Autor Tópico: Como posso evoluir mais ?  (Lida 2066 vezes)

tsacramento

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Online: 25 de Dezembro de 2020, 11:44:41
Boa Tarde!

Galera, estou com uma grande dúvida que está me consumindo... hahahaha! é o seguinte, eu estou atuando na área de ensaios, mas já estudei bastante coisas e já fiz alguns cursos, mas estou querendo estudar mais coisas e não sei o que estudar pra me aprimorar mais ainda.

Eu estou tentando criar um estilo de direção mais suave, que muitos fotógrafos utilizam ( luizclass,isadora,kai ) mas não é tão fácil quanto parece, irei começar colocar em prática essa semana.

Minhas Fotos são bastante elogiadas, mas ainda sei que posso melhorar e preciso da ajuda de vocês que já tem um vasto conhecimento, para me mostrarem um caminho.
 as fotos a seguir são minhas: http://www.tsacramento.com/galeria/ensaio-feminino/


bjorn

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Resposta #1 Online: 25 de Dezembro de 2020, 15:44:02

Se voce quer criar um novo estilo que outros já usam , na realidade voce esta querendo copiar o estilo que outros ja usam ...  :ponder:

So existe um geito de melhorar o seu estilo , que é fotografar sempre .

Gostei apenas de uma foto , mas gosto é algo pessoal .
O grande segredo ( na minha opinião , e que só vale para mim mesmo ) é fazer ensaios , que NÃO se pareçam com ensaios , ou seja , do modo mais descontraido possivel ...

Particularmente , não gosto de fotos de moda , e os meus ensaios sempre foram ao ar livre .
Espero ter ajudado
A P O S E N T A D O  ... fotografia agora SÓ por puro prazer ... !


tsacramento

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Resposta #2 Online: 25 de Dezembro de 2020, 15:50:21
Se voce quer criar um novo estilo que outros já usam , na realidade voce esta querendo copiar o estilo que outros ja usam ...  :ponder:

So existe um geito de melhorar o seu estilo , que é fotografar sempre .

Gostei apenas de uma foto , mas gosto é algo pessoal .
O grande segredo ( na minha opinião , e que só vale para mim mesmo ) é fazer ensaios , que NÃO se pareçam com ensaios , ou seja , do modo mais descontraido possivel ...

Particularmente , não gosto de fotos de moda , e os meus ensaios sempre foram ao ar livre .
Espero ter ajudado

Obrigado pelo feedback! mas não quis dizer copiar, mas sim fazer algo com a mesma vibe. mas o que você me disse faz bastante sentido que é a questão de fazer um ensaio não parecer que é um ensaio.


bjorn

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Resposta #3 Online: 25 de Dezembro de 2020, 20:25:13

Minha esposa e filha sao fotografas , assumiram uma pequena ( pequena mesmo ) empresa que temos na Holanda . No quesito ensaios , o que fizemos , e agora encontra - se parado devido à pandemia , foi adquirirmos um micro onibus , colocamos uma area de troca de roupas ( se fosse o caso ) e maquiagem  , uma area para lanches , e saíamos para um pic nic , ou algo parecido . Apenas isso ja criava uma empatia muito grande , e 90% do serviço estava garantido , faltando apenas as fotos .... fazer isso no Brasil é inviavel , e nunca tentei , mas ser cordial , gentil e tentar ser intimo ( pelo menos naqueles instantes ) facilita por demais os resultados .... o restante vem com a simpatia do fotógrafo   
A P O S E N T A D O  ... fotografia agora SÓ por puro prazer ... !


pkawazoe

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Resposta #4 Online: 26 de Dezembro de 2020, 06:56:35
Seu trabalho é bem legal, gostei das cenas onde as meninas ficam entre folhas, a com reflexo tbm e as cenas nas ruas.

Vc já tem um bom olho, enquadramento, cena, luz, tratamento, momento.

O que eu poderia sugerir é buscar repertório, eu sempre falo que não fotografamos com os olhos mas com o cérebro, e é preciso alimenta-lo
com trabalho de outros fotógrafos, pintura, escultura, musica, cinema, literatura, tudo que nos faça questionar sobre nós mesmo e o mundo a nossa volta,
a arte questiona e as respostas encontramos na nossa própria reflexão, no incomodo dessas perguntas nos fazem.

as sua cenas de rua me lembraram do trabalho desse fotografo,

Philip-Lorca diCorcia

https://br.pinterest.com/leslie_spurlock/philip-lorca-dicorcia/

espero que te inspire.
« Última modificação: 26 de Dezembro de 2020, 06:58:54 por pkawazoe »


tsacramento

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Resposta #5 Online: 26 de Dezembro de 2020, 09:53:09
Seu trabalho é bem legal, gostei das cenas onde as meninas ficam entre folhas, a com reflexo tbm e as cenas nas ruas.

Vc já tem um bom olho, enquadramento, cena, luz, tratamento, momento.

O que eu poderia sugerir é buscar repertório, eu sempre falo que não fotografamos com os olhos mas com o cérebro, e é preciso alimenta-lo
com trabalho de outros fotógrafos, pintura, escultura, musica, cinema, literatura, tudo que nos faça questionar sobre nós mesmo e o mundo a nossa volta,
a arte questiona e as respostas encontramos na nossa própria reflexão, no incomodo dessas perguntas nos fazem.

as sua cenas de rua me lembraram do trabalho desse fotografo,

Philip-Lorca diCorcia

https://br.pinterest.com/leslie_spurlock/philip-lorca-dicorcia/

espero que te inspire.

Opa, Bom dia! muito obrigado pelo feedback... é isso que estou precisando, me aprofundar mais na artes. é como você falou, preciso treinar os sentidos.


pkawazoe

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Resposta #6 Online: 26 de Dezembro de 2020, 13:49:00
Opa, Bom dia! muito obrigado pelo feedback... é isso que estou precisando, me aprofundar mais na artes. é como você falou, preciso treinar os sentidos.

Me lembrei de algo que pode te inspirar, um vídeo e um texto, eles falam sobre uma poética do olhar.

O vídeo é sobre o dia que Joel Meyerowitz conheceu Robert Frank,
Meyerowitz é um grande fotografo de rua, e Robert Frank uma das maiores lendas da fotografia do sécXX
o vídeo está em inglês.

https://www.youtube.com/watch?v=jvRyXju8Fmo

E o texto é do Rubem Alves, que tomei conhecimento aqui mesmo nesse fórum há alguns anos.

A COMPLICADA ARTE DE VER
 
Rubem Alves
 
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!
Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
 
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
 
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
 
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
 
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
 
“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
 
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
 
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.
 
Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
 
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
 
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.
 
Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
 
 
Rubem Alves – Educador e escritor.
Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004.


tsacramento

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Resposta #7 Online: 26 de Dezembro de 2020, 15:44:40
Me lembrei de algo que pode te inspirar, um vídeo e um texto, eles falam sobre uma poética do olhar.

O vídeo é sobre o dia que Joel Meyerowitz conheceu Robert Frank,
Meyerowitz é um grande fotografo de rua, e Robert Frank uma das maiores lendas da fotografia do sécXX
o vídeo está em inglês.

https://www.youtube.com/watch?v=jvRyXju8Fmo

E o texto é do Rubem Alves, que tomei conhecimento aqui mesmo nesse fórum há alguns anos.

A COMPLICADA ARTE DE VER
 
Rubem Alves
 
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!
Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
 
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
 
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
 
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
 
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
 
“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
 
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.
 
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.
 
Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.
 
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
 
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.
 
Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
 
 
Rubem Alves – Educador e escritor.
Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004.

muito obrigado! irei ler hoje mesmo! feliz natal e um prospero ano novo.