Não entendi o ponto Marcio, vc é contra esse sistema de reconhecimento e valorização e elevação ao status de "obras de arte" os trabalhos vendidos pelas galerias??? Vc quer dizer que essas obras não deveriam ser consideradas como obras arte, é isso???
Ok. Eu não entendo de arte. Sinceramente admito que não sei avaliar uma obra de arte, técnica ou economicamente.
Então o que vocês dizem é que não há nenhuma avaliação técnica? E o que define "o que vende"? Lá no início... Por que as coisas não começam a ser interessantes "do nada".
Não é possível que seja só o sobrenome do sujeito. Senão não existiriam artistas como Homero Brito e Cobra, por exemplo.
Desculpa, mas aos meus ouvidos leigos isso soa como um ranço...
E não me entendam mal... Eu quero é entender o ponto de vista de vocês mesmo.
Enviado pelo Tapatalk - talvez por isso, com erro de português.
O meu comentario nao foi sobre julgar meritos e qualidades de obras de arte em galerias e museus.
Para ajudar a entender isso eu vou citar Siri Hustevedt:
"Nao ha sensacao pura de nada, nem em sentir dor, nem em provar vinho, nem em olhar obras de arte. Todas as nossas percepcoes sao codificadas contextualmente, e essa codificacao contextual nao permanece fora de nos, no ambiente, mas se torna uma realidade psicologica dentro de nos, razao pela qual um nome famoso anexado a uma pintura literalmente faz a pintura parecer melhor."
Um experimento feito em um restaurante em que davam aos cliente um menu com diferentes marcas de agua e precos. Os clientes provavam a agua e todos julgavam que a agua com o preco mais caro tinha um gosto melhor do que a agua mais barata. A verdade eh que todas as aguas servidas era da mesma torneira da cozinha. O criterio da qualidade da agua nao era o gosto da agua mas sim o preco e o nome. A percepcao de qualidade que se adapta a tais criterios que nao tem nada a ver com a agua em si. E isso acontece tambem com inumeros produtos e alimentos que sao literalmente o mesmo, mas as pessoas acham que um eh melhor que o outro pq a marca estampada e precos sao diferentes.
O que eu quiz dizer eh que tais criterios nao tem nada a ver com a qualidade da arte em si, pq nao existe criterios para julgar o que eh boa arte. Nenhuma galeria olha para uma arte e diz: "Essa arte eh ruim pq a composicao esta errada". Pq nao existe composicao errada, nao existe enquadramento errado, nao existe cores erradas. O que existe eh composicao que nao combina com o conjuto e contexto da obra. Sendo assim, nao existe criterios artisticos mas sim criterios de como percevemos a obra em determinado contexto.
Em outras palavras, qualquer criterios usados para avaliar arte nao eh a avaliacao da arte em sim mas a raciocinalizazao do que sentimos sobre a arte. Ja ouviram falar da falacia dor pensador profissional? Eh o nome que Emmanuel Kant deu ao que nos percebemos como reliade e verdade. Como nos somos as ferramentas que usamos para medir o que julgamos ser verdade ou realidade, nos nao percebemos a realidade e verdade como elas sao, mas sim como nos somos. Nos humanos gostamos de ver combinacoes e ritimos ate onde nao existem.
Esses criterios de avaliacao artistica eh como Siri Hustvedit descreve tambem: "O jogo eh jogado como se houvesse uma realidade objetiva que pode ser compreendida com precisao sem compreender quem percebe tal realidade".
Quando eu tentei apresentar meus trabalhos para serem expostos nas agencias de bancos com cliente que fazem parte da elite economica, o que me disseram eh que tal elite nao compra arte de artistas desconhecidos. Eles compram nome.
E o motivo de eu ter conseguido exibicao em galerias de arte nao foi por causa da qualidade do trabalho em si mas sim por causa do tema, do material e principalmente pq eu tive contato com os donos das galerias, por meio de terceiros que eram meus amigos.
Arte nao tem nada a ver com as aparencias externas do que percebemos. Toda crianca pratica arte e ate de forma mais sincera do que os adultos tentando fazer arte. Pode ser alegado que a arte de uma crianca nao tem qualidade. Mas eu tenho um desenho de um coelho com um coracao no meio que uma crianca deu para mim 2 anos atras e que tenho ate hoje na minha parede. E eh uma das arte que mais gosto. E o fato de eu gostar nao tem nada a ver com composicao, cores, etc mas sim pelo fato de eu conhecer a crianca e a familia dela, de eu gostar deles, da crianca ter expressado um amor por mim e por eu reconhecer esse amor dela em mim, o que camamos de empatia. O fato da arte dela me trazer esse sentimento de empatia, de amor inocente, de reconhecer nela e na expressao da arte dela algo humano que todos nos procuramos, e de me sentir valorizado pela expressao artistica dela, me faz ver qualidade e valor na arte que talvez ninguem mais veja. E esse eh o motivo de ninguem comprar minhas fotos com paisagem e aqtuitetura da Irlanda se nao irlandeses. Ninguem comprar meus livros de fotos de Hamburg se nao alemaes. Muito raramente alguem compra alguma foto minha em feiras de rua mas quando exposto em galerias elas vendem.