Autor Tópico: Revelação P&B, Comprei os químicos, e agora?  (Lida 27227 vezes)

Francisco

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Resposta #45 Online: 25 de Março de 2008, 12:25:42
Pessoal, comecei a revelar PB em casa pra valer depois de fazer um curso. Ao todo, já revelei uns 4 rolos (2 no curso e 2 em casa), mas ainda não fiquei satisfeito plenamente com nenhuma revelação. Na primeira revelação em casa, acho que exagerei na lavagem, deixava o filme raspar nas paredes da bacia sem muito critério.

Resultado: negativo com vários riscos.

Na última, feita ontem, tomei mais cuidado na lavagem, porém não levei muito em conta que o fixador estava sendo reusado e... o resultado foi um negativo cheio de pontos, que eu suponho que sejam restos de emulsão que não foram removidos durante a fixação.

Aí vão as fotos (não coloquei na galeria porque a idéia aqui é fazer uma análise técnica da revelação e não da composição em si):





Quem quiser dar algum palpite sobre os pontos nas fotos, fiquem à vontade. Também queria dicas para reduzir o contraste e a granulação durante a revelação. O filme usado foi um Tri-X 400, revelado em 10min a 19/20º.

Francisco Amorim
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Francisco

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Resposta #46 Online: 31 de Março de 2008, 11:16:08
E a saga continua... ontem peguei um negativo desses bem sujos e resolvi fazer uma experiência: lavei uma pequena tira de 4 poses de novo; submergi-a numa jarra d'água, lavei as mãos para tirar alguma gordura dos dedos e passei o dedo na película suavemente para remover alguma partícula mais resistente. A seguir, deixei-a secando no banheiro por cerca de 1h e mandei para o scanner de novo.

Resultado: a foto ficou com 90% menos pontos e riscos. Assim, provavelmente o meu problema se deve à poeira que adere ao filme durante a secagem. Estou estudando uma forma de evitar que isso aconteça.
« Última modificação: 31 de Março de 2008, 11:17:28 por Francisco »
Francisco Amorim
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lambe-lambe

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Resposta #47 Online: 31 de Março de 2008, 12:07:14
Francisco,
Estou acompanhando sua pesquisa em reveleção. A notícia do passo-a-passo e das dificuldades enfrentadas ajuda muito quem desejar fazer o mesmo. Quando julgar que atingiu um bom resultado, dá pra fazer um artigo/tutorial.
« Última modificação: 31 de Março de 2008, 12:08:19 por lambe-lambe »


Kika Salem

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Resposta #48 Online: 09 de Abril de 2008, 13:50:12
E a saga continua... ontem peguei um negativo desses bem sujos e resolvi fazer uma experiência: lavei uma pequena tira de 4 poses de novo; submergi-a numa jarra d'água, lavei as mãos para tirar alguma gordura dos dedos e passei o dedo na película suavemente para remover alguma partícula mais resistente. A seguir, deixei-a secando no banheiro por cerca de 1h e mandei para o scanner de novo.

Resultado: a foto ficou com 90% menos pontos e riscos. Assim, provavelmente o meu problema se deve à poeira que adere ao filme durante a secagem. Estou estudando uma forma de evitar que isso aconteça.

Oi Francisco!
Comecei a fazer um curso e parte dele é revelação P&B, filme. Hoje fizemos isso exatamente.
No processo de secagem e manuseio do filme grudam partículas que acabam interferindo na revelação. Na escola, depois de revelar, eles lavam o filme com uma solução misturada de água e detergente para tirar todos os resíduos. O professor também falou de um produto pronto próprio para isso, mas que tem a mesma função da mistura. É assim que você faz?
O revelador do filme é um produto específico, elaborado numa pesquisa de doutorado do prof. Ênio Leite, que leva 3 minutos apenas para revelar. Vou me informar direito sobre isso.
Na revelação tive problemas com partes subexpostas e outras superexpostas, mas as imagens não tinham nenhum sinal de resíduo.
Vou fazer um roteiro, antes que eu esqueça de tantos detalhes, e lhe envio.


Francisco

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Resposta #49 Online: 09 de Abril de 2008, 14:14:22
Obrigado, Kika, qualquer material é bem-vindo. Quanto à revelação rápida, eu tenho as minhas dúvidas se isso pode ser bom. Em ambientes com temperatura extremamente controlada e tempos precisamente cronometrados, pode ser uma boa, mas creio que uma revelação "caseira" rápida demais possa provocar grandes desvios sob mudanças sutis de temperatura/tempo. Se você puder postar fotos no fórum com este químico, pode-nos encorajar a tentar esse método.

O líquido que eu uso para fazer a secagem uniforme é o tradicional Kodak Photo Flo. No curso de revelação que eu fiz, usamos Aspergol, que é o "clone" brasileiro de Photo Flo. Também já ouvi falarem em detergente, mas nunca tentei. Com o Photo Flo a secagem tem sido perfeita, sem nenhuma marca. Com o Aspergol, cheguei a observar marcas uma vez. Mas o Photo Flo e similares servem para produzir uma secagem uniforme, sem marcas de água, gotículas, etc. O problema do pó aderir ao filme durante a secagem o Photo Flo não resolve.

Quanto ao pó, já recebi várias dicas e aí vão algumas:

1. A melhor: comprar uma estufa específica para secagem de filmes, com isolamento de pó. Tem uma da Atek que custa 1900,00, mas tem uma pessoa vendendo aqui no fórum por 1100,00. Como o meu uso é amador, essa solução não me serve :P

2. Colocar naquelas secadoras de roupas fechadas, com resistência elétrica. Essa parece mais viável para quem já tem uma secadora dessas em casa.

3. Secar no banheiro logo após o banho. Já ouvi alguém dizer que com o vapor do chuveiro nas paredes, o pó fica mais comportado.

4. Secar apenas pelo tempo suficiente de o filme não pingar; A seguir, levar para o scanner e digitalizar tudo, sem riscos; depois, terminar a secagem ao ar livre para poder armazenar o filme com segurança. Nesse caso, se pegar pó tudo bem, pois o filme já foi digitalizado e o negativo é apenas um "backup".

5. Se o filme já estiver empoeirado, proceder com a lavagem de novo e seguir o procedimento descrito em (4).

O que faz o filme pegar pó é o tempo de secagem e o local de secagem. Se eu deixar o filme secando no banheiro por 1h, vai ter muito menos pó do que se ficar secando por 10h. O que eu busco é um meio termo... se o filme ficar com uns 2 ou 3 risquinhos por foto tá ótimo, isso é fácil de eliminar com a ferramenta clone dos editores de imagem. O problema é que nas fotos acima, é trabalho para mais de 1h em cada foto.

Se você tiver outra estratégia mais eficaz e simples, eu agradeço!
« Última modificação: 09 de Abril de 2008, 14:23:13 por Francisco »
Francisco Amorim
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Kika Salem

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Resposta #50 Online: 09 de Abril de 2008, 20:04:23
Olá Francisco:
Eu postaria as fotos se tivesse como escaner agora, mais como exemplo porque, como disse, partes sub e superexpostas numa mesma fotografia interferiram no resultado final. Bem, posso fazer isso numa amiga, mas vai demorar um pouco mais.
As instruções que disponho são muito parecidas com as que você já detém: 1) utilizar um revelador, em casa o mais indicado é o mesmo que você usa, seguindo as recomendações do fabricante de tempo e agitação e numa temperatura de 20C; 2) interromper o processo; 3) utilizar um fixador que remova os sais de prata durante o dobro de tempo utilizado para atingir a transparência do negativo; 4) proceder à fase final da revelação com uma pré-lavagem (10 min.) e uma lavagem (2 min.) utilizando um produto à base de sulfito de sódio (uma colher de sopa por litro) para neutralizar a acidez dos resíduos deixados pelo fixador; 5) preparar uma solução de 10ml. de Kodak Photoflo por 1l. de água para eliminar resíduos de cloro e marcas d'água durante a secagem (acho, não tenho certeza, que é aqui que pode se substituir por uma lavagem com água e detergente neutro para eliminar os excessos de gordura das mãos e as partículas grudadas durante o processo; 6) secar numa estufa de 50C ou, no nosso caso, num box de banheiro.
Depois vem a segunda fase, de processamento dos contatos e ampliações.

Bem, revelar na escola deve ser bem diferente de se revelar em casa, por isso acompanho sua saga porque tenho intenção de mais adiante montar um laboratório caseiro (você tem idéia de quanto se gasta para fazer isso?) e a superação das suas dificuldades e detalhamento delas será que grande utilidade nesse momento.

Bem, vou continuar essa experiência por mais alguns dias e especular mais sobre o assunto, embora você já tenha disponibilizado muitas informações.

Bom trabalho!!!
« Última modificação: 09 de Abril de 2008, 20:06:36 por Kika Salem »


Kika Salem

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Resposta #51 Online: 10 de Abril de 2008, 00:08:28
Esqueci de mencionar as alternativas para os produtos químicos, no caso de processamento caseiro:
- o interruptor pode ser substituído por vinagre: uma medida de copo americano (de vinagre) para cada litro d'água
- o auxiliar de lavagem pode ser substituído por bicarbonato de sódio: uma colher de sopa (de bicarbonato de sódio) para cada 1/2 litro d'água
- o Khodac Photoflo pode ser substituído por detergente neutro: um tubo plástico de filme (com detergente) para cada litro d'água


Francisco

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Resposta #52 Online: 10 de Abril de 2008, 15:47:58
Kika, quero lhe perguntar algumas coisas:
1- sobre a interrupção com vinagre, quantos ml tem um copo americano? Eu tenho interrompido só com água mesmo. Isso sobrecarrega o fixador, mas como eu tenho toneladas de fixador e o mais provável é que ele estrague antes mesmo de eu usá-lo todo, tenho interrompido apenas com água.

2- Eu não tenho usado esse auxiliar de lavagem. Eu tenho fixado e a seguir lavo em bacia por 15 minutos, troco a água e lavo novamente por 15 minutos. O ideal é ligar uma mangueira que vai da torneira ao tanque de revelação, mas como eu não tenho a mangueira, tenho lavado a mão mesmo. Eu faço a lavagem fazendo o filme "passear" pela bacia e até passo levemente os dedos na película para remover resíduos. O ideal é lavar as mãos antes para que a gordura dos dedos não marque a película.

Sobre essa história do bicarbonato, parece ser bastante. Acho que bacia que eu uso para lavar deve ter cerca de 5 a 7L; seriam então 14 colheres de sopa?

Sobre os custos com o laboratório, posso dizer quanto custa a "metade" do laboratório, já que eu não faço ampliação. Tenho um scanner de filmes Nikon onde digitalizo os meus negativos revelados. Isso já é suficiente para manter boa parte do "feeling" de se fotografar em P&B, pois a foto digitalizada nele mantém características importantes, como a granulação e latitude, por exemplo. É um meio termo onde eu me sinto confortável. Além do mais, é inevitável que o meio de divulgação de fotografias hoje em dia seja o eletrônico, então é provável que você precise muito mais de fotos digitalizadas do que ampliadas em papel.

Dito isto, para fazer um laboratório de revelação em casa (sem ampliação), é necessário:

- 1 tanque de revelação. Existe o de plástico e o de inox. Eu acho o de inox mais difícil de enrolar o filme ali dentro e, no curso que eu fiz, o filme saiu todo arranhado. Os mais experientes dizem que os tanques de inox produzem melhores resultados, mas o de plástico é de longe mais fácil de manusear; se o seu professor tiver bons argumentos para usar o de inox, responda aqui no fórum. Custa uns 20 reais.

- 1 pacote de revelador. Eu tenho usado o D76 da Kodak, mas cada um tem as suas preferências. Se eu não me engano, a Consigo está vendendo um revelador da Ilford em galão, já líquido. Eu comprei o pacote do pó do D76 que rende 3,8L de revelador puro (na revelação, isso se transforma em 7,6L em solução 1:1). Existem pacotes que rendem apenas 1L. São mais práticos para quem não tem uma produtividade muito grande. Quando eu fui comprar, só tinha o pacote para 3,8L. É provável que isso estrague antes de eu conseguir usar tudo. Torno de R$ 45,00.

- 1 pacote de fixador. No caso da Kodak, também existem opções de 1L e 3,8L. Novamente, vale mais a pena comprar o pacote de 1L para quem não tem um laboratório comercial; custa em torno de 70,00.

- 1 termômetro confiável até os 50ºC. É com ele que você controla a temperatura da água e dos químicos. Eu coloco os vidros e o tanque numa bacia d'água (banho-maria) com cubos de gelo. Se a temperatura baixar dos 20ºC, eu tiro um cubo. Se estiver muito quente, recoloco um cubo. É bem simples, não tem erro, custa uns 20,00.

- Bacias. Eu tenho duas grandes: uma para deixar os vidros e o tanque durante a revelação e outra para lavar o filme. Cerca de R$10,00 a 15,00 cada;

- Funil: com ele você consegue devolver com facilidade o fixador recém usado para o vidro com solução de trabalho. Além disso, se você comprar o revelador/fixador em pó, é com o auxílio do funil que você consegue distribuir o preparado entre vários vidros. R$ 5,00 no máximo.

- Potes com marcação de volume. Esses você acha em qualquer loja de 1,99. Eu comprei na A.Galia, uma loja específica para recipientes para o setor químico/farmacêutico, em Porto Alegre. www.agalia.com.br. Deve existir algo similar próximo à sua cidade;

- Vidros para armazenar as soluções de estoque: eu comprei vários vidros escuros de 1L, estilo aqueles de laboratório de química, com tampa de rosca e tampa interna que evita a entrada de ar. O ar, a luz e a temperatura são os fatores responsáveis pela deterioração dos químicos. Também comprei na A.Galia, por uns 2 reais cada.

- Adesivos brancos. Eu comprei aqueles da Pimaco; compre umas duas folhas avulsas em uma papelaria. É com eles que você irá marcar a data em que o químico foi envasado, o tipo de químico (revelador ou fixador) e se estão armazenados puros ou se o revelador está em solução 1:1. Eu sempre guardo puros e só misturo o revelador com uma parte de água na hora de revelar mesmo. 1 real a folha.

- Um pote de Photo Flo. Bom, tem gente que usa Aspergol ou detergente. Como eu não quis arriscar, fui logo no tradicional, e no fim das contas sai o mesmo preço do Aspergol, se compararmos a quantidade de líquido. Paguei R$39,00 na Casa do Filme em Porto Alegre. Como dura bastante, é um investimento que me parece valer a pena.

- Água destilada: tem gente que prepara os químicos com água da torneira ou mineral, mas eu quis caprichar nas soluções - até porque uma água contaminada pode reduzir a validade dos produtos - então comprei água destilada em uma distribuidora de artigos para clínicas e hospitais. Custa cerca de R$3,00 o tubo de 1L. Eles falaram que existe o galão de 5L, que é barato, mas não é tão puro, logo ele não vende pois os hospitais não costumam usar (bom saber disso :P). Para preparar os 3,8L de revelador e 3,8L de fixador, comprei 8L de água.

- Prendedores para secar o filme esticado: esse item é piada... claro que não precisam ser aqueles de inox. Pode ser um prendedor de madeira para varais de roupas, funciona igual.

Entre uns R$230,00 a 270,00 você compra tudo...







« Última modificação: 10 de Abril de 2008, 15:49:28 por Francisco »
Francisco Amorim
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Kika Salem

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Resposta #53 Online: 10 de Abril de 2008, 18:17:00
Olá Francisco!

Citar
sobre a interrupção com vinagre, quantos ml tem um copo americano?
FASE 2 da revelação (interrupção): eu sempre pensei que o copo americano tivesse cerca de 250 ml. como o copo de requeijão. Minhas receitas sempre foram feitas assim e até agora têm dado certo. Mas tratando-se de um produto químico é melhor confirmar isso direito. Bem, o fabricante garante (kkkk) que o copo pequeno tem 190 ml. e o grande 280 ml. A média dos dois dá 235 ml. Essa resposta está bem parecida com aquela propaganda da máquina de lavar, o que indica que nem eu nem você entendemos bem de copos menos ainda de sabão em pó (kkkk). É melhor eu perguntar para o professor que copo ele se refere, o pequeno, o grande ou o de requeijão. Depois lhe digo. Dá pra substituir também por limão, coa-se, num filtro de papel, 5 limões, o que daria em torno de um copo americano, para cada litro d´água.

Citar
Acho que bacia que eu uso para lavar deve ter cerca de 5 a 7L; seriam então 14 colheres de sopa?
FASE 4 da revelação (lavagem): A indicação é uma colher do auxiliar de lavagem por litro ou 2 de bicarbonato de sódio por litro. É bastante mesmo.

Citar
Eu não tenho usado esse auxiliar de lavagem. Eu tenho fixado e a seguir lavo em bacia por 15 minutos, troco a água e lavo novamente por 15 minutos.
Entendi. Você vai direto para a FASE 5 do processo que a gente está fazendo, a que retira resíduos de cloro e marcas d'água.

Citar
O ideal é ligar uma mangueira que vai da torneira ao tanque de revelação, mas como eu não tenho a mangueira, tenho lavado a mão mesmo.
Na sala de revelação da escola tem um compartimento grande com água e as torneiras. Até então a gente só usa a lavagem no tanque, economiza água.

Bem, como disse, minha revelação, por enquanto, está sendo guiada, quando for fazer em casa tenho certeza que vou me deparar com muitos problemas.

Você acha que o fato de fixar apenas com água e de não fazer as lavagens pode estar interferindo?

Citar
Sobre os custos com o laboratório
Nossa, obrigada pelas indicações detalhadas, elas adiantarão muito a minha pesquisa e a de outras pessoas também. As informações do tópico merecem, tão logo chegue a um resultado que considere satisfatório, um manual P&B. Aliás, vi, no BRFoto, alguém indicando um livro sobre isso.

***

Gente, só pra citar os créditos, essas informações são repassadas no curso que faço na escola do prof. Ênio Leite, doutor em fotoquímica pela Universidade de Zurique.
« Última modificação: 10 de Abril de 2008, 18:30:26 por Kika Salem »


Francisco

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Resposta #54 Online: 10 de Abril de 2008, 18:57:57
Eu acho que o grande vilão da revelação, no meu caso, é a poeira durante a secagem, mas isso pretendo resolver secando por menos tempo e levando ao scanner o mais rápido possível para o ar não empoeirar muito o negativo.

Sobre interromper a revelação direto com água, sem usar vinagre, acho que a maior conseqüência disso é o desgaste mais rápido do fixador, mas seria interessante você perguntar ao seu professor sobre isso.

O tal do auxiliar de lavagem deve acelerar o processo de neutralização do fixador. A idéia me pareceu interessante, pois parece reduzir o tempo de lavagem para 12 minutos. Eu lavo em 30 e não tenho como afirmar que o filme sai bem lavado. O que você chamou de lavagem "no tanque"? O processo tradicional, descrito na maioria dos livros, inclusive em O Negativo, do Ansel Adams, é ligar uma mangueira que vai da torneira da pia à entrada do tanquinho de plástico por uns 20min. Isso é o que eu entendo por lavagem "no tanque" e acho que gasta mais água do que encher uma bacia para lavar o filme. Ou não?

Bom, acho que vale a pena você sugar o que der do professor em termos de dúvidas, pois ele deve entender bastante. Pergunte se essas modificações que ele inseriu no processo tradicional (com o revelador rápido) interferem no contraste e na nitidez do negativo, no tamanho do grão, etc. Lembro que em O Negativo, do Ansel, fala que uma mudança no processo sempre provoca mudanças de nitidez, contraste, grão, etc. O seu professor deve conhecer atalhos para se conseguir uma revelação mais rápida, ecológica e com a mesma qualidade do processo tradicional. Dicas sobre secagem doméstica também são preciosas.

Depois que eu eliminar a poeira, vou começar a inserir outros elementos, como o vinagre e o bicarbonato. Não é bom inserir mais de uma variável de uma vez, pois se algo der errado não tem como saber onde foi.
« Última modificação: 10 de Abril de 2008, 19:01:43 por Francisco »
Francisco Amorim
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Kika Salem

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Resposta #55 Online: 10 de Abril de 2008, 19:07:55
Tanque é o compartimento com água, não sei o nome daquilo, mas indica-se lavar na água corrente mesmo. Na escola a gente usa o tanque provavelmente para economizar água.
 :ok:
« Última modificação: 10 de Abril de 2008, 19:09:05 por Kika Salem »


Heber_Dm

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Resposta #56 Online: 12 de Abril de 2008, 19:42:40
Então, Francisco, vi que agora vc está de vento em popa com as revelações... Se me permite, vou contar aqui minha experiência recente.

Como eu comentei neste tópico, senti muita vontade de revelar filmes novamente, e foi numa ida a BH que comprei os químicos, no Centro Fotográfico. O revelador é o FOMA (Czech Republic), nunca tinha ouvido falar dessa marca, ele vem em pó, em dois saquinhos; o interruptor (tb em pó) veio em um saquinho com o carimbo da loja, deve ser manipulado por eles mesmo, tanto que foi baratinho; o fixador é o TETENAL, alemão, este eu já conhecia, mas nunca tinha comprado por ser caro; vem num frasco de 200ml.

Bem, a primeira coisa que fiz foi levar o revelador e o interruptor numa farmácia de manipulação (dica aprendida aqui neste tópico...), e pedi pra dividir tudo em quatro partes iguais. Levei potinhos de filme para guardar cada fração. Depois, separei 50ml do fixador e deixei o resto no frasco. Como vc deve ter percebido, os três componentes tinham fator para utilização de 1:4.

No dia “D”, peguei o filme (à noite, com todas as luzes apagadas, cortina fechada e um cobertor sobre o sofá), e coloquei-o na espiral, fazendo tudo por baixo do cobertor, para não correr nenhum risco de velar o filme. Vi seu comentário sobre a espiral de plástico, tb acho que deve ser mais fácil pra colocar o filme, só que as que eu conheço são beeem fraquinhas e só funcionam no tanque específico de cada uma. O tanque correspondente tb é bem fraco (pelo menos um que usei há muitos anos). Bem, como já tinha andado nessa bicicleta, não sofri muito para coloca-lo na espiral de aço, conferindo depois com a ponta dos dedos se estava tudo certo. Coloquei a espiral no tanque (tb de aço), fechei-o e aí pude me livrar do cobertor.

Fiz a revelação na cozinha. Peguei uma parte de cada banho e diluí com água “torneiral” mesmo, afinal sempre fiz assim e nunca tive problemas. O mais difícil foi controlar a temperatura (nenhuma novidade nisso). Coloquei os três frascos numa bacia com água. O banho principal é o revelador, claro, por isso coloquei o termômetro dentro do frasco dele e fui colocando (ou tirando) cubos de gelo na água até estabilizar em 20º (depois até achei graça de ver vc narrando o mesmo processo...). Quando firmou em 20º, iniciei o processo. O tempo de revelação do FOMA, na diluição indicada, é de 5 minutos. Processo tradicional: verte-se o revelador, bate-se com o fundo do tanque (meio de “quina”) na bancada para liberar bolhas da superfície do filme, agita-se por 15 segundos a cada minuto. Faltando 10 segundos para o fim do tempo, começa-se a verter o revelador de volta ao seu frasco, com funil largo, para não atrapalhar a vazão. Imediatamente verte-se o interruptor, agita-se durante 15 s, logo em seguida volta-se com ele para o frasco (tempo total de 30 s de interrupção). Logo em seguida, verte-se o fixador, bate-se novamente com o fundo do tanque, e agita-se do mesmo modo que com o revelador. Tempo de fixação: 5 min. (o indicado na bula do TETENAL era 4 min., mas eu sempre fixo por mais 1 min., acho que é por isso que tenho negativos de 25 anos de processamento sem nenhum sinal de alteração na emulsão).

Aí vem a lavagem. Muito simples, depois de devolver o fixador pro frasco dele, deixei o tanque com o centro da espiral na direção da torneira e deixei correr água por 40 min. Extremamente anti-ecológico, concordo, mas... não tem outro jeito. Depois de lavado, deixei escorrer a água, primeiro “naturalmente”, e depois tirei o excesso com uma esponja bem macia. Sempre controlando a ansiedade, analisei o resultado para ver se correu tudo bem e, apesar de estar tudo molhado, deu pra ver que os negativos estavam dentro do padrão, ou seja, com contraste e densidade corretos. Após isso, pendurei o filme no banheiro e deixei-o lá durante toda a noite.

No dia seguinte, com os negativos completamente secos, cortei tiras de quatro em quatro e coloquei nos plásticos adequados (ainda tenho dois rolos deles aqui). Então, pude analisar melhor o contraste, a densidade e o grão, e vi que os negativos estavam muito bem revelados (desculpe, pode ficar parecendo presunção, mas chegaria à mesma conclusão se não fossem meus), tudo no ponto certo e o grão bem fininho.

Bem, isso foi em fevereiro... e só hoje digitalizei alguns para mostrar minha experiência. E, pra falar francamente, não gostei da digitalização, paguei caro e recebi arquivos pequenos (em torno de 6mb) e com a qualidade comprometida.

Ah, eu não citei antes: o filme é o APX 100, da Agfa.









Estas fotos foram tiradas em fevereiro/08, em Ribeirão Vermelho, vizinha a Lavras – complexo desativado da RFFSA (em ruínas). Não fiz nenhum tratamento nem corte nelas, estão rigorosamente como as recebi do minilab (inclusive me entregaram já em ‘positivo’), apenas redimensionei, claro, para adequação às regras do forum.


Francisco, gostaria agora de comentar (como se o texto já não estivesse looooongo demais) sobre os problemas que vc teve com o pó. Sinceramente, não entendi como pode ter aderido tanto pó nos seus negativos. Lembro que, quase sempre, eu constatava a presença de um fiapinho ou qualquer coisa minúscula nos negativos. E olha que eu nunca sequei negativos em estufa fechada. Estes que eu revelei recentemente, por ex., estão com poucos (e quase imperceptíveis) pontos de pó no filme. Eu até receei que lá no minilab pudesse acontecer de agarrar poeira na hora de digitalizar, mas parece que isso não aconteceu. E, também pra mostrar como o tempo de fixação do negativo é importantíssimo, vai uma foto de uns 20 anos atrás, que eu mandei digitalizar hoje junto com as outras. O filme é o Tri-X. Note como quase não tem pontos de poeira, e como o negativo se manteve intacto mesmo depois de tantos anos.



No mais, é isso aí, espero continuar trocando impressões sobre nossas experiências, na minha opinião, extremamente gratificantes.


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Heber DM - Lavras-MG
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"Jovem é todo aquele que tem compromisso com o futuro" - Tristão de Ataíde


Francisco

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Resposta #57 Online: 14 de Abril de 2008, 11:24:36
Valeu por você compartilhar a sua experiência, Heber. A sua revelação parece boa mesmo, dá para perceber detalhes nas sombras (na segunda foto isso fica bem claro) e nas altas luzes o estourado das nuvens parece ter sido culpa do scanner mesmo. Os scanners de minilab normalmente geram fotos mais contrastadas em função da latitude reduzida e isso normalmente provoca estourados nas altas luzes.

Sobre a fixação, depois de dez minutos eu tiro o filme e procuro dar uma inspecionada na fixação, se há pontos ou manchas escuras no negativo ou se a parte final da tira (não exposta a luz) está escura. Você tem outra forma de verificar a qualidade da fixação?

Abraço
Francisco Amorim
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Heber_Dm

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Resposta #58 Online: 14 de Abril de 2008, 23:58:19
Valeu por você compartilhar a sua experiência, Heber. A sua revelação parece boa mesmo, dá para perceber detalhes nas sombras (na segunda foto isso fica bem claro) e nas altas luzes o estourado das nuvens parece ter sido culpa do scanner mesmo. Os scanners de minilab normalmente geram fotos mais contrastadas em função da latitude reduzida e isso normalmente provoca estourados nas altas luzes.

Sobre a fixação, depois de dez minutos eu tiro o filme e procuro dar uma inspecionada na fixação, se há pontos ou manchas escuras no negativo ou se a parte final da tira (não exposta a luz) está escura. Você tem outra forma de verificar a qualidade da fixação?

Abraço

Pois então, Francisco, não há nenhuma forma de verificar se o filme ficou bem fixado, a não ser por um desastre total, logo em seguida ao processo. Só com o passar do tempo (às vezes anos) é que os problemas com a má fixação do filme aparecem. Por isso o jeito é tentar garantir a logevidade do negativo fazendo tudo direitinho, conforme o especificado. Eu aprendi a dar mais 1 min. de fixação, e faço sempre assim, pois esse tempo a mais não interfere na emulsão e serve para cobrir uma eventual ocilação de temperatura.

Essa análise que vc fez depois da fixação serve para verificar outros problemas, relacionados á revelação propriamente dita (1º banho). Se algo deu errado, certamente será visível.


Agora, achei um tanto longo demais esse tempo de fixação que vc citou, 10 min. É isso mesmo? Qual fixador vc usou?
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Heber DM - Lavras-MG
Pentax System - Canon PowerShot G6
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"Jovem é todo aquele que tem compromisso com o futuro" - Tristão de Ataíde


Francisco

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Resposta #59 Online: 15 de Abril de 2008, 00:48:04
Já joguei fora a embalagem e coloquei apenas "fixador" no adesivo dos vidros :P Acho que esse fixador é bem comum, da Kodak... o revelador é o D76. No curso que eu fiz de revelação esse era o tempo que a gente usou. Parece que é bom aumentar o tempo em 10% a cada reuso do fixador, você faz isso?
Francisco Amorim
Porto Alegre - RS