Então, Francisco, vi que agora vc está de vento em popa com as revelações... Se me permite, vou contar aqui minha experiência recente.
Como eu comentei neste tópico, senti muita vontade de revelar filmes novamente, e foi numa ida a BH que comprei os químicos, no Centro Fotográfico. O revelador é o FOMA (Czech Republic), nunca tinha ouvido falar dessa marca, ele vem em pó, em dois saquinhos; o interruptor (tb em pó) veio em um saquinho com o carimbo da loja, deve ser manipulado por eles mesmo, tanto que foi baratinho; o fixador é o TETENAL, alemão, este eu já conhecia, mas nunca tinha comprado por ser caro; vem num frasco de 200ml.
Bem, a primeira coisa que fiz foi levar o revelador e o interruptor numa farmácia de manipulação (dica aprendida aqui neste tópico...), e pedi pra dividir tudo em quatro partes iguais. Levei potinhos de filme para guardar cada fração. Depois, separei 50ml do fixador e deixei o resto no frasco. Como vc deve ter percebido, os três componentes tinham fator para utilização de 1:4.
No dia “D”, peguei o filme (à noite, com todas as luzes apagadas, cortina fechada e um cobertor sobre o sofá), e coloquei-o na espiral, fazendo tudo por baixo do cobertor, para não correr nenhum risco de velar o filme. Vi seu comentário sobre a espiral de plástico, tb acho que deve ser mais fácil pra colocar o filme, só que as que eu conheço são beeem fraquinhas e só funcionam no tanque específico de cada uma. O tanque correspondente tb é bem fraco (pelo menos um que usei há muitos anos). Bem, como já tinha andado nessa bicicleta, não sofri muito para coloca-lo na espiral de aço, conferindo depois com a ponta dos dedos se estava tudo certo. Coloquei a espiral no tanque (tb de aço), fechei-o e aí pude me livrar do cobertor.
Fiz a revelação na cozinha. Peguei uma parte de cada banho e diluí com água “torneiral” mesmo, afinal sempre fiz assim e nunca tive problemas. O mais difícil foi controlar a temperatura (nenhuma novidade nisso). Coloquei os três frascos numa bacia com água. O banho principal é o revelador, claro, por isso coloquei o termômetro dentro do frasco dele e fui colocando (ou tirando) cubos de gelo na água até estabilizar em 20º (depois até achei graça de ver vc narrando o mesmo processo...). Quando firmou em 20º, iniciei o processo. O tempo de revelação do FOMA, na diluição indicada, é de 5 minutos. Processo tradicional: verte-se o revelador, bate-se com o fundo do tanque (meio de “quina”) na bancada para liberar bolhas da superfície do filme, agita-se por 15 segundos a cada minuto. Faltando 10 segundos para o fim do tempo, começa-se a verter o revelador de volta ao seu frasco, com funil largo, para não atrapalhar a vazão. Imediatamente verte-se o interruptor, agita-se durante 15 s, logo em seguida volta-se com ele para o frasco (tempo total de 30 s de interrupção). Logo em seguida, verte-se o fixador, bate-se novamente com o fundo do tanque, e agita-se do mesmo modo que com o revelador. Tempo de fixação: 5 min. (o indicado na bula do TETENAL era 4 min., mas eu sempre fixo por mais 1 min., acho que é por isso que tenho negativos de 25 anos de processamento sem nenhum sinal de alteração na emulsão).
Aí vem a lavagem. Muito simples, depois de devolver o fixador pro frasco dele, deixei o tanque com o centro da espiral na direção da torneira e deixei correr água por 40 min. Extremamente anti-ecológico, concordo, mas... não tem outro jeito. Depois de lavado, deixei escorrer a água, primeiro “naturalmente”, e depois tirei o excesso com uma esponja bem macia. Sempre controlando a ansiedade, analisei o resultado para ver se correu tudo bem e, apesar de estar tudo molhado, deu pra ver que os negativos estavam dentro do padrão, ou seja, com contraste e densidade corretos. Após isso, pendurei o filme no banheiro e deixei-o lá durante toda a noite.
No dia seguinte, com os negativos completamente secos, cortei tiras de quatro em quatro e coloquei nos plásticos adequados (ainda tenho dois rolos deles aqui). Então, pude analisar melhor o contraste, a densidade e o grão, e vi que os negativos estavam muito bem revelados (desculpe, pode ficar parecendo presunção, mas chegaria à mesma conclusão se não fossem meus), tudo no ponto certo e o grão bem fininho.
Bem, isso foi em fevereiro... e só hoje digitalizei alguns para mostrar minha experiência. E, pra falar francamente, não gostei da digitalização, paguei caro e recebi arquivos pequenos (em torno de 6mb) e com a qualidade comprometida.
Ah, eu não citei antes: o filme é o APX 100, da Agfa.
Estas fotos foram tiradas em fevereiro/08, em Ribeirão Vermelho, vizinha a Lavras – complexo desativado da RFFSA (em ruínas). Não fiz nenhum tratamento nem corte nelas, estão rigorosamente como as recebi do minilab (inclusive me entregaram já em ‘positivo’), apenas redimensionei, claro, para adequação às regras do forum.
Francisco, gostaria agora de comentar (como se o texto já não estivesse looooongo demais) sobre os problemas que vc teve com o pó. Sinceramente, não entendi como pode ter aderido tanto pó nos seus negativos. Lembro que, quase sempre, eu constatava a presença de um fiapinho ou qualquer coisa minúscula nos negativos. E olha que eu nunca sequei negativos em estufa fechada. Estes que eu revelei recentemente, por ex., estão com poucos (e quase imperceptíveis) pontos de pó no filme. Eu até receei que lá no minilab pudesse acontecer de agarrar poeira na hora de digitalizar, mas parece que isso não aconteceu. E, também pra mostrar como o tempo de fixação do negativo é importantíssimo, vai uma foto de uns 20 anos atrás, que eu mandei digitalizar hoje junto com as outras. O filme é o Tri-X. Note como quase não tem pontos de poeira, e como o negativo se manteve intacto mesmo depois de tantos anos.
No mais, é isso aí, espero continuar trocando impressões sobre nossas experiências, na minha opinião, extremamente gratificantes.