Autor Tópico: Análise da Fotografia - Como Criticar e Receber Criticas  (Lida 4757 vezes)

Lindsay

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Resposta #30 Online: 20 de Novembro de 2020, 11:30:44
Este assunto mexe diretamente com o ego das pessoas. Estou lendo um livro muito interessante de 1937 chamado "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas". Confesso que é uma habilidade que posso e preciso desenvolver. O primeiro item é jamais criticar alguém. O autor cita já no começo do livro que isso precisa ser vivido, praticado, incorporado no seu ego. Impressionante como livros antigos devem ser conservados e resgatados. O mundo moderno as pessoas se esqueceram do que funciona (mas isso é outro papo) . Eu creio que isso tenha relação com o assunto...

Toda pessoa com seu ego quer se sentir importante e para isso busca a aprovação de terceiros. Com a fotografia não é diferente. Todos quando postam suas fotos querem, consciente ou inconscientemente, se sentirem importantes e sentirem que fazem parte de um grupo.

Entendido isso , eu falo por minha experiência própria que há 10 maneiras diferentes - no mínimo - de se fazer alguma coisa. Então há 10 maneiras diferentes pelo menos de dar dicas e sugestões sem ferir o ego do indíviduo. Notem dois exemplos práticos de se comentar numa foto:

1) Sua foto está legal. O que eu faria se estivesse no momento da foto seria: o enquadramento poderia ser XYz (seus comentários) poderia usar um ISO mais baixo, etc.

2) A sua foto está horrível. O enquadramento tá uma bosta; cheio de ruídos.

Qual desse comentários irá fazer com o que o sujeito melhore suas fotos naturalmente e qual vai provocar um ego ressentido? Acho que não preciso me alongar mais na explicação...
Como eu penso a respeito disso Chefferson.

A primeira verdade e a primeira pessoa.

Quando eu consigo falar e demonstrar a minha própria verdade e ainda consigo colocar minha opinião educadamente em primeira pessoa, eu digo ela é minha, e isso ajuda a legitimar a minha opinião.

Vou reescrever a mesma frase frase, mas agora sem me preocupar que ela seja em primeira pessoa.

Quando vc consegue demonstrar a sua própria verdade e ainda consegue colocar sua opinião educadamente mas em primeira pessoa, digo ela é sua, e isso ajuda legitimar a coisa.

Veja ai em cima eu estou tentando imputar alguma coisa a vc.

Esse assunto é muito interessante, veja, podemos entender um fórum de fotografia como esse como um grupo de trabalho. E dai os conceitos de inter-relação entre as pessoas são validados.

Entre outros quem estudou bem esse assunto foi o psicólogo WILL SCHUTZ. O Marcio deve conhecer.

Existe vasto material na web para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o que ele pesquisou. Trago como referencia esse site que dá uma introdução.

https://www.passeidireto.com/arquivo/64637265/conceitos-da-teoria-de-will-schutz

Retirado do site acima:

"Schutz destacou as implicações de suas descobertas como a interdependência e a estreita correlação que existe em todo grupo de trabalho entre seu grau de integração e seu nível de criatividade. No entanto, Schutz vai mais além nesse fenômeno e inova com sua teoria das \u201cNecessidades Interpessoais\u201d na formação e desenvolvimento de um grupo. Conceito usado para especificar que a integração dos membros de um grupo acontece quando certas necessidades fundamentais são satisfeitas. Com interpessoais quer dizer que só em grupo e pelo grupo essas necessidades podem ser satisfeitas e fundamentais porque são vivenciadas por todo ser humano em um grupo qualquer.
Aponta 03 necessidades interpessoais:
1 \u2013 NECESSIDADE DE INCLUSÃO
2 \u2013 NECESSIDADE DE CONTROLE
3 \u2013 NECESSIDADE DE AFETO."


Se eu pudesse recomendar um livro para ler seria:


https://books.google.com.br/books/about/Profunda_Simplicidade.html?id=LF0KpN2prIIC&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false
« Última modificação: 20 de Novembro de 2020, 11:39:42 por Lindsay »
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Lindsay

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Resposta #31 Online: 20 de Novembro de 2020, 11:33:01
Cursors de fotografia e leituras de portfolio.
Sim, muito bom, ajuda muito mesmo  :ok:
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Lindsay

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Resposta #32 Online: 20 de Novembro de 2020, 13:33:33

A primeira verdade e em primeira pessoa.

corrigindo a escrita na segunda linha do meu post...
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C R O I X

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Resposta #33 Online: 20 de Novembro de 2020, 14:53:28
Mas aqui com restrições. Isso vai funcionar direito dentro de um ambiente cultural "uníssono", onde as pessoas tem a mesmas referencias e construção social, referencias parecidas, sejam adquiridas através da convivência social ou de estudo. Mas dentro deste planeta existem varias sociedades com referencias culturais diferentes, com signos, e reconhecimento e valores diferentes.

Todo mundo compartilha da mesma experiencia cognitiva e social de sua epoca e cultura, ainda mais em se tratando de um mundo globalizado. E para isso nao eh preciso conciencia ou instrucao, mas apenas a vivencia do dia a dia com os meuis de comunicacao de sua epoca.

Isso nao quer dizer que os expectadores de uma obra de outra epoca vao sentir o mesmo que o criador da obra sentiu exatamente. Como eu disse anteriormente em algum dos meus posts, nos vemos e sentimos as pinturas renascentistas como elas nunca foram vistos em suas respectivas epocas. O que nos vemos eh o imaginario de nossa epoca nessas obras.

No entanto, a experiencia abistrata nao tem epoca e nem cultura. A expeirncia de sentir  a textura de uma parede ou da tela de um quadro, o cheiro de tinta, a macies de tecido, o peso da moldura, e o silencio da imagem pode ser experienciado por todos em qualquer epoca. A questao esta no quanto as pessoas, independente de sua epoca, sao capadez de deixar o vicio da linguagem e verbalizacao mental de lado para simplesmente ouvir o silencio e o impacto dessas impressoes sensorias como reacao corporal.

Era justamente isso que o Paul Cezanne buscou resgatar com o cubismo. A experiencia abistrata que existe por tras da linguagem.


C R O I X

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Resposta #34 Online: 20 de Novembro de 2020, 15:13:36
Sim Marcio, mas voltando para a fotografia, por exemplo aqui neste fórum, penso que a boa critica é a que consegue educadamente ser sincera em relação a fotografia, é aquela onde o crítico consegue demonstrar com a sua própria verdade o confronto entre os valores, sentimentos, raciocínio e conhecimento que ele tem, em relação à aquilo que aquilo que ele vê na foto.

Penso assim.

Ok, eu respeito o seu ponto de vista.
Como forma de comparacao e nao como forma de oposicao ou negacao, eu vou apresentar pq meu ponto de vista eh diferente do seu.

Ao criticar uma foto eh nao vejo haver nenhum confronto. Na verdade, se eu sentir que ha algum confronto com o que eu estou apresentando eu sinto que a minha critica ja nao eh mais em relacao a minha esperiencia com a obra mas sim com a expectativa de regras  regras em liguagem visual de quem vai ouvir a critica. Para eu criticar a obra o meu foco nao pode ser esse.

A minha critica eh focada na expressao do meu sentimento/experiencia em relacao a obra. Obviamente eu vou buscar experiencias e sentimentos que me inspirem, por isso meu foco sera o que me fez sentir conforto e prazer ou o que eu sinto que teve tal potencial. Se tal potencial nao foi atingido eu abordo o motivo e digo como eu sinto que tal potencial poderia ser atingido.

Minha critica e experiencia nao tem nada a ver se a obra eh boa ou nao. A obra pode mesmo nem ter sido voltada para o publico ao qual eu pertenco. Eu posso achar que uma obra nao atingiu seu potencial mas nao pq a obra esta errada, mas pq eu nao sou o publico para quem a obra foi feita. A minha critica, entao, em voltada para para a obra em relacao a mim e nao em relacao a um outro suposto publico.

Caso a obra seja voltada para um publico especifico, como nas obras comerciais, isso deve ser apresentado pelo autor antes de pedir critica, para assim, de acordo com o conhecimento do critico quanto ao mercado, poder dizer do potencial positivo e negativo da obra nao em relacao a ele como experiencia individual mas com relacao ao mercado e suas tradicoes esteticas/publico.

Mas voltando quanto a critica em relacao a mim, mesmo achando algo que considero negatovo eu acho importante apresentar, pq as vezes tal experiencia negativa pode ter sido a intencao da obra tambem. Mas ao tentar explicar pq algo na obra criou desconforto, a pessoa que esta pedindo critica ganha a pexpectiva de minha experiencia visual.

Se minha critica eh relevante ao autor e sua obra, cabe ao autor decidir. O importante eh entender que a critica nao eh para estabelecer o que eh certo ou errado, o que eh verdade ou nao eh, mas sim para expressar como a obra impactou em mim em particular e como minha experiencia pode ser ou nao a experiencia de um certo publico que a obra foi voltada ou nao.

Em arte nao existe certo ou errado, existe contexto e contexto pode mudado. O correto e errado vai dependeder do contexto em que a obra foi feita (se considerado) e o contexto de quem ve a obra. Informacoes ou falta de informacoes sonre a obra altera a percepcao de contexto dela. A mesma obra pode estar "correta" ou "errada" dependendo do contexto.

A minha critica da obra eh em relacao ao meu contexto em relacao a obra e  meu conhecimento do contxto da criacao e intencao da obra. Por isso nao eh um confronto, no meu ponto de vista.
« Última modificação: 20 de Novembro de 2020, 15:15:59 por C R O I X »


C R O I X

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Resposta #35 Online: 20 de Novembro de 2020, 15:28:38
Como eu penso a respeito disso Chefferson.

A primeira verdade e a primeira pessoa.

Quando eu consigo falar e demonstrar a minha própria verdade e ainda consigo colocar minha opinião educadamente em primeira pessoa, eu digo ela é minha, e isso ajuda a legitimar a minha opinião.

Vou reescrever a mesma frase frase, mas agora sem me preocupar que ela seja em primeira pessoa.

Quando vc consegue demonstrar a sua própria verdade e ainda consegue colocar sua opinião educadamente mas em primeira pessoa, digo ela é sua, e isso ajuda legitimar a coisa.

Veja ai em cima eu estou tentando imputar alguma coisa a vc.

Esse assunto é muito interessante, veja, podemos entender um fórum de fotografia como esse como um grupo de trabalho. E dai os conceitos de inter-relação entre as pessoas são validados.

Entre outros quem estudou bem esse assunto foi o psicólogo WILL SCHUTZ. O Marcio deve conhecer.

Existe vasto material na web para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o que ele pesquisou. Trago como referencia esse site que dá uma introdução.

https://www.passeidireto.com/arquivo/64637265/conceitos-da-teoria-de-will-schutz

Retirado do site acima:

"Schutz destacou as implicações de suas descobertas como a interdependência e a estreita correlação que existe em todo grupo de trabalho entre seu grau de integração e seu nível de criatividade. No entanto, Schutz vai mais além nesse fenômeno e inova com sua teoria das \u201cNecessidades Interpessoais\u201d na formação e desenvolvimento de um grupo. Conceito usado para especificar que a integração dos membros de um grupo acontece quando certas necessidades fundamentais são satisfeitas. Com interpessoais quer dizer que só em grupo e pelo grupo essas necessidades podem ser satisfeitas e fundamentais porque são vivenciadas por todo ser humano em um grupo qualquer.
Aponta 03 necessidades interpessoais:
1 \u2013 NECESSIDADE DE INCLUSÃO
2 \u2013 NECESSIDADE DE CONTROLE
3 \u2013 NECESSIDADE DE AFETO."


Se eu pudesse recomendar um livro para ler seria:


https://books.google.com.br/books/about/Profunda_Simplicidade.html?id=LF0KpN2prIIC&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false

Eu acho que dialogos nao depende so da habilidade do intelocutor em se comunicar mas tambem da habilidade do publico em ouvir. E mais uma vez, em ambos os casos vai depender de contexto. Eu acho que saber ouvir, o que significa entender o que o outro diz, eh o mais importante e o mais dificil, pq requer empatia (se reconhecer no outro). Nao eh a toa que eh dito que politica so eh possivel quando as pessoas se veem como iguals.

Tal como a critica de uma obra de arte depende do critico em "ouvir" (sentir) o obra e entender seu contexto em relacao a obra (e se possivel entender o contexto da obra em relacao ao criador dela). Ouvir tambem depende da pessoa entender o contexto do critico.

Eu que faco fotos borradas, tortas, sem foco e com equipamento velho sei que no contexto de um critico que cresceu e aprendeu fotografia alienado na linguagem e reproducao comercial, vai criticar minhas fotos como erradas, pobres, fracas, amadoras, infantil, etc.

Se eu nao "ouvir" a pessoa eu vou levar para o lado pessoal. Para nao levar para o lado pessoal eu tenho que me colocar no lugar da pessoa e entender o contexto particular dela, que eh distinto do meu.

Eu acho que nao ha maior frustracao do que sentir que vc nao eh compreendido. E as pessoas confundem compreencao com concordandia. Vc pode compreender sem concordar.
« Última modificação: 20 de Novembro de 2020, 15:31:58 por C R O I X »


Leonardo Tonin

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Resposta #36 Online: 20 de Novembro de 2020, 15:46:05
Justamente....  Nao da para misturar, ou vira perda de tempo.


marcelo.leme

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Resposta #37 Online: 01 de Dezembro de 2020, 11:20:10
Tema bastante complexo mas vou tentar ser pragmático.
Acho que todos nós reconhecemos que existem fotógrafos de qualidade e
fotógrafos medíocres.
Mesmo que o estilo de um bom fotógrafo não seja o que mais apreciamos somos capaz
de reconhecer elementos em suas fotografias que o qualificam como um fotógrafo competente.
Isso certamente não aconteceu sem trabalho, estudo, dedicação e sem uma analise critica de sua produção
fotográfica, feitos por ele próprio, por seus pares ou pelo mercado (se for o caso).
Entendo que criticas e observações sobre a fotografia que vc realizou são grande fonte de aprendizado, pra quem recebe a critica e também pra quem faz a critica.  Quando nos propomos a criticar, de forma séria, a foto de um colega me parece que demonstramos respeito. Isso exige nosso tempo e generosidade de dividir o conhecimento.
Posso dizer sem medo de errar que as criticas, observações e sugestões que recebi dos colegas do MF foram de grande importância na minha evolução fotográfica, ainda falta muito pra eu aprender, por isso continuo atento as criticas feitas as minhas fotografias e as feitas a outros colegas.
Grande abraço a todos.
Nikon D7000
Nikkor 18-105 VR
Tokina 12-28 mm