Inspirado por
este tópico aqui, escrevo pra contar um pouco como foi o inverno texando de 2020/2021.
Pra quem não acompanhou o noticiário internacional, esta semana foi histórica, com um inverno muito mais rigoroso que o habitual. Na área de Houston, onde moro, chegou a fazer -13 graus C. Em comparação, nos dois últimos anos mal chegou a zero. Reza a lenda que em ano de furacão na região, neva em Houston. Se é verdade, não sei, mas as últimas quatro vezes em que nevou, houve furacão no verão anterior. Foi a temperatura mais baixa desde 1890, quando a temperatura chegou a -14 graus. E este ano foi observada uma quantidade de furacões e tempestades tropiciais como não é vista a muito tempo.
O frio não seria um grande problema se o estado como um todo estivesse preparado: mas não estava. Tubos de alimentação de gás natural congelaram, impedindo a passagem de gás pra geração de energia. As turbinas de vento não são preparadas pro frio e congelaram, parando de girar. Nuvens no céu diminuiram a geração de energia solar. Como resultado, houve falta de energia elétrica em quase todo o estado, justamente quando era mais necessária. Sem energia elétrica, o aquecimento residencial não funciona. Eu fiquei sem energia por dois dias seguidos, o que baixou a temperatura dentro de casa pra casa dos 10 graus. Tivemos que andar bem agasalhados, e colocar os mantimentos da geladeira pra fora da casa, pra não estragar (algumas coisas congelaram do lado de fora).
A tempestade começou na noite de domingo 14/2, com sleet (não sei a tradução pro português, mas é uma espécie de chuvisco de granizo) e ventos gelados. No topo disso, caiu bastante neve. No dia seguinte, essa era a vista do quintal de casa:
1.
Fui com minha filha dar uma volta na rua, pra ver a neve. Já estávamos sem luz nesta hora. Vento gelado e temperatura de cerca de -10 graus.
2.
2.1
As estalactites de gelo mostram que, além de sleet e neve, choveu também. A água congela sobre a neve, tornando-a mais escorregadia.
3.
Os tubos de suprimento de água são expostos e possuem isolamento térmico, mas não pra temperaturas tão frias. Com isso, a água congelou nos tubos, causando rachaduras em algumas conexões.
4.
5.
Minha casa tinha uma válvula anti-congelamento, que deveria abrir antes de a água congelar. A válvula, fabricada nos EUA, falhou e, com isso, o T, fabricando na China, também falhou. Existe alguma lição a ser aprendida aqui, mas não sem bem qual é.
6.
De qualquer forma, quando os tubos descongelaram, essa conexão começou a vazar. A loja de materiais de construção (que funcionava em modo de emergência, com geradores) estava abarrotada de gente precisando consertar a alimentação de água.
7.
Ainda sem energia em casa, também tivemos problemas com o sinal de telefone celular, pra nos comunicar e ter notícias. Algumas vezes por dia, tive que sair de casa com os celulares, pra baixar as mensagens e voltar pra casa. Quando esquentava um pouco (por volta de -6 graus), eu ia de bicicleta.
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9.
Na quarta-feira, esquentou um pouco e a neve começou a derreter, formando longas estalactites de gelo em todos os lugares. Essa tem uns 40 cm de comprimento. Nesse dia a energia voltou, então com água, energia e aquecimento, voltamos a ter alguma normalidade.
10.
Quinta-feira voltou a fazer bastante frio, mas como já estávamos com a casa funcionando, não botamos o nariz pra fora de casa. Sexta-feira fez um dia lindo, apesar de muito frio. Fui de novo passear com minha filha. A neve só resistiu em lugares que pegam menos sombra ou menos tráfego.
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Agora vai ser consertar os tubos de água não essenciais (piscina e irrigação) e podar as plantas que morreram no frio. Uma pena eu não ter fotografado o hibisco coberto de neve.
