Agradeço a todos que comentaram, era exatamente essa amplitude de debate que eu esperava. Agradeço também às indicações de livros, fotógrafos e outras referências. Vou conferir com calma.
Acredito que abordaram os principais pontos que eu buscava e, pelo visto, a maioria tende a evitar esse tipo de prática pra evitar dor de cabeça. Pelo que trouxeram e o que pude pesquisar, não há nada que criminalize a priori essa prática, mas eu posso acabar rodando na mão de um Juiz que não for com a minha cara, somado a uma "vitima" suficientemente motivada.
Vou precisar repensar essa atividade, afinal, não precisamos procurar mais problemas além dos que já nos encontram sozinhos.
Apenas mais alguns pontos.
• Aos que sentiram falta de contexto, de fato, o foco é 100% nas pessoas. Capturar a espontaneidade corporal e expressões faciais. Tanto que o crop fica até bem claustrofóbico, já que o entorno não interessa.
• Aos que entraram no mérito qualitativo das fotos, agradeço as análises. E concordo com os que não viram nada demais nos cliques. Na verdade, a graça pra mim é capturar um momento único, de uma pessoa que provavelmente nunca mais vou ver na vida e colocar no meu "álbum de figurinhas" despretensioso. Tanto que nem me dei ao trabalho de pedir análise fotográfica porque, realmente, não há nada demais a ser avaliado. A questão era mais filosófica e jurídica mesmo, mas agradeço aos que foram além.
pkawazoe:
outro ponto é sobre como vc aborda o assunto que vc está fotografando,
vou deixar um texto que lembrei que exemplifica o que eu quero dizer.
Muito boa a analogia do vestido com os sujeitos das minhas fotos, afinal, não fiz os sujeitos interessantes, da mesma forma como quem usa um vestido bonito não o costurou. Apenas capturei um sujeito e há muito pouco mérito nisso. Concordo totalmente com essa visão. Por outro lado, cabe uma particularidade: mesmo havendo pouco mérito, há muito valor. Pra mim, exclusivamente, claro.
Eu sou designer, trabalho com 3d e desenvolvi personagens por uns bons anos. Dado momento, passei a estudar anatomia voltada pro realismo. Nos estudos, eu construía individualmente cada poro do rosto de uma pessoa, buscando o máximo realismo. Esse aqui foi um dos estudos que conclui:
Por diversos motivos acabei não prosseguindo profissionalmente com o realismo, mas o interesse permanece. Acho que, por esse motivo, poder observar uma expressão única, que eu não seria capaz de notar vários detalhes de outra forma que não fosse por meio desse tipo de foto, me deixa bastante satisfeito. Dessa maneira, acredito que meu objetivo com essa prática é justamente sucumbir ao objeto e não capturar nada além do que ele próprio tem a oferecer.
De todo modo, seu ponto é válido pra qualquer um que busque algo além do mero registro e agradeço por ter agregado ao debate.