Autor Tópico: [ARTIGO] Reflexões sobre a fotografia de espetáculos  (Lida 36475 vezes)

Ivan de Almeida

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Resposta #30 Online: 12 de Setembro de 2007, 07:14:03
Citar
Mas se falando em fotografia comercial/publicidade, no caso não seria interessante o fotógrafo captar pura e simplesmente para promover o artista ou peça?

Tem toda razão. No caso de fotografia de publicidade, isso não se aplica, pois na verdade o público precisa ver o exagero para sentir-se atraído.


Leo Terra

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Resposta #31 Online: 12 de Setembro de 2007, 11:02:14
Ivan sua visão sobre a interpretação é muito acurada, na verdade tenho defendido essa visão do bom artista, que cria personagens tão humanos que se passam por verdadeiros. O bom artista é aquele que tem autoridade cênica e acima de tudo que vive o personagem com tanta intensidade que realmente não parece que ele está interpretando.

Discordo quanto ao caso da fotografia de publicidade, acredito que cabe ao fotógrafo sintetizar o personagem, assim como os grandes mestres sempre fizeram, o bom fotógrafo conseguirá explorar a figura do personagem mostrando sua essência, na verdade essa é a própria essência da fotografia de cinema e que pode ser carregada para a fotografia comercial do teatro. A questão que penso aqui é quais seriam as propriedades necessárias para um fotógrafo de espetáculo... Para mim o fotógrafo de espetáculo tem que ser um foto jornalista documental ao mais puro estilo Cartier, conseguindo mostrar o espírito de cada um dos personagens (e não o forçado) e a dinâmica de cada uma das cenas, fazendo isso é quase certo que as fotos terão eficácia comercial. O drama humano chama muito mais atenção do que o exagero e se o ator corresponde à expectativa de produzir esse drama e o fotógrafo é capaz de transmitir a cena de forma que o observador viva este drama, então teremos uma grande foto publicitária de Teatro. ;)
Leo Terra

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Ivan de Almeida

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Resposta #32 Online: 12 de Setembro de 2007, 11:09:41
Leo;

Eu concordo com você. O que temos aqui é uma distinção sutil que exige do fotógrafo portar-se como um Bresson, isto é, saber pegar o que não é falso e produzir uma imagem que interesse.

Minha mensagem anterior respondendo ao leandro dá conta apenas do que é corriqueiro, pois, afinal, portar-se como um Bresson não é fácil -risos.


LeandroFabricio

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Resposta #33 Online: 12 de Setembro de 2007, 13:02:22
 Hunn... É, acho que viajei um pouco na idéia.

 Pensando por esse lado o fotógrafo não irá mesmo interferir na cena ou na interpretação. Ele apenas irá mostrar como ele vê a apresentação e dependendo do olhar do fotógrafo é que teremos uma boa ou uma má fotografia para qualquer que seja o objetivo desta.
 
 Leo, acredito que seja um bom exemplo para a frase da sua assinatura. Pura e simplesmente isso.

 Até mais,
 Leandro
São Paulo - SP


Julio Santos

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Resposta #34 Online: 12 de Setembro de 2007, 13:25:34
Galera lendo o tópico me veio a cabeça uma situação a qual vivi num show do Lulu Santos em BH.
Numa foto onde eu queria um pouco do publico e palco. Estava  com um tripe e de acordo com  fotometria a velocidade seria muito baixa, porém pegaria as condições de luz do local. Fiz a foto. Captei o publico e o palco, porém cade Lulu Santos? Durante a foto ele se movimentou e não apareceu. Claro isso ocorreu por causa da velocidade. Pergunto lhes então. Como eu faria pra captar essa luz mas preservando a imagem dele e sem usar o flash, até porque não adiantaria nada de onde eu estava. Se eu aumentasse a velocidade ficaria escuro, então o que deveria ter feito. Estava usando ISO 800, grande angular.
Agradeço desde já.
Julio Cesar dos Santos
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Leo Terra

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Resposta #35 Online: 12 de Setembro de 2007, 13:31:14
Rs... Leandro essa frase da assinatura é minha, acho que é por isso que ela reflete tão bem o que eu queria dizer rs...
« Última modificação: 12 de Setembro de 2007, 13:33:06 por Leo Terra »
Leo Terra

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Resposta #36 Online: 12 de Setembro de 2007, 13:32:39
Julio ai é uma questão técnica, você teria que usar o flash como segunda fonte de luz e teria que trabalhar com o fundo ligeiramente subexposto.
Leo Terra

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LeandroFabricio

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Resposta #37 Online: 12 de Setembro de 2007, 13:56:38
Leo,

Eu sabia que era sua quando escrevi.

Eu também acredito que fotografia de espetáculos tenha que ser dessa forma.
De qualquer forma eu acredito na a parte: "visualizar a dinâmica da cena segundo a visão do fotógrafo" permite a quem fotografa mostrar algo muito diferente do que outro espectador possa ver. E isso nem sempre tem ligação com a técnica, mas está muito mais ligado a cultura mesmo.
 E se só o fotógrafo teve essa visão da cena irá parecer que ele "manipulou" o momento mostrando algo que não existia para outras pessoas, mas somente para ele.
  Ahh, isso é muito complexo para uma quarta-feira de muita dor-de-cabeça.

 Leo, o que acha de dividir esse tópico criando um para conversarmos sobre essa parte do olhar separado da reflexão que o Bruno fez que está muito mais ligado à tecnica. Sinto que talves a gente tenha disvirtuado um pouco o tópico.

 Até mais,
 Leandro
São Paulo - SP


Julio Santos

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Resposta #38 Online: 12 de Setembro de 2007, 14:00:59
É... seria uma opção, não pensei nisso.
Valeu
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Miliandre Garcia

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Resposta #39 Online: 12 de Setembro de 2007, 15:50:18
Leandro:
Não sei para os demais integrantes, mas eu estou achando interessante acompanhar as dicas técnicas em paralelo a este novo rumo que tomou a discussão sobre fotografias de espetáculos. Penso que se separá-lo, um tópico tão precioso pode morrer.
Bem, não sei, é só mais uma opinião.
Abraço.

P.S.:
Esses dias li uma entrevista com Cartier-Bresson, de Sheila Lerner, que ele diz o seguinte sobre seu trabalho:
"É preciso estar disponível. É preciso olhar. Há muito poucos que olham, vêem, identificam. Nas exposições, a maioria dá uma olhada rápida e vai direto nas etiquetas, pergunta de onde vêm as obras e quanto custam, ainda por cima".
"Cada um tira prazer daquilo que quer. Mas o olhar é, sobretudo, uma questão de sensibilidade".

Penso que essa sensibilidade se constitui por uma junção de elementos desde características pessoais até elementos sociológicos e influências externas.
No caso da fotografia de espetáculos, essa sensibilidade pode se manifestar de diferentes maneiras, desde a representação mais exagerada dos movimentos dos artistas até elementos mais subjetivos e intimistas.
Eu, particularmente, adoro um fotógrafo de jazz chamado Herman Leonard pois acho que ele consegue captar o intimismo característico de determinados músicos e a naturalidade dos ensaios etc.
http://www.hermanleonard.com/gallery.html
Veja outro exemplo, o de William Claxton, as fotografias são maravilhosas, porém priorizam o glamour do universo musical, dos ídolos do jazz, as cenas parecem menos naturais e mais "posadas".
http://www.williamclaxton.com/movie.html
Tem outro também que me parece sintetizar esses dois estilos.
http://www.jazzphotos.com/cart.php?m=product_list&c=7
Enfim, essa é uma observação apressada, não me detive a cada um deles com o cuidado que merecem, mas são impressões gerais que, de certa forma, têm a ver com a nossa discussão aqui sobre espetáculos.
Abraço.


« Última modificação: 12 de Setembro de 2007, 16:22:49 por Miliandre Garcia »


Leo Terra

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Resposta #40 Online: 12 de Setembro de 2007, 16:07:29
Também acho que o assunto está indo bem... O relacionamento está positivo, afinal técnica e linguagem estão entrelaçados... :)

A questão de desvirtuar é básica na fotografia, nenhum fotógrafo fotografa a realidade, na verdade todos fotografam sua visão da realidade (alguns que não dominam a técnica fotografam algo sobre a realidade que tbm não é realidade..rs), então sempre que vemos uma fotografia estamos vendo algo que representa uma realidade específica do fotógrafo, que inclusive é distorcida pela própria visão do observador.
Então eu complementaria aquela frase (não lembro se é exatamente assim) "A fotografia não mente, mas mentirosos fotografam", da seguinte forma: “A fotografia não mente, mas mentirosos fotografam e observam”. ;)
Leo Terra

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B.Gomes

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Resposta #41 Online: 19 de Setembro de 2007, 14:02:13
Eu penso, Bruno, que o dito por você está muito próprio, e no entanto não dá conta do principal que é evitar a tomada citativa. O pesonagem do Proust vai ao teatro (No Caminho de Guermantes) ver uma famosa atriz e fica decepcionado, pois ela não "representa" como ele esperava. Ela o decepciona por não dar a ele a caricatura da representação que ele esperava ver. Ela dá algo somente mais tarde compreendido, que é a reprensentação que não se afirma como tal, somente (somente?!) apresenta o personagem, sem a toda hora demonstar "estou representando". Os americanos chamariam de Cool.

Nos espetáculos, via de regra, são manifestadas por parte dos atores ou músicos diversas atitudes do tipo "estou representando", ou "estou em delírio com o instrumento", que na verdade são falsas atitudes, são atitudes que regalariam o personagem do Proust no primeiro momento, pois são atitudes de confirmação do tipo "aqui estou fazendo arte". Mas a tal grande atriz era grande porque recusava isso, somente representava, não ficava citando a própria representação como substituta da verdadeira representação.

Então, eu digo que me agradam mais as fotografias de espetáculo que não se acumpliciam com o "estou representando", com o "estou solando a guitarra", etc, mas simplesmente capturam a imersão verdadeira de quem atua no que faz, para além dos gestos excessivos com que muitas vezes pensam passar suas emoções que no fundo não passam de más representações.

Grande abraço,
Ivan

Nossa, o tópico voltou com tudo...rsrsrs

Bom, Ivan, acho seguinte: independente do fato da representação do artista em cena ser forçada, mentirosa, sutil, verdadeira, etc, há sempre uma proposta sendo apresentada. A performance pode ser considerada boa ou ruim, mas isso é secundário. Na fotografia, me proponho a acompanhar, interpretar a abordar fotograficamente a performance que, digamos, me é oferecida por quem está no palco. Se durante essa performance o artista tiver a "imersão verdadeira de quem atua no que faz" (e cabe relativização sobre a precisão da expressão "imersão verdadeira"), ótimo. As fotos serão mais significativas e o trabalho será muito mais interessante. Entretanto, se o máximo que for feito em cena forem performances estereotipadas, tudo bem. Vamos trabalhar em cima disso e tentar fazer o melhor possível com o que nos é oferecido. Claro que estou falando isso pensando na fotografia profissional. Pessoalmente posso preferir essa ou aquela forma de atuar (ou de "viver" a experiência da representação), mas profissionalmente tenho que respeitar a proposta (também profissional) de quem está no palco.

Se entrarmos no campo das preferências pessoais, aí concordo plenamente contigo.

Um grande abraço, Ivan.

(Ah, meu pai está se mudando pro Rio, acho que qualquer hora vou dar uma passada por aí. Se a coisa se confirmar, te aviso pra ver se podemos marcar alguma coisa)


B.Gomes

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Resposta #42 Online: 19 de Setembro de 2007, 14:07:08
Galera lendo o tópico me veio a cabeça uma situação a qual vivi num show do Lulu Santos em BH.
Numa foto onde eu queria um pouco do publico e palco. Estava  com um tripe e de acordo com  fotometria a velocidade seria muito baixa, porém pegaria as condições de luz do local. Fiz a foto. Captei o publico e o palco, porém cade Lulu Santos? Durante a foto ele se movimentou e não apareceu. Claro isso ocorreu por causa da velocidade. Pergunto lhes então. Como eu faria pra captar essa luz mas preservando a imagem dele e sem usar o flash, até porque não adiantaria nada de onde eu estava. Se eu aumentasse a velocidade ficaria escuro, então o que deveria ter feito. Estava usando ISO 800, grande angular.
Agradeço desde já.

Eu usaria em primeiro lugar Raw, subiria o iso pra 1600, faria a foto com a velocidade mínima que considerasse boa para "congelar" o músico e depois puxaria a exposição na hora de converter o arquivo. Um outra opção seria usar um flash fora da câmera para iluminar a platéia, mas não uso isso.
Um abraço!


Guto Marc

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Resposta #43 Online: 19 de Setembro de 2007, 15:59:47
Galera lendo o tópico me veio a cabeça uma situação a qual vivi num show do Lulu Santos em BH.
Numa foto onde eu queria um pouco do publico e palco. Estava  com um tripe e de acordo com  fotometria a velocidade seria muito baixa, porém pegaria as condições de luz do local. Fiz a foto. Captei o publico e o palco, porém cade Lulu Santos? Durante a foto ele se movimentou e não apareceu. Claro isso ocorreu por causa da velocidade. Pergunto lhes então. Como eu faria pra captar essa luz mas preservando a imagem dele e sem usar o flash, até porque não adiantaria nada de onde eu estava. Se eu aumentasse a velocidade ficaria escuro, então o que deveria ter feito. Estava usando ISO 800, grande angular.
Agradeço desde já.

Usar ISO 1600/3200 e lentes mais claras.... 2.8, 1.8, 1.4
Um fotógrafo que só escreve e não mostra suas fotos está na profissão errada


Ivan de Almeida

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Resposta #44 Online: 20 de Setembro de 2007, 08:49:26
Citar
(Ah, meu pai está se mudando pro Rio, acho que qualquer hora vou dar uma passada por aí. Se a coisa se confirmar, te aviso pra ver se podemos marcar alguma coisa)

É obrigatório. Vindo ao Rio é sua OBRIGAÇÃO -risos- avisar-me!

Quando ao seu comentário, Bruno, eu faria uma distinção. A escolha do fotógrafo pode, independentemte da proposta do espétáculo, ser voltada para reiterações ou para captura de aspectos sutis. Mesmo o espetáculo não sutil tem aspectos sutis, pois estão presentes seres humanos nele.