Oi Rodrigo,
a minha participação aqui é mais para dividir histórias com relação a durabilidade do que para acrescentar, o pessoal já mandou ver muitíssimo bem.
Há uns dois anos achei uma pechincha imperdível - uma Rolleiflex 3.5F com Rolleikin (um acessório para se usar flmes 35mm) por R$300,00 incluindo o frete de Vitória da Conquista/BA para São Paulo SP. Fiquei meio cabreiro, mas como o custo não era alto, no máximo minha estante ficaria mais bonita.
Pelo número de série, foi fabricada em 1960/1961 - 47 anos mais ou menos. A máquina era de um fotógrafo local que devia fazer fotos para documentos, cobertura de eventos locais, casamentos, essas coisas. Ou seja, já era bem rodada. Não sei a história anterior dela, mas deve ter tido uma boa kilometragem em estúdios pelo Nordeste, já que é uma máquina mais destinada a profissionais, principalmente naquela época.
Quando ela chegou, para minha surpresa, estava em condiçnoes bem melhores do que eu imaginava. As velocidades precisavam de calibragem, a lente tinha uns funguinhos, o corpo precisava de uma limpeza geral. Ela tem uma pancadinha na porta traseira perto da base e alguns descascados naturais de uso.
Bom, depois da revisão, a máquina parece nova! O foco é macio, a alavanca de avanço do filme também, é impressionante. A qualidade da lente, uma Zeiss Planar 75/3.5 é mais impressionante ainda, sério. Sei que era uma máquina top na época, comparável às Hasselblads, mas mesmo assim confesso que fiquei impressionado com a sua qualidade.
Fora essa, tenho três Nikons - F2A, F2AS e F3.
A F2A parece nova, era uma "máquina de armário". Foi comprada em NY em 77 e muito pouco usada. É preta e não tem nem aquelas marcas básicas da correia.
A F2AS, também de 77, tem bastante marcas de uso mas não de abuso. A moça que me vendeu é de Florianópolis e ela e o pai faziam muitas fotos de natureza, foi bem usada e ainda está em perfeitas condições de uso, vai durar mais algumas gerações.
A F3 é uma das primeiras, deve ser de 1981, e seu prisma original sofreu uma pancada razoável, deixando ele avariado mas ainda funcional. Achei um igual novinho, na caixa - o cara comprou um HP e vendeu o normal novinho. Nunca deu nenhum problema. O corpo tem suas marcas mas está em bom estado, deve ter tido um uso de amador avançado.
Antes das Nikon tive uma Canon T90. Máquina excelente, com uma característica de fotometragem que deixou saudades - média de até 9 pontos em spot. Bom, fiquei com ela uns 5 ou seis anos, o uso foi mediano nesse tempo. E o pior - troquei o obturador DUAS vezes. Ele simplesmente travava, apareciam os temidos EEEE no visor e nada. Uma das vezes foi durante um workshop com o Duran...
Sinceramente, acho que era um problema daquela máquina específica, um daqueles curtinhos "inacháveis" que acabava sobrndo pro obturador. Já não era muito fã de eletrônicos, fiquei com um certo trauma.
Dessa experiência o que eu tiro é:
- Hoje em dia é tudo descartável
- Sem falar na consagrada obsolescência planejada
- Eletrônica é fantástica, mas se der algum problema, arrume e passe adiante aquela máquina mesmo que seja para comprar outro modelo igual
- O padrão de qualidade de hoje em dia é invejável, mas quando falha, falha MESMO
- Em matéria de durabilidade, nada substitui uma boa máquina mecânica, feita em uma época em que fazer um produto de qualidade, referência mundial, que honrasse o nome do fabricante era mais importante do que o lucro final
Levando isso em conta, opte pela máquina com as funções que você mais precisa/curte, que tenha assistência técnica e um abraço. Caso você já esteja em um sistema (Canon, Nikon, etc.), permaneça nele se o investimento em lentes e acessórios for significante. Senão, não faz mal nenhum olhar sobre o muro.
Por exemplo - a DSLR da Sony tem features MUITO interessantes e a Zeiss está com eles nessa também. Mas ninguém está dando muita bola para eles por enquanto.
Boa sorte, boas fotos e, acima de tudo, divirta-se fazendo o que você curte. Outro dia vi um ditado chinês ou japonês que dizia mais ou menos o seguinte: aquele que trabalha com o que gosta não tem um dia de trabalho na vida. Bacana.
Abraços,
José Azevedo