Autor Tópico: Nova linguagem como digital???  (Lida 1902 vezes)

Rubens Bias

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Online: 11 de Abril de 2007, 22:06:01
Tava pesquisando no fórum e encontrei só um tópico sobre isso, apesar de que vira e mexe aparece no meio de qualquer discussão, então queria propor esse tópico especialmente para pensar o que é o digital da fotografia.

Pra mim, parece claro que o fato de a foto não ser mais em filme e passar a ser em arquivo digital modifica a linguagem com que se fotografa, o modo como a fotografia se apresenta e se faz atualmente. Só que eu acho essa questão pouco pensada e pouco discutida ainda.

O que eu queria saber a opinião de vocês e como cada um vê esse cenário, se concorda que existam mudanças e quais são elas?

Além disso, como a fotografia de cada um é afetada e como está tentando explorar, caso esteja, esses novos horizontes e limites que se apresentam

Grande Abraço

Rubens
RBP
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Rubens Bias

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Resposta #1 Online: 11 de Abril de 2007, 22:07:53
Ah sim, tá aqui uma coisa que eu achei que o Léo Terra faz algumas considerações...
http://www.mundofotografico.com.br/forum/i...wtopic=2970&hl=  
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pedro_raythz

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Resposta #2 Online: 11 de Abril de 2007, 22:25:03
Concordo com o Leo Terra..

Eu, como não tive quase nenhuma experiência com filme, posso apenas dizer que a digital me faz ousar mais, arriscar algumas fotos que demoraria muito para testar no filme.
E sem dúvidas foi muito mais prático para aprender fotografia.. Ver resultados na prática no momento em que se bate a foto faz diferença na minha opinião  :thmbup:  


freakazoid

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Resposta #3 Online: 12 de Abril de 2007, 08:08:29
Acredito que a fotografia digital ajuda a aprender de uma maneira um pouco mais rapida, sem receios de prejuizos e etc... da pra ir na base da tentativa e erro, que no caso do filme poeria não ser tão vantajoso...

Mas assim, pra mim é a mesma coisa...rs falando das fotos em si. Os fundamentows sao os mesmos. Só penso que na fotografia digital, pela fácil tratamento que podemos dar a foto depois a pessoa acaba se acomodando fazendo retoques e vendo as fotos ficarem boas do que evoluir pra realmente tirar essas fotos melhores...

Abraço
Eugênio Brito


Rubens Bias

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Resposta #4 Online: 14 de Abril de 2007, 14:43:56
Será que essa possibilidade de tentativa e erro não nos deixa menos consciente daquilo que precisamos para uma fotografia, além da possibilidade de depois retocar?

Eu tirei só uns 3 filmes com uma analógica que me permitia ter os controles manualmente e eu me lembro de pensar muito mais a cada foto, o que eu queria, como eu ia alcançar aquilo que eu queria, muitas vezes eu perdia o instante e desistia da foto. Na digital tudo me parece mais instintivo, menos envolvido, menos responsável, sei lá, não sei se com todo mundo é assim... Que aprendizado será esse? Digo, até um certo ponto ajuda, na minha opinião, mas depois acho que essa falta de planejamento quase que da essência do digital acaba atrapalhando o desenvolvimento. Ou será que não?

E bater várias fotos até conseguir aquela e saber que aquela está ali, como prova o visor. Não muda alguma coisa?

Ninguém daqui explora nada de diferente em fotografia pela característica ser digital? (Além da possibilidade de ousar mais como disse o Pedro)

Abraço
Rubens
RBP
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guigui

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Resposta #5 Online: 14 de Abril de 2007, 15:22:52
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Será que essa possibilidade de tentativa e erro não nos deixa menos consciente daquilo que precisamos para uma fotografia, além da possibilidade de depois retocar?

Eu tirei só uns 3 filmes com uma analógica que me permitia ter os controles manualmente e eu me lembro de pensar muito mais a cada foto, o que eu queria, como eu ia alcançar aquilo que eu queria, muitas vezes eu perdia o instante e desistia da foto. Na digital tudo me parece mais instintivo, menos envolvido, menos responsável, sei lá, não sei se com todo mundo é assim... Que aprendizado será esse? Digo, até um certo ponto ajuda, na minha opinião, mas depois acho que essa falta de planejamento quase que da essência do digital acaba atrapalhando o desenvolvimento. Ou será que não?

E bater várias fotos até conseguir aquela e saber que aquela está ali, como prova o visor. Não muda alguma coisa?

Ninguém daqui explora nada de diferente em fotografia pela característica ser digital? (Além da possibilidade de ousar mais como disse o Pedro)

Abraço
Rubens
Acho que a tentativa e erro é também uma maneira de aprender, menos completa, muito mais lenta, mas assim mesmo é uma maneira. Acho até bem mais difícil de saber onde estou errando do que onde estou acertando, o que faz desse tipo de aprendizado algo que não me ajuda muito não.
Sou da geração de filme, depois na era digital já fui das que tirava 300 fotos prá usar poucas, então vi que não estava aprendendo quase nada e parei.Voltei prá escola,me formei em fotografia ( meu segundo diploma superior) ,  li dezenas de livros, ainda leio e me informo pela internet sem parar, e hoje quando pego minha digital não faço nem um terço dos cliques que costumava fazer antes. E também voltei a fotografar com filme, dessa vez em médio formato. Muito melhor assim.
Sobre a foto digital ser nova linguagem, acho que é mais profundo que isso : a fotografia digital, e todo o arsenal de programas para modificá-la, é uma grande mudança na realidade fotografada, e como a vemos. Desde pequenos ajustes no contraste até manipulação digital " ilustrativa" , digamos assim, a realidade fotografada não é a mesma no mundo digital e no mundo de película. Mesmo o que foi concebido em película pode ser escaneado e modificado conforme a vontade do freguês.
Qualquer um pode pegar uma foto e dar um tapinha, tirar aquela espinha do rosto, trocar o céu do fundo, colocar uma pessoa na boca aberta do tubarão. E quanto melhor a qualidade desse trabalho, mais distante da realidade ficamos. Se é bom ou ruim, não sei nem me compete saber. Por um lado é maravilhoso fazer um retrato de alguém e entregar uma foto impressa onde a pessoa se veja e se sinta mais bonita. Tem gente que até sai de depressão com coisas assim. Por outro lado, a confiança na imprensa, que, diga-se de passagem, nunca foi lá essas coisas,  cada vez diminui mais. Vejo as tropas no Iraque e desconfio de todas as fotos... já se provou mais de uma vez que várias das que saíram por aí foram modificadas, para favorecer esse ou aquele lado. Acho perigoso e manipulador.
É algo a se pensar. Somos fotógrafos e temos essa responsabilidade, certo?
Acho que fui um pouco mais além da pergunta, acho que vc estava querendo saber mais do aspecto estético talvez, mas achei que esse meu pensamento serve aqui.

()s !

GuiGui


Braga.SP

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Resposta #6 Online: 14 de Abril de 2007, 18:25:55
Pegue uma grande obra de um grande escritor. Pergunte a ele se foi escrito a lápis ou caneta. Se for caneta, então pergunte: azul, vermelha ou preta?

Oras...bolas! Fotografar. Isso é o que de fato importa para quem realmente deseja se expressar, por meio de, e, através desse poderoso veículo de comunicação. Silencioso, sim, mas de um poder magicamente fantástico, e por que não dizer também, fantasticamente mágico.

Por favor (ou PELO AMOR DE DEUS) leiam todo esse tópico. Vejam o que diz o José Azevedo: http://www.mundofotografico.com.br/forum/i...showtopic=15152

Palavras do José Azevedo:

"Fotografia depende do seu olhar, da sua visão. Depende da sua CULTURA fotográfica, da EDUCAÇÃO do seu olhar e de uma boa dose de INCONFORMISMO."

"Uma foto tecnicamente ruim que tenha conteúdo vale muito mais do que uma foto "perfeita" que não diz nada."

Eu concordo com ele. Se isso é uma verdade eu não sei. Se a opinião dele é um fato, do qual pelo menos a gente tem de levar em consideração mesmo que não concorde, eu acho que sim. Depende de como você quer interagir com o mundo que o cerca, bem como, do comportamento que você quer adotar em relação a tudo que te cerca.

Outra forma interessante de ver/entender a fotografia: diz a física: "Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo". Então, a fotografia é uma inigualável maneira de você mostrar ao seu semelhante o que você, quando vê, e, como vê o mundo ao seu redor.

Abraço a todos,

Em tempo: se alguém leu o link acima, comentem a teoria do INCONFORMISMO. Achei um desafio interessante rumo a evolução pessoal.
 
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Rubens Bias

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Resposta #7 Online: 15 de Abril de 2007, 01:45:14
Mas Braga, você não acha que faz diferença para o modo como se escreve se a pessoa por exemplo tem tudo facilmente organizado em um computador, poder corrigir e modificar o meio de qualquer texto, inserir trechos inteiros. O modo como irá se escrever está totalmente dependente de algo que alguém que escreve somente à mão jamais terá. Será que o modo de escrever, a organização necessária para que a inspiração tome forma não são diferentes??? Será que isso não interferirá naquilo que é escrito? Veja, isso não é de forma alguma um elogio à técnica pura, mas uma proposta de pensar aquilo que a técnica permite, facilita e estimula de um ponto de vista mais sociológico e tentar entender como influencia no estilo de cada um no fórum.
Acho que acaba sendo meio difícil de pensar e inclusive de explorar justamente por aquilo que você levantou, parece que um pedido de reflexão sobre o modo de fotografar em digital é impedir a cultura fotográfica, deseducar o olhar e se conformar, não acho que seja o caso. A educação do olhar é o fundamental, por isso ninguém pergunta se a pessoa escreveu com lápis ou caneta, mas será que para os escritores e, no nosso caso, nos fotógrafos, não valeria a pena pensar nas diferenças?

guigui, será que essa parte do tapinha não diz respeito a um maior domínio do fotógrafo sobre o processo da fotografia, que antes estava restrito a ao processo de congelar o momento e agora qualquer um tem acesso àquilo que seria revelar e ampliar a foto, além de poder mexer o quanto for? Antes me parecia que a intenção, a postura era mais passiva, captar o momento, agora aquela frase de FAZER a foto e não tirar é muito mais forte, muito mais concreta. Nesse sentido, acho que nos distanciamos ainda mais do "real". Não seria entretanto somente uma afirmação e uma confirmação de que a fotografia não é uma reprodução? Ao nos tornarmos mais ativos no processo percebemos que fotografia se faz e não se tira???
 
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guigui

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Resposta #8 Online: 15 de Abril de 2007, 02:14:26
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guigui, será que essa parte do tapinha não diz respeito a um maior domínio do fotógrafo sobre o processo da fotografia, que antes estava restrito a ao processo de congelar o momento e agora qualquer um tem acesso àquilo que seria revelar e ampliar a foto, além de poder mexer o quanto for? Antes me parecia que a intenção, a postura era mais passiva, captar o momento, agora aquela frase de FAZER a foto e não tirar é muito mais forte, muito mais concreta. Nesse sentido, acho que nos distanciamos ainda mais do "real". Não seria entretanto somente uma afirmação e uma confirmação de que a fotografia não é uma reprodução? Ao nos tornarmos mais ativos no processo percebemos que fotografia se faz e não se tira???
Rubens,
esse " tapinha"  sempre se fez em filme tb. Qualquer um que um dia revelou uma película nos químicos e no papel sabe que também ali se manipula o resultado, entre contraste, luminosidades, clareando aqui, escurecendo ali. Isso não é privilégio da fotografia digital, muito pelo contrário. Os softwares de " revelação"  digital foram inspirados justamente no que se faz num  quarto escuro. Tudo bem, a foto daquela árvore pode não corresponder `a realidade quanto a contraste, o seu olho ve de uma maneira diferente do meu, eu gosto mais assim, meu vizinho gosta mais assado... eu acho as sombras dramáticas, meu irmão acha um barato.. e por aí vai.
Masssssss........ na digital, depois que ela sai do cartão de memória e entra no PS, só Deus sabe o que é árvore e o que é criatividade do autor. Você pode parar ali, na hora que achou que a árvore corresponde ao que você viu e ao que te parece esteticamente agradável, assim como se faz com filme. Mas de repente vc acha mais legal botar umas nuvens carregadas de chuva ao fundo e aí pronto, foi-se a realidade. Voce faz, sim a fotografia. Ansel Adams iria montar a barraca ao pé da árvore e esperar vir aquela nuvem que vc gostou. Qualquer fotografo digital vai lá, faz a foto da árvore, outro dia faz da nuvem em outro lugar, e junta as duas. As duas fotos podem retratar exatamente a mesma coisa, a do Ansel Adams e a digital. A diferença é que uma existiu, e a outra não.
()s
GuiGui  :bye1:  


MateusZF

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Resposta #9 Online: 15 de Abril de 2007, 10:41:23
Digital só para fotografias, novelas e comerciais.

E para os FILMES DA GRANDE TELA? Porque não se usa digital?
Simplesmente textura!

Então como traçar um paralelo com imagem digitalxpelícula. Se inventarem um sensor que da esta textura difernete em cinema.

abraços
MateusZF
 
Minha máquina fotográfica e prolongamento natural do meu braço.
Foto é algo que depende de uma certa visão... De quem fotografa, de quem vê e de quem interpreta...

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Braga.SP

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Resposta #10 Online: 15 de Abril de 2007, 12:14:48
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[...]
E para os FILMES DA GRANDE TELA? Porque não se usa digital?
Simplesmente textura!
[...]
Mateus,

Perfeita a sua colocação. Observação magnífica!!!!!

Aproveitando, então, o raciocínio: o que diria de tudo isso um Diretor de Fotografia que trabalhe no cinema?

Daí, portanto, entende-se que a fotografia tal como ela é, pura e sem edição, continua sendo em si o objeto de discussão desse tópico. Consequentemente, não importando a ferramenta que foi usada para concebê-la.

E vejam que aqui o verbo CONCEBER toma uma magnitude muito superior: ele se transforma numa "expressão" (entre aspas porque se trata de um subterfúgio ao tentar encontrar uma menção melhor) que nos leva a exigir um estado de consciência mais realista e condizente com os fatos.

Fotografia manipulada ou não, infelizmente (ou felizmente, sei lá) não é exclusidade do profissionais da fotografia. Existem grandes jornais e revistas, por aí no mundo, que elaboram textos completamente alheios à realidade. Existem produtos falsificados, aliás tão bem falsificados, que se passam por originais. Isso é manipulação também, claro, respeitando-se as devidas proporções.

Obviamente, eu não vou negar que a tecnologia nos oferece facilidades das quais seria até uma heresia tentar ignorá-la. Temos, sim, de colocar essas ferramentas a disposição do nosso trabalho para que tenhamos mais tempo para pensar. Observe: voltamos a falar em FERRAMENTA como meio de desenvolver o trabalho; e não um CONCEITO, uma FILOSOFIA. O que será da FOTOGRAFIA DIGITAL daqui há cinquenta, oitenta ou cem anos? Ninguém sabe!!!! Quem sabe, talvez, um chip implantado no cérebro possa captar a imagem que vemos e numa transferência por...rádio frequência...telepatia...ou...(ah! desisto de tentar antever isso) e teremos uma foto impressa.  O quê?! Foto impressa?! Será que isso vai continuar existindo?

Eu não sou contrário a evolução tecnológica. Aliás, eu gosto dela. Verdade, acredite no que digo. Só me incomoda um pouco ver que em algum momento essa evolução tenha mais importância que a própria essência de qualquer tipo de criação: o ato de pensar.

Abraços,
« Última modificação: 15 de Abril de 2007, 12:22:57 por Braga.SP »
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EdsonTaciano

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Resposta #11 Online: 15 de Abril de 2007, 12:42:23
Não posso falar muito, mas acho eu que pelo lado de podermos gastar menos e obtermos resultados muito mais rapido, é uma coisa maravilhosa..agora perunto.

Acho que realmente não é a maquina que tira a foto, e sim quem está por traz, uma mistura de criatividade e sentimentos de cada pessoa, realmente não adianta ter tudo de mais moderno se vc não consegui ter o click na hora que uma borboleta pousa em cima de um cachorro??????

Acho que o grande mal de toda a historia é a desvalorização do proprio fotografo, a falta de credibilidade que ele posso vir a sofrer, estamos em um tempo que vejo as pessoas olhando para uma foto perfeita em detalhes e ja pensando que foi manipulada...realmete os principios básicos da "Photografia" não mudaram, mas sim os conceitos do que é "Criatividade com Praticidade e do que é Pratico", sendo que os dois poderiam andar juntos. Tenho amigos que nunca pegaram em uma maquina, e pegam fotos e fazem montagens lindas..sera que estes serão os nossos fotografos do futuro?

No fundo acho que os dois lados tem seus  pros e contras, mas o que muda em tudo isto é o conceito de quem faz a leitura e de quem fabrica a leitura a ser passada..

Não sei se estou certo ou não...."Apenas é o meu pensamento"" deixo o resto para os "Fotografos"


guigui

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Resposta #12 Online: 15 de Abril de 2007, 13:19:11
" Não posso falar muito, mas acho eu que pelo lado de podermos gastar menos e obtermos resultados muito mais rapido, é uma coisa maravilhosa..agora perunto."

Edson, isso é uma ilusão, pelo menos entre profissionais. O custo da fotografia digital é mais alto que a de filme, se vc considerar computador, software, ftp, server, storage, as próprias câmeras que são mais caras, e a necessidade de repor parte desse equipamento em menos de 2 anos pq se torna obsoleta. Mas isso é uma outra história... ;)

" Acho que o grande mal de toda a historia é a desvalorização do proprio fotografo, a falta de credibilidade que ele posso vir a sofrer,   "

Realmente, com essa facilidade, todo mundo se acha fotógrafo. O sujeito vai lá, faz 300 fotos, consegue uma boa, e mostra pra todo mundo. Hmm.

" Tenho amigos que nunca pegaram em uma maquina, e pegam fotos e fazem montagens lindas..sera que estes serão os nossos fotografos do futuro?"

Mas lembrando, fotografia é arte, e tem muita gente talentosa que não precisa de muita orientação para criar coisas bonitas. A gente tem é que descondicionar os olhos de ver o que é bonito, agradável, que faz pensar, que tenha um valor emocional, daquilo que é tecnicamente perfeito. As duas coisas podem até acontecer juntas, mas ninguém disse que é obrigatório. Claro, se vc tem um cliente que quer ver arte e técnica na mesma foto, vc tem que fazer.

()s

GuiGui


Marcos Moura

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Resposta #13 Online: 18 de Abril de 2007, 01:46:43
Bem galera, legal que uma discussão dessa está pegando, acho ela essencial em qualquer momento, mas principalmente agora em que vivemos esse momento de rápida e radical transformação no processo fotográfico.

primeiro lugar discordo muito da posição de olhar para toda essa tentativa de refletir sobre a mudança no processo fotográfico como que desdenhando-a, deixando-a de lado em prol de um essencialismo da fotografia que nunca se alterará. Ao meu ver, qualquer produção artística (ou não) é mediada e em grande parte determinada por seu suporte técnico.
A fotografia progrediu muito, assim como sua linguagem, tudo isso sempre junto com as renovações tecnológicas (assim como a invenção da própria foto!). Mas é com isso que temos que ter cuidado: isso nao acontece simplesmente por acaso, mas seguindo a mesma lógica que rege outros aspectos do mesmo contexto. vamos ver se explico melhor: a própria invenção da fotografia aconteceu em um contexto em que se procurava, através de calculos, regras e tecnicas (da razão, pode-se dizer) apróximar-se cada vez mais da realidade. (todos sabem aquela história da caixa escura e etc..). Desde então ela segue as regras da modernidade: acelerar o processo, diminuir os custos, otimizar e massificar.
Nesse ponto, a fotografia diginal é apenas a consequencia contemporânea de todo esse processo moderno, portanto nenhum bicho de 7 cabeças, nenhuma anti-arte ou arte aprimorada. Sua característica principal: acelerar o processo e baratear os custos. Mas e a manipulação?? bom, já existe desde que inventaram o primeiro ampliador.. Rodtchenko já tirava políticos indesejados das fotos que seria divulgada nas mídias russas em 1920. Vcs sabiam que existem filtros óticos para reduzir rugas em retratos?? pois é, nada de novo com o PS. O preview também já existia, só que era necessário ir a um laboratório ou apelar para uma polaroid. Agora, em algum milesegundos, descemos nosso olho às telinhas atrás das cameras e temos uma idéia do que ela será.
Bom, isso por um lado.
Por outro, temos um quadro bem diferente: não temos mais uma photo graphia (escrita com a luz). Não há suporte físico algum que comprove que alguma luz proveniente da realidade impregnou nosso CCD, como tínhamos com o negativo. Dá pra brincar que temos uma pixel graphia hehehehehe
Bom, isso segue um outro processo mais recente que vivemos: a imaterialização. Bom, daí já entra em outros papos de pós-modernidade e o sei-la-o-quê-à-quatro que poderíamos discutir aqui se quiserem.
mas quais as consequencias disso na fotografia?? bom, primeiro: o volume de imagens aumenta estrondosamente. Segundo: o fluxo. Terceiro: não há mais autor para os nossos cliques. Como assim?? é, a foto, aquela que sai de nossos brinquedos digitais, agora, é mais do que nunca um produto bruto: Se antes o fotografo de publicidade recebesse um pedido de fazer uma foto em uma praia com 5 coqueiros iguais e uma modelo x, ele teria que achar uma tal praia, levar a modelo, equipamento e blah blah, e fazer a tal da foto. Hoje o publicitário (veja bem, nada de fotógrafo aqui) apenas compra os coqueiros num canto da internet, a praia em outro e a modelo em mais um e junta tudo como quiser. O fotógrafo, aquele que dá os clicks, virou um fornecedor de matéria prima, enquanto antes ele era quase um artesão, que cuidava do processo e entregava o material quase todo pronto.
tirar 300 fotos e ter uma ou duas boas não é um feito apenas do fotografo amador, aquele que juntou uns trocos pra comprar sua digital e agora rouba o lugar do profissional nos casamentos da tia, primo e familiares afins. Mas é algo inerente a fotografia digital. Me diz se faz sentido o romantismo lindo e maravilhoso do Cartier Bresson do momento decisivo, da hora em que a foto se faz diante de seus olhos e blahblah hoje em dia em que pode-se "ter" "todos os momentos"? se pra ele fotografar era como um tiro (aquele que une mente, olho e coração em uma reta...), ou mesmo se era como "bater carteiras" como ele mesmo disse, hoje, a foto digital é como uma metralhadora ou um arrastão! hehehe (Acredite, existe um celular com camera aonde vc menos espera, e hoje eles já existem até com 10 mp)
Você não vai esperar aquele fulano que está andando no fundo de seu quadro chegar no "ponto ouro" para fazer a foto, você vai tiarar umas 10 fotos dele percorrendo todo o seu quadro, e DEPOIS ESCOLHERÀ a que melhor representar a sua vontade expressiva. Ou seja, o trabalho, ao meu ver, mais importante do fotógrafo hoje é o da pós produção! É lá que ele vai compor uma narrativa, escolher os seus "momentos decisivos" (!!rsrsrs!). só que isso acontece junto a ferramentas de edição poderosas, em que ele poderá mesclar uma foto em outra, controlar as cores, o contraste, a luminosidade (os pixels!!) e tudo o mais que se possa imaginar a fim de chegar a essa imagem que ele pretendia no início do processo.
Por isso acho muito importante refletir sobre tudo isso pois esse processo técnico tem grande impacto sobre nossa arte. Assim não cairemos na pequenês de tentar fazer a digital se parecer o máximo possível com o analógico em um saudosismo descabido e poderemos explorar uma linguagem que é própria desse novo suporte técnico que é o aparato digital que não envolve apenas a camera, mas também o armazenamento, tratamento e divulgação (impressa, on-line ou como for) que são próprias desse processo radicalmente novo que vive a fotografia.

bom, desculpa ser tão longo, mas é um tema intrigante para mim e teria ainda um bocado mais de coisas para dizer hehehehe
 :heat:
Abs
Marcos Moura :snack:  :thmbup:  


Thiago Sigrist

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Resposta #14 Online: 18 de Abril de 2007, 08:25:46
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Digital só para fotografias, novelas e comerciais.

E para os FILMES DA GRANDE TELA? Porque não se usa digital?
Simplesmente textura!

Então como traçar um paralelo com imagem digitalxpelícula. Se inventarem um sensor que da esta textura difernete em cinema.

abraços
MateusZF
Eu costumava dizer isso também, mas calei a boca depois que fiquei sabendo que o filme Colateral, com o Tom Cruise (em um papel de vilão) foi filmado com digital. Mais especificamente, uma câmera Thomson Viper.

Eu achei esse filme bem bacana pela fotografia, com o uso de lentes super claras, usadas abertas, escancaradas mesmo, nas cenas noturnas, pouco iluminadas. Fica muito pouca coisa em foco, e as imagens são muito limpas (pouco ou nenhum 'grão' visível) e nítidas (nas áreas em foco).

Eu saí do cinema achando que tinha algo diferente ali, um certo caráter da imagem que eu nunca tinha visto em um filme de cinema, certamente por essa quase ausência de grão visível e pela descrição das sombras e baixas luzes.

Só agora, muito recentemente, cerca de semanas atrás, é que descobri que esse filme foi filmado com digital. Foi um susto, mas foi um susto legal! ;)

Ah claro, outro filme famoso a ser "filmado" com digital foi A noiva-cadáver, animação do Tim Burton. As cenas foram feitas em stop-motion com uma câmera Canon EOS-1D Mark II (usando lentes Nikon, o que é bizarro). Foi também o primeiro filme de cinema feito com câmeras fotográficas. :)

Enfim, tudo isso pra falar que a cinematografia digital, apesar de engatinhando, tem tudo pra crescer E MUITO, principalmente com o lançamento de câmeras de altíssima qualidade, que filmam em 8-12MP em RAW etc etc (ver RED ONE e Dalsa Origin).

Acho muito legal, porque o filme não morrerá, mas existe claramente uma nova opção, que é a captura digital, e em minha opinião, suas possibilidades técnicas e sobretudo estéticas, merecem (e devem!) ser exploradas por fotógrafos e cinematógrafos por aí, sem preconceitos. :)

Abraços!

 -- thiago
Thiago Massariolli Sigrist
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