Autor Tópico: Pessoas aleatórias e ética na fotografia  (Lida 5138 vezes)

Vinicius Lima

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Resposta #15 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 22:37:21
E isso sem contar a legislação mais recente que trata de assédio, perseguição, pedofilia...

Ao fotografar mulheres e crianças, a linha entre liberdade artística e transgressão é ainda mais tênue.

Insisto no exemplo das imagens 8 e 9 do tópico, onde se descaracterizou o clique aleatório.


pkawazoe

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Resposta #16 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 22:48:24
sobre o assunto em questão lembro de um livro que pode ser útil para consulta,



só não sei se está atualizado.


pkawazoe

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Resposta #17 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 22:59:03
Lembrei de um caso que aconteceu com um fotógrafo chamado Philip-Lorca diCorcia,
em 2001 ele fez alguma fotos de rua na Times Square que resultou num projeto de 17 fotografias que foram vendidas numa galeria de arte,
em 2006 umas das pessoas retratas entrou com um processo contra o artista, o juiz decidiu em favor do fotografo.
É claro que hoje os tempos são outros, mas o assunto é bem atual,
infelizmente não encontrei o parecer do juiz, era um texto muito interessante que levava a uma boa reflexão.

aqui é a foto



e aqui alguns artigos que explicam a situação

https://museemagazine.com/features/2019/9/23/impact-philip-lorca-dicorcia-head-on

https://www.nytimes.com/2006/03/17/arts/street-photography-a-right-or-invasion.html

« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2023, 23:03:17 por pkawazoe »


Vinicius Lima

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Resposta #18 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 23:07:29
Lembrei de um caso que aconteceu com um fotógrafo chamado Philip-Lorca diCorcia,
em 2001 ele fez alguma fotos de rua na Times Square que resultou num projeto de 17 fotografias que foram vendidas numa galeria de arte,
em 2006 umas das pessoas retratas entrou com um processo contra o artista, o juiz decidiu em favor do fotografo.
É claro que hoje os tempos são outros, mas o assunto é bem atual,
infelizmente não encontrei o parecer do juiz, era um texto muito interessante que levava a uma boa reflexão.

Cabe lembrar que a legislação dos EUA é muito diferente da nossa.


pkawazoe

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Resposta #19 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 23:18:57
Cabe lembrar que a legislação dos EUA é muito diferente da nossa.

acho que isso é meio óbvio,

mas nem tudo se resume a questão jurídica

além do mais, ética tbm pode ser uma questão filosófica.
« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2023, 23:20:09 por pkawazoe »


Vinicius Lima

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Resposta #20 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 23:33:43
acho que isso é meio óbvio,

mas nem tudo se resume a questão jurídica

além do mais, ética tbm pode ser uma questão filosófica.

Paulo, pode ser óbvio para mim, para você, mas não para todos.
Hoje as pessoas fazem buscas na internet, encontram algo que em tese justifique suas ações e então acham que está tudo certo. Só que a realidade é bem diferente.
Só por isso fiz questão de destacar a existência de diferenças. :ok:


pkawazoe

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Resposta #21 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 23:36:43






sobre as fotos só achei interessante essas duas, as no geral eu não gosto de fotografia de rua com tele-objetiva,
na minha opinião tem que ser com a normal(50mm) ou grande angular, vc tem que estar perto, a tele dá um sensação de distanciamento,

outro ponto é sobre como vc aborda o assunto que vc está fotografando,
vou deixar um texto que lembrei que exemplifica o que eu quero dizer.

Foram ao casamento com o mesmo vestido!
Ivan de Almeida
abril de 2008
 
Duas mulheres foram a uma festa. Quando uma delas chegou, encontrou a outra usando o mesmo vestido. E o vestido era bonito, vistoso, não dava para disfarçar... todos repararam.
 
Uma copiou a outra?
 
Não. Só, por acaso, compraram na mesma loja do bairro onde moravam.
 
Um fotógrafo posta uma imagem em um site de fotografia. Outro posta uma foto quase idêntica. Variações derivadas de 1/3 de ponto de fotometria, talvez, pequenas diferenças de enquadramento, e um a fez com uma DSLR, outro com uma superzoom (isso aconteceu de verdade hoje). Um alega que a fez antes e o outro a teria visto no LCD da câmera, mas o Exif do outro informa horário 4 minutos antes...
 
No debate, inevitável, foi mencionado ambos terem feito o mesmo passeio fotográfico, e o enquadramento da foto em ambos os casos apenas descrevia o objeto. De frente, plano, chapado. Abordagem direta. Um copiou o outro?
 
Ou trata-se de um caso no qual ambos entregaram a responsabilidade de sua fotografia ao objeto fotogênico? Ou seja, compraram os mesmos vestidos porque a loja os fez iguais ...

Uma fotógrafa, amiga, mostrou certa vez uma foto. No site em que mostrou, foi elogiada, e coisa e tal. Disse a ela que sua foto era demasiadamente dependente do objeto. O objeto interessante criava interesse para a foto. Ela reclamou de minha observação, mas cerca de uma semana depois veio me contar que outra fotógrafa, no mesmo passeio fotográfico realizara uma foto praticamente idêntica.

Inicialmente aborreceu-se com a outra, mas depois compreendeu terem ambas sucumbido ao objeto, e, estando todo interesse concentrado nele, qualquer um faria a mesma foto.
 
São coisas que acontecem. E acontecem porque o fotógrafo entrega ao objeto interessante a sua fotografia. Muitos fotógrafos agem como caçadores de objetos interessantes, como se isso fosse fotografar, e as fotos resultantes dessa caçada pouco mais contém que próprio objeto. Quem fez a foto? O objeto? E no caso das duas mulheres, quem fez o vestido? O que temos nesses casos são fotografias com escassa construção fotográfica, temos “atos de registro”.
 
Porque parece haver na fotografia uma polaridade. Um dos pólos é o objeto, o referente. O outro o ato fotográfico. Nesses casos, temos um referente ativo em demasia, e um ato fotográfico apassivado. Muitas fotografias são assim. Não notamos nelas uma narrativa consistente, um ponto de vista, algo que só esteja na fotografia, não esteja no objeto.  O que há nessas fotografias é o mesmo que havia lá fora da câmera escura.
 
Um fato pode ser contado de muitas maneiras, e todos conhecemos bons contadores de casos. O mesmo caso pode ser maçante ou interessante, dependendo de quem conta. Assim também na fotografia. É na narrativa que a fotografia ganha autonomia e torna-se diferente de uma pura reprodução de algo.





e aqui um video do fotógrafo Joel Meyerowitz sobre o mesmo assunto

« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2023, 23:40:26 por pkawazoe »


vangelismm

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Resposta #22 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 23:37:47
acho que isso é meio óbvio,

mas nem tudo se resume a questão jurídica

além do mais, ética tbm pode ser uma questão filosófica.

Se não me engano, é em Nova Iorque que as janelas dos prédios e casas podem ser fotografados.
O que é visível é público.
E quem não fechou a cortina assumiu o risco.
Teve um caso famoso na justiça de lá que o fotógrafo ganhou.
"A perspectiva de uma imagem é controlada pela distância entre a lente e o assunto; mudando a distancia focal da lente muda o tamanho da imagem , mas não altera a perspectiva . Muitos fotógrafos ignoram este fato, ou não têm conhecimento de sua importância." -  Ansel Adams, Examples – The Making of 40 Photographs


Vinicius Lima

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Resposta #23 Online: 27 de Fevereiro de 2023, 23:53:14
Legal o texto  :ok:, mas acho que trata de uma situação bem diferente da aqui retratada. Afinal era uma festa onde fotógrafos estavam lá justamente para efetuar o registro.

Vamos agora pensar em outro situação. Sua esposa ou filha trabalha em um comércio, um lugar bastante movimentado, e do outro lado da rua todos os dias um cara vai para a sacada do apartamento e fotografa ela chegando pela manhã, saindo para almoçar, indo ao banco, dando um bom zoom para pegar o detalhe da roupa justa...e faz o mesmo com muitas outras pessoas, tudo em nome da liberdade fotográfica.
Isso não a deixaria incomodada? E você, não se incomodaria?
Me parece que é esse o foco do tópico, não o registro fotográfico durante um evento onde se espera haver o tal registro.
Até onde podemos ir no exercício da arte, seja por ganho ou pura diversão, sem violar o direito do outro?
« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2023, 23:55:39 por Vinicius Lima »


Vinicius Lima

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Resposta #24 Online: 28 de Fevereiro de 2023, 00:03:18
Apenas para concluir minha visão sobre o assunto, isso é uma foto onde pessoas são clicadas aleatoriamente, dentro do contexto de espaço público.



Já dar zoom em uma mulher na rua, de costas, ao ponto de quase dar para ver a etiqueta do jeans que está usando, para mim é passar (e muito) do limite.
« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2023, 00:03:42 por Vinicius Lima »


pkawazoe

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Resposta #25 Online: 28 de Fevereiro de 2023, 00:19:04
Legal o texto  :ok:, mas acho que trata de uma situação bem diferente da aqui retratada. Afinal era uma festa onde fotógrafos estavam lá justamente para efetuar o registro.


acho que vc não entendeu o texto.

não é sobre fotógrafos numa festa que fizeram o mesmo registro

é sobre o fotógrafo que entrega ao objeto interessante a sua fotografia, é apenas uma cópia do objeto.


Vinicius Lima

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Resposta #26 Online: 28 de Fevereiro de 2023, 00:26:02
acho que vc não entendeu o texto.

não é sobre fotógrafos numa festa que fizeram o mesmo registro

é sobre o fotógrafo que entrega ao objeto interessante a sua fotografia, é apenas uma cópia do objeto.

Caro Paulo. Entendi perfeitamente o texto. O que não vi foi relação prática (não filosófica) com o assunto do tópico.


Leonardo Tonin

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Resposta #27 Online: 28 de Fevereiro de 2023, 03:48:12
Apenas para concluir minha visão sobre o assunto, isso é uma foto onde pessoas são clicadas aleatoriamente, dentro do contexto de espaço público.



Já dar zoom em uma mulher na rua, de costas, ao ponto de quase dar para ver a etiqueta do jeans que está usando, para mim é passar (e muito) do limite.

Também vejo assim, se o indivíduo passou a ser irreconhecível, ou passou a ser um detalhe muito pequeno na foto, não terá problema na publicação..

De outro modo, se quiser fotografar pessoas, eu sugiro abordar o fotografado antes ou depois do click,  com um sorriso, preparado para escutar um sim ou não. Não tira pedaço.  Tem um site? Mostre. Está aprendendo? fale a real. De a foto impressa ou arquivo com seu nome.
Não use lente grande e cara.






« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2023, 03:52:49 por Leonardo Tonin »


Mike Castro

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Resposta #28 Online: 28 de Fevereiro de 2023, 10:17:57
Vi todas as mensagens, pensei, e concordo com a galera mais ponderada.

Fotograficamente, não vi nada de especial nas fotos, com todo o respeito.

Já nos aspectos juridico, etico, de imagem, dignidade, etc, eu, euzinho aqui, não faria uma foto dessas nunca na vida.

A chance de dar incomodação é MUITO grande.
"Ahhh mas é processo ganho, não tô violando dignidade, blablabla"


Malandro, você fotografou a foto de uma mulher de costas, com a bunda bem no meio do quadro. A chance de você virar um estuprador/assediador/macho escroto/hetero top/sei lá o que é muito grande, AINDA QUE NÂO TENHA SIDO A INTENÇÃO.

Aí vai ter que contratar advogado, ir em audiência (agora tá online, né nem sei rsrs), perder tempo, se preocupar, passar raiva, enfim... Uma grande M****.

Se fosse uma foto de uma praça, por exemplo, abertona em 20mm, com uma igreja ou chafariz, cheia de gente, beleza. Cara vem encher o saco, você mostra a foto, "Aí, tô fotografando o ambiente", pronto.
Uma dessas aí, fechada desse jeito, se o sujeito encrencar, é rolo na certa.

As comparações com eventos esportivos, como o Vangelismm disse, tem que ser amador demais pra não ter isso na inscrição.

Até porque, mesmo que não tivesse isso nas incrições, o cara tá fotografando o evento esportivo, e o sujeito tá lá participando do evento esportivo.

Só para saberem, meu contratinho tosco de casamento, cita direito de eu publicar foto de convidados para portfólio, etc. Porque uma foto da igreja, em 17mm, aparece os 120 convidados. Imagina 120 processos por danos de imagem.



« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2023, 10:20:27 por Mike Castro »


YP

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Resposta #29 Online: 28 de Fevereiro de 2023, 10:29:11
Infelizmente hoje tudo é motivo para processo.
Por isso tem tantos advogados?  :assobi:



Ah, e não esqueça que no Brasil JUSTIÇA não existe.