focal, contra um fundo branco uniforme. Estes são usados pra compensar vinheta na foto, de forma que a imagem fique toda uniforme. Eu normalmente uso o fotômetro no zero pra esses quadros.
Os bias frames são um tiquinho mais difíceis de explicar, mas vou explicar a partir dos dark frames: estes são usados pra remover o ruído de leitura do sensor. Os bias frames têm por objetivo remover ruído elétrico do circuito. Quando se faz uma foto, o sensor é energizado, daí começa a exposição, termina a exposição e o sinal é amplificado e tratado pra virar arquivo. Durante esta amplificação, também há introdução de ruído, embora de natureza diferente. Então, os bias frames são feitos com mesmo ISO dos quadros de luz, porém com a câmera tampada (igual aos dark frames), porém com a velocidade mais alta possível. Exemplo de um bias frame, em que eu aumentei a exposição em 12 pontos do quadro bias original:
Pode-se ver que há áreas, especialmente na base da imagem e na área dos sensores de foco, onde a imagem ficou diferente. O objetivo dos bias frames é compensar estas diferenças.
Ufa, falamos só do pré-processamento até agora! Depois vem o empilhamento, que consiste em sobrepor as imagens, baixando ainda mais o ruído e aumentando o nível de detalhe.
Finalmente, a imagem empilhada é processada a fim de melhorar a cor e contraste da imagem final. Sobre o processamento, é uma longa história. Eventualmente eu chego lá.