Autor Tópico: [Artigo] Astrofotografia para iniciantes  (Lida 33016 vezes)

felipemendes

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Resposta #30 Online: 31 de Março de 2021, 10:05:41
Várias.

Além disso tudo, telescópios possuem pontos de montagem pra acessórios (viewfinder, câmera guia), possui sistema de foco melhor adaptado pra precisão no infinito. E tem o preço: apesar dos dados que o AFShalders citou, bons telescópios pra fotografia podem ter 800mm f/4. Nem sei se existe lente tão longa e tão clara, se existir deve custar uma fortuna. Mas um telescópio desses, com corretor de distorção custa cerca de 1000 dólares.


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Resposta #31 Online: 31 de Março de 2021, 17:09:27
Além disso tudo, telescópios possuem pontos de montagem pra acessórios (viewfinder, câmera guia), possui sistema de foco melhor adaptado pra precisão no infinito. E tem o preço: apesar dos dados que o AFShalders citou, bons telescópios pra fotografia podem ter 800mm f/4. Nem sei se existe lente tão longa e tão clara, se existir deve custar uma fortuna. Mas um telescópio desses, com corretor de distorção custa cerca de 1000 dólares.

Um não absurdamente caro que gostei do resultado foi o Celestron C8 antigo.
Me arrependi por não ter comprado um Guan Sheng (GSO) 8" f5 ... (1000mm F5) ... E ainda por cima com um focalizador Crayford micro fotográfico... Grrrrr...


felipemendes

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Resposta #32 Online: 12 de Abril de 2021, 00:16:20
Um não absurdamente caro que gostei do resultado foi o Celestron C8 antigo.
Me arrependi por não ter comprado um Guan Sheng (GSO) 8" f5 ... (1000mm F5) ... E ainda por cima com um focalizador Crayford micro fotográfico... Grrrrr...

Sempre desprezei o Celestron C8 por ter distância focal muito longa. Mas tem uma modificação bem bacana pra ele, que transforma em um telescópio curto (cerca de 370-400mm, dependendo do modelo) com uma super-abertura (f/1.9 a f/2.1).

Hoje uso um SkyWatcher Quattro (feito pra astrofoto), 8" x f/4. Fora o peso, é muito legal de usar. Correção: hoje, não uso nada, porque um dos motores do mount quebrou, e não existe em lugar nenhum pra ser comprado.
« Última modificação: 12 de Abril de 2021, 00:17:16 por felipemendes »


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Resposta #33 Online: 12 de Abril de 2021, 11:33:10
Sempre desprezei o Celestron C8 por ter distância focal muito longa. Mas tem uma modificação bem bacana pra ele, que transforma em um telescópio curto (cerca de 370-400mm, dependendo do modelo) com uma super-abertura (f/1.9 a f/2.1).

Hoje uso um SkyWatcher Quattro (feito pra astrofoto), 8" x f/4. Fora o peso, é muito legal de usar. Correção: hoje, não uso nada, porque um dos motores do mount quebrou, e não existe em lugar nenhum pra ser comprado.

O C8 e similares são bons para objetos de espaço profundo, por exemplo a Caixa de Joias nele fica um absurdo, o mesmo vale para a nebulosa de Órion, mas para objetos como o complexo molecular de rho ofiúco ou as Pleiades, realmente atrapalha mais do que ajuda. Se bem que tem as oculares de campo ultra largo tipo as Luminos e umas Tele Vue de 40mm, mas 2000mm é brabo mesmo.

O problema desses redutores focais é que variam muito de qualidade e preço, tem que saber muito bem o que está comprando.

O que mais gosto é esse aqui

https://www.astroshop.pt/telescopios/gso-telescopio-n-303-1212-imaging-newton-ota/p,45332#tab_bar_1_select
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Resposta #34 Online: 12 de Abril de 2021, 13:18:52
O C8 e similares são bons para objetos de espaço profundo, por exemplo a Caixa de Joias nele fica um absurdo, o mesmo vale para a nebulosa de Órion, mas para objetos como o complexo molecular de rho ofiúco ou as Pleiades, realmente atrapalha mais do que ajuda. Se bem que tem as oculares de campo ultra largo tipo as Luminos e umas Tele Vue de 40mm, mas 2000mm é brabo mesmo.

O problema desses redutores focais é que variam muito de qualidade e preço, tem que saber muito bem o que está comprando.

O que mais gosto é esse aqui

https://www.astroshop.pt/telescopios/gso-telescopio-n-303-1212-imaging-newton-ota/p,45332#tab_bar_1_select

A modificação que estou falando é o Hyperstar/Fastar, que não é um simples redutor focal. Funciona removendo o espelho secundário e colocando o corretor e câmera diretamente ali. Custa bem caro também (só o Hyperstar custa 1000 dólares).

Antes:


Depois:






 
« Última modificação: 12 de Abril de 2021, 13:24:41 por felipemendes »


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Resposta #35 Online: 12 de Abril de 2021, 14:50:52
Legal, não conhecia isso.


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Resposta #36 Online: 02 de Maio de 2021, 12:24:32
Amigos, se alguém puder de dar uma luz (literalmente rs)..

Minha neta tem 9 anos e começou a se interessar por astros e pelo espaço. Agora cismou que quer um telescópio para observar os astros. Porém, obviamente, os pais não vão investir milhões num equipamento profissional e estamos procurando alguma coisa que não seja tão cara e que dê a ela a oportunidade de vislumbrar alguma coisa no espaço.

Sei que os equipamentos amadores tem lá suas limitações, mas creio que ela não esteja na faixa etária para estudos aprofundados e mais técnicos.

Exposto o cenário, vem a pergunta: Alguém saberia me dizer se o telescópio deste link ( https://www.americanas.com.br/produto/2104812601?pfm_carac=telescopio&pfm_index=12&pfm_page=search&pfm_pos=grid&pfm_type=search_page#info-section ) permitiria um primeiro passo ? E se seria fácil para a criatura vislumbrar algo no espaço ?

Grato aos amigos !

 :ok:
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Resposta #37 Online: 02 de Maio de 2021, 14:12:31
Amigos, se alguém puder de dar uma luz (literalmente rs)..

Minha neta tem 9 anos e começou a se interessar por astros e pelo espaço. Agora cismou que quer um telescópio para observar os astros. Porém, obviamente, os pais não vão investir milhões num equipamento profissional e estamos procurando alguma coisa que não seja tão cara e que dê a ela a oportunidade de vislumbrar alguma coisa no espaço.

Sei que os equipamentos amadores tem lá suas limitações, mas creio que ela não esteja na faixa etária para estudos aprofundados e mais técnicos.

Exposto o cenário, vem a pergunta: Alguém saberia me dizer se o telescópio deste link ( https://www.americanas.com.br/produto/2104812601?pfm_carac=telescopio&pfm_index=12&pfm_page=search&pfm_pos=grid&pfm_type=search_page#info-section ) permitiria um primeiro passo ? E se seria fácil para a criatura vislumbrar algo no espaço ?

Grato aos amigos !

 :ok:


Para ver a lua serve. Planetas já fica bem mais complicado e nebulosas mais ainda.


felipemendes

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Resposta #38 Online: 02 de Maio de 2021, 15:50:45
Exposto o cenário, vem a pergunta: Alguém saberia me dizer se o telescópio deste link ( https://www.americanas.com.br/produto/2104812601?pfm_carac=telescopio&pfm_index=12&pfm_page=search&pfm_pos=grid&pfm_type=search_page#info-section ) permitiria um primeiro passo ? E se seria fácil para a criatura vislumbrar algo no espaço ?

Eu tomei gosto pela coisa usando um telescópio das crianças que deve ter custado menos de 30 dólares. Com ele dava pra ver Júpiter e suas luas, Saturno e seus anéis, as fases de Vênus e a Lua. Esse aí tem distância focal um pouco maior e mesma abertura. Vai ser mais escuro, mas isso não faz diferença pros objetos que eu citei, que parecem bem luminosos no céu.

Se ela se interessar mais, daí os pais podem começar a considerar um telescópio mais claro.


paulo.lopes

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Resposta #39 Online: 02 de Maio de 2021, 16:39:41
Eu tomei gosto pela coisa usando um telescópio das crianças que deve ter custado menos de 30 dólares. Com ele dava pra ver Júpiter e suas luas, Saturno e seus anéis, as fases de Vênus e a Lua. Esse aí tem distância focal um pouco maior e mesma abertura. Vai ser mais escuro, mas isso não faz diferença pros objetos que eu citei, que parecem bem luminosos no céu.

Se ela se interessar mais, daí os pais podem começar a considerar um telescópio mais claro.

Boa !!!

Vou passar essa informação p/ minha filha.

Obrigado, Felipe !!

 :clap: :clap:
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Resposta #40 Online: 03 de Setembro de 2021, 18:59:40
Comentei recentemente em outro tópico sobre por que algumas câmeras são melhores que outras pra astrofotografia. Claro que isso depende do tipo de foto: estou falando aqui de câmeras pra astrofoto de campo profundo, especificamente nebulosas. Até mesmo para galáxias e aglomerados estelares, a maioria das câmeras funciona bem.

Primeiro de tudo, por que nebulosas?

Nebulosas são o início de tudo. São regiões do Universo onde hidrogênio se forma, a partir de prótons e elétrons soltos no universo. Este hidrogênio, vai formar estrelas, que vão formar planetas, etc. Quando um elétron “enxerga” um próton, começa a girar ao redor dele, primeiro a distâncias relativamente longas, até órbita 1s que aprendemos na escola (pra quem lembra do diagrama de Linus Pauling, e aquelas camadas 1s1, 1s2, 2s1, 2s2, 2p1, etc), o recém-criado átomo emite luz em um comprimento de onde bastante específico, de 656 nm. É o chamado Hidrogênio alfa, ou Ha, ou ainda Hα. Esta cor é de um vermelho profundo, que é bastante atenuado na maioria dos filtros de fábrica das câmeras. Como curiosidade, quando o elétron vai pra camada 2s1, o que vemos é o Hidrogênio beta, que emite luz azulada.

Por exemplo, tomando com referência uma Canon 5D II original:



No caso da câmera acima, veja que a câmera só absorve cerca de 27% da luz a 656 nm de comprimento de onda. Ainda é possível fotografar nebulosas com uma câmera destas, porém os tempos de exposição serão longos, o que vai acarretar aquecimento do sensor (que, por sua vez, vai causar ruído) e problemas com “star trails”, ou borrão das estrelas por movimento. O ideal é diminuir ao máximo a exposição, e ao mesmo tempo manter o ruído bem controlado.

No gráfico abaixo, uma comparação entre uma câmera original e uma modificada com um filtro que permite maior passagem no comprimento de onda 656 nm:


Veja que mesmo as câmeras pra astrofoto (modificadas ou não) cortam o espectro à luz visível, e fornecem resposta muito melhor ao Hα. Só isso já representa um avanço significativo em relação a câmeras comuns. Mas ainda assim, este arranjo não é muito eficiente nas câmeras coloridas: o vermelho é capturado somente pelos pixels vermelhos da câmera, que, no melhor dos casos será de 25% do sensor. O Oxigênio III (que é o oxigênio que respiramos, porém com 2 elétrons faltantes), também bastante existente no nosso Universo, seria capturado pelo azul, que representa no máximo outros 25% do sensor, assumindo um sensor Bayer comum:



Pra aumentar a sensibilidade, a solução atualmente usada é usar câmeras monocromáticas. Estas câmeras não possuem um filtro Bayer na frente do sensor, logo todos os pixels somente lêem intensidade de luz. Estas câmeras são usadas com filtros RGB (vermelho, verde e azul) na frente, e as imagens obtidas com cada filtro depois são sobrepostas, criando a imagem colorida. Este tipo de câmera vai usar 100% dos pixels pra vermelho, depois 100% pra verde e 100% pra azul. Se estou certo, os sensores Forevon da Sigma usam um princípio parecido, porém todos os filtros estão todo o tempo acima do sensor.

A princípio, pode parecer que o uso de câmeras monocromáticas é pouco prático (são caras, requerem uma roda de filtros e alguns passos no processamento), mas o ganho em tempo de exposição e nível de detalhe em muito sobrepujam as dificuldades.


AFShalders

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Resposta #41 Online: 04 de Setembro de 2021, 08:31:06
Ih Felipe, o sensor Foveon tem dois problemas... 1) sensibilidade baixa 2) ruido alto em ISO maior que 400 e em exposições muito longas. Nunca cheguei a usar para astro, mas nunca me animei.

Aqui tenho uma Sigma SD1 Merrill, uma DP2 Merrill e uma SD Quattro. Lá para final de setembro pode ser que eu consiga fazer alguns testes, mas não garanto nada. Aqui só tenho duas objetivas com abertura razoável para isso, a 30/1.4 e a 70/2.8 mas não tenho muita esperança no resultado.

Mas tem uma coisa que você está esquecendo de considerar em relação ao filtro Bayer e mesmo no sensor Foveon. Esses filtros tem uma largura de banda grande e uma sobreposição razoável entre verde-azul e verde-vermelho. No Foveon todas as 3 camadas são sensíveis a todos os comprimentos de onda, mas com pico na cor da mesma.

https://www.imaging.org/site/PDFS/Papers/2006/ICIS-0-736/33720.pdf

https://www.eso.org/sci/meetings/2009/dfa2009/Writeups/WR-Lesage.pdf


« Última modificação: 04 de Setembro de 2021, 08:39:13 por AFShalders »


felipemendes

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Resposta #42 Online: 27 de Setembro de 2021, 22:22:36
Já me perguntaram onde eu fotografo, e comentam como gostariam de ir a um local com céu “parecido com o meu” pra poder fotografar as estrelas. Mas fato é que o céu do meu quintal também é bastante poluído. Como fazer? A solução é usar filtros.

Filtros são essenciais em astrofoto. Têm por objetivo isolar certas partes do espectro, assim eliminando luz indesejada. Esta luz pode ser tanto proveniente de poluição luminosa quanto dos próprios objetos celestes. Um problema que tende a piorar com a tecnologia é da poluição luminosa, tanto por causa da quantidade  quanto qualidade. Quanto à quantidade, cada vez é mais difícil encontrar um céu bem escuro; pela qualidade, as lâmpadas de rua antigas eram de sódio e de mercúrio, que emitem luz em frequências bem definidas e facilmente filtráveis. Porém as luzes novas, de LED, possuem espectro bem mais amplo. Uma lâmpada LED branca neutra (3000k) possui um espectro assim, espalhado em todo o espectro visível:



Pra luz de led, pouco se pode fazer. Pra todas as outras, a solução é usar filtros. Veja um gráfico comparativo com o perfil de cor de vários filtros existentes abaixo. Note que todos eles bloqueiam a luz desde o vermelho claro até o verde claro, que é justamente onde se encontra a maioria das luzes de rua, de sódio e mercúrio. Mas comparando com o gráfico da luz de LED acima, vê-se como este é um problema que tende a aumentar à medida que a iluminação de rua for substituída.



Os filtros UHC (Ultra-high contrast) e CLS (Clear light sky), no geral, forecem bom isolamento da luz comum de cidade, permitindo fotografar em lugares moderadamente poluídos. A luminosidade através destes filtros também é razoável, embora eles não filtrem nada da luz de LED nem da Lua, necessitando ser usados na lua nova.


Depois destes, há os filtros multi-espectro, tais como Optolong L-Pro, STC MultiSpectra e Orion 5561. Estes filtros têm vários recortes em faixas de frequência que bloqueiam bastante a luz artificial e boa parte da luz da lua.



Mas mesmo estes não são muito efetivos quando há, por exemplo, lua cheia. Neste caso, é necessário se selecionar filtros cuja banda de passagem é cada vez mais estreita. Seria o caso do filtro Optolong L-eNhance, ou do que eu uso (que não está no gráfico), um STC Duo-Narrowband. Este é um gráfico que mostra a linha de transmissão do Optolong L-eNhance e STC Duo-Narrowband:



Ambos são filtros muito bons em deixar passar somente frequências específicas citadas no post anterior, referentes ao Hα e O-III, que são grande parte das cores presentes nas nebulosas. Porém, estes filtros não são os mais recomendáveis pra uso em galáxias, cuja luz está espalhada no espectro visível.

Finalmente, pra astrofoto de céu profundo (galáxias e nebulosas), o referencial de tecnologia em filtros está nos filtros tri-band e quad-band: são filtros que bloqueiam toda a luz, com exceção de três ou quatro frequências bem específicas. Estes filtros podem facilmente chegar a preços acima de 1000 dólares, e são maravilhas óticas:



Existem também os filtros pra fotografia Lunar, Solar e Planetária. No caso da Lua e planetas, os filtros são basicamente os mesmos, e servem pra baixar a velocidade do obturador e aumentar contraste.

Os filtros solares também podem ser bem caros, dependendo da faixa de frequência que passa. Variam de simples filtros ND (recomenda-se filtros de 15 pontos pra cima) a filtros de banda super-estreita, que deixam passar uma banda que varia em somente uns 3 nm – o que é uma faixa extremamente estreita.









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Resposta #43 Online: 07 de Novembro de 2021, 05:39:44
Ufa, falamos só do pré-processamento até agora! Depois vem o empilhamento, que consiste em sobrepor as imagens, baixando ainda mais o ruído e aumentando o nível de detalhe.

Estou refazendo uma imagem. Este é um quadro único com 4 minutos (de um total de 90 hoje).


A primeira coisa é que esta imagem é "esticada". Olhando pro céu, vemos muito pouco dessa imagem, embora ela esteja ali. Esticar a imagem significa tirá-la do canto esquerdo do histograma e espalhar em todo o histograma. Essa é uma operação um tanto radical, que faz uso de cada elétron registrado pelo sensor; mas isso é papo pra outro dia. Por hora, vou dizer que esticar uma imagem significar ver detalhes que não seriam visíveis em uma imagem linear.

Note que a imagem está cheia de defeitos: há na parte de baixo uma mancha escura e há uma mancha mais clara no à direita no alto. A mancha escura é causada por poeira e a mancha clara, por ruído do sensor.

Flat frames são tirados contra um fundo uniforme (pode ser o céo azul no início da manhã, ou pode ser um painel USB de led). Ao se tirar flat frames, de curta duração, somente as manchas de poeira irão aparecer. Note-se que estas exposições são normalmente rápidas (na casa do 1/10 a 1/1000), então somente a mancha de poeira apareceria. Essa imagem, subtraída da imagem final, resultaria em uma imagem "plana", sem vinhetas ou manchas de poeira.

Por outro lado, ruído do sensor pode ser dividido em dois tipos: ruído de fundo e ruído de leitura. O ruído de leitura vai ser aquele que aparece como estática de TV antiga; nada se pode fazer quanto a ele, além de exposições longas, que tendem a cancelar o ruído. O ruído de fundo é inerente ao sensor. Por exemplo, qualquer sensor Sony IMC294 vai ter um perfil de sensor similar ao mostrado acima, gerando uma perda de contraste à direita, no alto. A boa notícia é que este ruído é bem consistente, sendo fácil de se isolar e subtrair das fotos da imagem dos astros. Esta remoção é feita pelos dark frames, que são feitos com o mesmo ganho (ISO) e tempo que os quadros "de luz", que contém as imagens das estrelas. A função destes é a mesma: neutralizar efeitos consistentes de ruído do sensor. Mas enquanto os flat frames têm ruído de fundo baixíssimo por causa da curta duração e alto sinal (pois são feitos contra uma fonte luminosa uniforme), os dark frames contém somente ruído do sensor em si.

« Última modificação: 07 de Novembro de 2021, 05:44:03 por felipemendes »


Ale Costa

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Resposta #44 Online: 11 de Março de 2022, 12:01:26
muito bom o artigo, tem bastante informação, Felipe obrigado por compartilhar o seu conhecimento.