Autor Tópico: Por que sua câmera não importa  (Lida 15596 vezes)

Ivan de Almeida

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Resposta #15 Online: 28 de Outubro de 2007, 13:41:03
Aliás, aqui está uma foto dele. Problemas de nitidez, blur de movimento. Entretanto é uma foto excepcional.

Alguém aqui produz algo deste nível? Ou pelo menos tenta? Ou só fotos bonitinhas?

Por isso é que eu digo. É fácil pegar um cara e dizer que ele se repete só porque identificamos um traço comum à sua obra. Mas o repetir-se de um realmente bom fotógrafo não tem nada a ver com o rame-rame comercial, mesmo quando comercial.

Para fazer isso, é preciso coragem. Para ganhar a vida fazendo isso foi preciso coragem. Nada a ver com equipamentos. Equipamento é só meio, coragem não se compra em loja. O nome certo da palavra criatividade é coragem.

O que vemos por aqui? Estética conservadora, falsamente ousada, repetição de modelos, perfeccionismo estéril. E esta foto? Não é nítida amigos. É boa.

« Última modificação: 28 de Outubro de 2007, 13:43:49 por Ivan de Almeida »


LeandroFabricio

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Resposta #16 Online: 28 de Outubro de 2007, 13:47:44
[/b] a criatividade está  barrada por um ponto de abertura?

 Pode ser que sim.
 Se eu tenho uma 300mm F6.3 para fotografar uma partida de basquete indoor. A tal 300mm F2.8 IS me daria muito mais oportunidade de criar.

Citar
E quando alguém contrata você, é também por sua internacionalmente reconhecida linguagem?

Você tem uma linguagem tão definida e corajosa como a dele?

 Não e não. E também não tenho toda a pretenção a curto prazo. No momento minha linguagem não é reconhecida nem por eu mesmo...
 Mas não estamos discutindo esse ou aquele fotógrafo, apenas citei um exemplo.

Citar
Desça à Terra, Leandro. E creia que aquilo que ele chama de repetição para você seria formidável exigência.

 Ué... Agora você está "endeuzando" um fotógrafo normalmente bom?
 Você está comparando a sólida linguagem do LaChapelle com repetição?
 É sólida, apenas isso e não repetida.

Citar
Aqui se fala das necessidades de fotógrafos X e Y com obras reconhecidas como se alguém aqui tivesse necessidades semelhantes, linguagem semelhantemente desenvolvida, etc. Aqui se acha que comprando um equipamento alguém vai se tornar o LaChepelle. Êta ilusão. Entre o que ele tem de diferente da rapaziada, a câmera é o que menos importa.

 Acho que você não me entendeu no post anterior.
 Você que citou: "O universo referência é aquele imediatamente acessível. Sinto muito, mas falo inclusive dos meus companheiros de fórum e do que vejo mostrado como boa fotografia em outros locais, incluindo fóruns internacionais e sites de fotógrafos atuais aclamados.

 Você que nos deu a noção de espaço...


 E também: "Elite para mim é quem fotografa soberbamente bem, e sinceramente, quando olho ao redor não vejo ninguém. Vejo bons fotógrafos normais, no máximo. Na verdade vejo fotógrafos normais, que fazem o que é minimamente aceitável para a fotografia não ser considerada ruim.

 

 
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LeandroFabricio

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Resposta #17 Online: 28 de Outubro de 2007, 13:51:40
Ivan,
 
 Leia novamente tudo, isso tá parecendo as discussões que tenho com meu pai em que que ambos falam a mesma coisa de forma diferente e mesmo assim o que predomina é a discórdia.
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Ivan de Almeida

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Resposta #18 Online: 28 de Outubro de 2007, 13:59:33
Entenda o dito de maneira própria. Podemos gastar páginas e páginas com contradições inúteis.

Não estou endeusando o LaChapelle, até mesmo porque não é das coisas que mais gosto, mas é evidentemente alguém que tem excelentes fotos e linguagem pessoal CORAJOSA.

E, não freqüenta este fórum, não é figurinha louvada no meio fotográfico brasileiro como tantos medianos são -permita-me não cometer a deselegãncia de citar nomes, não os citarei. É, no sentido legítimo, elite.

Evidentemente no mundo há bons fotógrafos, é claro. Há de fato fotógrafos excepcionais. Mas aqui se usou a palavra elite como uma escolha pessoal de caminho -e relacionado ao equipamento, devo lembrar-, e quando você foi obrigado a recorrer a um fotógrafo raro para desmentir-me, na verdade confirmou o que eu disse, pois não pôde buscar no entorno a referência. Ao fazer isso você confirmou o que eu disse.

O que eu disse dá perfeitamente para entender.

Quanto à excepcional foto que você não fez com a lente 300mm, mostre-me dez excelentes que você fez que não precisavam dessa lente -risos. Não vai me dizer que sua criatividade só aflora em jogos de basquete... É como diz um amigo: presta atenção ao que não pode fazer e não faz o que pode fazer.


Ivan de Almeida

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Resposta #19 Online: 28 de Outubro de 2007, 14:07:07
Ivan,
 
 Leia novamente tudo, isso tá parecendo as discussões que tenho com meu pai em que que ambos falam a mesma coisa de forma diferente e mesmo assim o que predomina é a discórdia.

Vou resumir minha posição, Leandro.

Ninguém, veja bem, ninguém pode se dizer tolhido pelo equipamento se não fez pelo menos uma dúzia de fotografias muito boas com o equipamento que tem. Se não consegue com o equipamento que em desenvolver uma linguagem, uma proposta visual, etc, então está viajando na maionese ao achar que outra lente vai lhe apontar o caminho para o Santo Graal.

Se consegue com qualquer equipamento -pois o bom fotógrafo consegue fazer coisas boas com qualquer equipamento- produzir coisa que mesmo tecnicamente deficientes mostre a marca da coragem (nome que estou usando para criatividade) então ao chegar nesse ponto a pessoa tem idéia do que de fato precisa, e não precisará de tudo. Mas se atribui a um ponto de abertura na lente uma limitação enorme ao que deseja fazer, sinceramente, essa pessoa ainda nem enxergou o problema.

Dito isso, a pessoa deve ter um bom equipamento e se for melhor isso em nada a prejudicará. O que prejudica não é o equipamento, é depositar nele as esperanças de qualidade. O que prejudica é a mitologia do equipamento que serve de desculpa para não se encarar o verdadeiro desafio que separa os medianamente bons dos realmente bons.


LeandroFabricio

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Resposta #20 Online: 28 de Outubro de 2007, 14:14:30
Alguém aqui produz algo deste nível? Ou pelo menos tenta? Ou só fotos bonitinhas?

 Provavelmete isso é mais uma questão de mercado do que capacidade.
 Muitos poderiam atingir tal nível, os que tem capacidade técnica e trabalham no ramo estão acomodados e estagnados. Culpa do próprio mercado.
 Se quem contratou LaChapelle para fazer esse foto pagasse o mesmo para um fotografo qualquer tecnicamente bom e com uma certa criatividade fazer uma foto do mesmo nível. Acho que poderia sair como resultado uma grande foto.
 Os fotógrafos acomodados estão assim: Tabela de preços, foto publicitária para capa de revista = R$XXX,XX. O cliente liga e pede a foto, recebe o orçamento padrão com custo+lucro. Chora por um desconto e "fez-se o contrato".

 A elite trabalha com mais liberdade, quem contrata QUER A FOTO SOBERBA e não comum. O Chapelle provavelmente pode dizer: "Para fazer essa foto eu preciso de US$XX.XXX.XX". Indiscutivelmente ele batalhou para poder isso.
 Aqui no Brasil são poucos ou nenhum que pode isso, questão de cultura e mercado.
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LeandroFabricio

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Resposta #21 Online: 28 de Outubro de 2007, 14:24:05
Quanto à excepcional foto que você não fez com a lente 300mm, mostre-me dez excelentes que você fez que não precisavam dessa lente -risos. Não vai me dizer que sua criatividade só aflora em jogos de basquete... É como diz um amigo: presta atenção ao que não pode fazer e não faz o que pode fazer.

 E a nossa diferença de visão. Como citado pelo Pedro.
 Hobbie/diversão  vs.  Profissão

 Ahh, não sou eu quem tem uma 300mm F6.3 e nem preciso de uma 2.8. Foi só um exemplo.

 E outra coisa, seu eu te mostrar 10 fotos que considero excelentes posso garantir que você não vai gostar delas. Você vai ver diferente do que vejo, vai achar simples e comuns.
 Mas será que você vai imagiar o porque que eu gosto delas? Vai pensar que eu fiz elas buscando comuns. Se eu gostar de foto assim é uma coisa minha, pessoal. Assim como suas fotos "sem idéias". São fotos que você faz para ter na parede por anos, mas que eu não colocaria na minha.

 Essa é a parte hobbista/amadora/amante da fotografia.
 Por outro lado Ivan, o mercado padronizou muito os resultados. E a Sports Ilustrades não vai comprar uma foto subesposta em 300mm F6.3 se o fotógrado ao lado fez ela tecnicamente correta com a F2.8 IS.

 Se eu for fazer fotos para colocar na minha parede a única pessoa que vai julgá-la será eu. E vou fazê-la da melhor forma possível, tentando extrair o máximo do meu humilde equipamento.
« Última modificação: 28 de Outubro de 2007, 14:36:33 por LeandroFabricio »
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Ivan de Almeida

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Resposta #22 Online: 28 de Outubro de 2007, 15:46:50
Citar
Se quem contratou LaChapelle para fazer esse foto pagasse o mesmo para um fotografo qualquer tecnicamente bom e com uma certa criatividade fazer uma foto do mesmo nível. Acho que poderia sair como resultado uma grande foto.

Não é verdade, mas é uma doce ilusão. O problema é que é uma ilusão paralisante.

Citar
Por outro lado Ivan, o mercado padronizou muito os resultados.

Padronizou para você, não paa o LaChapelle citado por você mesmo -risos.

Essa é a maior desculpa para todo mundo.



Pedro Vilas Boas

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Resposta #23 Online: 28 de Outubro de 2007, 20:46:04


 E outra coisa, seu eu te mostrar 10 fotos que considero excelentes posso garantir que você não vai gostar delas. Você vai ver diferente do que vejo, vai achar simples e comuns.
 Mas será que você vai imagiar o porque que eu gosto delas? Vai pensar que eu fiz elas buscando comuns. Se eu gostar de foto assim é uma coisa minha, pessoal. Assim como suas fotos "sem idéias". São fotos que você faz para ter na parede por anos, mas que eu não colocaria na minha

é verdade.
isso ninguem pode negar.

eu fui no shopping hj e tal.. tava passeando pela fnac e vi o livro "Africa" do Sebastião Salgado.
Maravilhosas as fotos.
Eu olhava e pensava "como ele fez dessas cenas algo artistico!?"
são cenas "feias" .. pessoas tristes e tal...
mas ele coloca de tal forma que aquela captura fica sensacional.

agora pergunta pra mim "pedro, vc compraria o livro dele?"
JAMAIS! (se alguem me der de presente ficaria agradecido ^^ )

eu aprecio o trabalho dele. acho magnifico...mas não tem UMA borboleta sequer.
Como vc falou, leandro, devem ter centenas de pessoas com quadros enormes na parede com imagens feitas por ele. Mas na minha parede num penduro um.


foi o que vc falou com respeito ao Ivan.
Tenho certeza que ele não gostaria também (como vc disse). O gosto e a interpretação dele é diferente da sua, da minha...

o que pra vc é "bonito", é "feio" para o Ivan , é "feio" pra mim.
o que pra vc é "feio", é "bonito" para o Ivan , é "feio" pra mim.
o que pra vc é "feio", é "feio" para o Ivan, é "Bonito" pra mim.

e por ai vai.... rsrsrsss
e graças a deus existe essa miscelânea de gostos. Imagina só se todo mundo gostasse da mesma coisa??  rsrs


Ivan de Almeida

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Resposta #24 Online: 28 de Outubro de 2007, 21:50:39
Desculpe-me Pedro, mas isso não tem nada a ver.

Essa relatividade de gostos pode até existir, com preferências para cá e para lá, mas dentro de coisas de nível elevado, não por ser uma foto de borboleta.

Existe um sistema de validação da arte, sistma esse que não é ingênuo nem de gosto relativista, mas ao contrário, um sistema que contextua as coisas dentro de uma importância maior do que a imagem ser agradável ou de gosto fácil.

Quem tudo relativiza, quem é incapaz de distinguir entre a fina produção e o mar de banalidades, não tem Norte, e quem não tem Norte anda aleatóriamente, vai para frente, vai para os lados, vai para trás. Não vai a lugar nenhum.

Quer melhorar em fotografia? Bem, faça o seguinte: duas vezes por semana entre no site da Agência Magnum e veja o portfólio de alguém, e uma terceira vez por semana pesquise algum fotógrafo do panteão dos realmente bons que não são da Magnum.

Quer ver fotos de flor? Veja as do Mapplethorpe. Mas veja mesmo, analise, pense como ele compõe, pense porque as fotos dele são tão melhores. Quer ver glamur, veja o Helmut Newton. Quer ver paisagens, veja o Ansel Adams. Quer ver fotos da vida brasileira, veja o Flávio Damm, quer ver POP, veja o Richard Avedon, enfim, tenha boas referências ao invés de cair nesse relativismo de gosto absolutamente estéril e que só tem o condão de fazer você pautar-se pela produção mediana.

Você disse que sua mãe lhe aconslhou a morar-se nos bons, não é? Pois bem, esses são os bons.

Relativizar tudo só tem o resultado de lhe manter no pântano da mesmice. É muito popular dizer que tudo é bom, mas é fraco.

Assim como o criador tem de ter coragem para criar, pois ao criar ele arrisca-se a não ser gostado, quem quer progredir também tem de ter coragem de separar o joio do trigo.



LeandroFabricio

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Resposta #25 Online: 29 de Outubro de 2007, 06:33:44
Não é verdade, mas é uma doce ilusão. O problema é que é uma ilusão paralisante.

 Não dá para afirmar isso.
 

Citar
Padronizou para você, não paa o LaChapelle citado por você mesmo -risos.

Essa é a maior desculpa para todo mundo.

 Padronizou para 100%-5 dos fotógrafos.
 Silvio Santos: "Todos contra um" / Todos menos um.

 Com um mundo do tamanho do nosso é mesmo possível acreditar que apenas uma pessoa pode conseguir um resultado tão bom quanto o de um fotógrafo elitizado?
 Acho que nem mesmo o próprio fotógrafo chega a ter toda essa pretenção.
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LeandroFabricio

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Resposta #26 Online: 29 de Outubro de 2007, 07:07:36
Desculpe-me Pedro, mas isso não tem nada a ver.

Essa relatividade de gostos pode até existir, com preferências para cá e para lá, mas dentro de coisas de nível elevado, não por ser uma foto de borboleta.

Existe um sistema de validação da arte, sistma esse que não é ingênuo nem de gosto relativista, mas ao contrário, um sistema que contextua as coisas dentro de uma importância maior do que a imagem ser agradável ou de gosto fácil.

 Ivan, nos fale um pouco sobre esse sistema.
 Fiquei curioso para saber como validar algo não mensurável sem utilizar o gosto pessoal de alguém (uma ou mais pessoas).


Citar
Quem tudo relativiza, quem é incapaz de distinguir (...) Não vai a lugar nenhum.

Quer melhorar em fotografia? Bem, faça o seguinte (...)
 dos realmente bons que não são da Magnum.

Quer ver fotos de flor? Veja as do Mapplethorpe. Mas veja mesmo, analise, pense como ele compõe, pense porque as fotos dele são tão melhores. Quer ver glamur, veja o Helmut Newton. Quer ver paisagens, veja o Ansel Adams. Quer ver fotos da vida brasileira, veja o Flávio Damm, quer ver POP, veja o Richard Avedon, enfim, tenha boas referências ao invés de cair nesse relativismo de gosto absolutamente estéril e que só tem o condão de fazer você pautar-se pela produção mediana.

Você disse que sua mãe lhe aconslhou a morar-se nos bons, não é? Pois bem, esses são os bons.

Relativizar tudo só tem o resultado de lhe manter no pântano da mesmice. É muito popular dizer que tudo é bom, mas é fraco.

Assim como o criador tem de ter coragem para criar, pois ao criar ele arrisca-se a não ser gostado, quem quer progredir também tem de ter coragem de separar o joio do trigo.

 Ivan,

 Por que tenho que aceitar pela "guela abaixo" que os bons são esses e ponto sem abertura para os não bons e não elitizados?
 Obviamente o Helmut tem um ótimo e consagrado trabalho, mas já ví fotos de "ilustres desconhecidos" que me agradou mais do que a dele.
 
 Conhece as fotos do FESPO (Francisco Padilha)né? Outro ilustre desconhecido não elitizado que faz fotos que eu gosto.

 Veja Ivan:
 
 
 O autor é Junior Franch, o qual simplesmente eu nunca ouvi falar. E, sinceramente, eu gosto mais dessa foto do que a que você mostrou do LaChapelle.

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LeandroFabricio

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Resposta #27 Online: 29 de Outubro de 2007, 07:14:16
 Então Ivan,

 Estou postando essas fotos só para dizer que muitas das minhas fotos preferidas são de fotógrafos não elitizados.
 Gosto do trabalho do Patrick Demarchelier, Helmut Newton, um pouco do LaChapelle, San Haskins etc. Mas não vou dizer que gosto de todas as fotos deles só porque são a elite da fotografia de moda/glamour. Tem muita coisa boa que foi ou está sendo criada pela "não-elite" da fotografia. Como exemplo, as fotos abaixo.

 Uma "fotografia bonitinha" de Daniel Oliveira.
 

 Paulo Almeida
 

 Jana Vieras
 

 Rildo Cundiev
 


P.S: Postei nesse link http://www.mundofotografico.com.br/forum/index.php?topic=18336.msg184391#msg184391 mas achei as imagens ilustram melhor aqui nesse tópico mesmo.

« Última modificação: 29 de Outubro de 2007, 07:19:23 por LeandroFabricio »
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Ivan de Almeida

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Resposta #28 Online: 29 de Outubro de 2007, 08:44:46
Leandro;

O Fespo é meu amigo, ótimo sujeito, tem uma maneira de fotografar bastante característica e é um bom fotógrafo com grande domínio técnico e enorme experiência, mas não posso, mesmo considerando os deveres da amizade, compará-lo aos da fina flor da fotografia.

As fotos que você mostrou são, digamos, "domesticadas". São todas de viés muito conservador e diluídas, meramente fotos para mostrar moda, mulheres ou coisa assim. São bem feitas, mas nada além de fotos comerciais sem muita criatividade.

A do Junior Franch, é uma apropriação de um estilo mais livre, domesticado para ficar gostável pela dondoca que compra roupas. Isso é criatividade? Não, Leandro, isso é copiar idéias de revistas estrangeiras ou dos caras realmente bons e misturar com água e açucar para não ofender o gosto das mulheres da classe média-alta, geralmente de gosto conservadoríssimo. Chama-se aqui copiar idéias de "criatividade".

Mas vamos o outro ponto, que é mais interessante.

Vejamos. Enquanto algumas pessoas estudam engenharia, medicina ou economia, outras passam a vida estudando História da Arte, Estética, Teoria da Arte e passam a vida toda buscando conhecer arte, cursam escolas de Belas Artes, etc. Essas pessoas adquirem com o tempo uma noção do que aconteceu e do que acontece no territorio da arte, e ganha um poder de análise sobre o assunto da mesma maneira que um economista aprende a analisar os cenários econômicos. Alguns nunca foram a uma escola de Belas Artes, mas passaram toda a vida envolvidos com isso, lêem a respeito, freqüentam quase cotidianamente mostras, etc.

Pois bem, essas pessoas começam a trabalhar no campo da arte e vão ocupando funções de curadores (selecionadores e organizadores de mostras), marchands (negociantes e representandes comerciais de artistas), críticos de arte, colecionadores de arte, etc. Veja, eu falo de artes plasticas em geral, mas existe um segmento disso voltado para a fotografia. Esse gurpo de pessoas, conhecendo não apenas a história mas os problemas que a arte se coloca a cada época, é um filtro. Um filtro que tem o poder de legitimar a produção de alguém como arte. Não é subjetivo. É intersubjetivo, isto é: é um grupo humano mais ou menos definido e com valores alinhados (mais ou menos alinhados). Esse grupo humano, não de forma totalmente isenta, é claro, pois tudo que é humano tem variações de simpatia, amizade e interesse, legitima  a produção daqueles  cuja obra tenha característica de inovação associada à estética e, principalmente, a obra referente aos problemas estéticos do tempo. Esse grupo valida tais obras e as torna mercadorias de arte, e assim fazendo as torna colecionáveis e com valor de mercado. A questão da época é importante, porque a Mona Lisa não seria validada hoje. Ela é validade na História da Arte devido ao valor estético e a ser marco das questões estéticas do Renascimento.

Um artista para ser validado não o será apenas por uma obra, mas pelo desenvolvimento de uma identidade dentro do que faz e essa identidade deve ter importância no processo da arte.

Não é uma foto bonita. Fotos bonitas existem aos baldes, e isso não significa nada.

Quando o sistema valida alguém, ele está reconhecendo criatividade-coragem daquele produtor é relevante, faz diferença, muda o cenário. Compare as fotos do Helmut Newton com essas que você me mostrou... O Helmut Newton mudou o cenário, mudou o paradigma de uma foto de moda. Essas fotos que você me mostrou, mudam o quê? Nada. Elas não fazem diferença alguma no mundo, podem existir ou não e nenhuma diferença fazem para o cenário da fotografia.

O ponto que eu defendo aqui, Leandro, é o seguinte. Se a pessoa empregar seu tempo para inteirar-se das questões da arte (na fotografia e em geral) ela mudará seus parâmetros de comparação, terá metas mais elevadas, etc. Isso faz diferença. Faz muito mais diferença que a lente.

Mostrei uma foto do LaChapelle com problemas de nitidez evidentes. Importa a lente que a fez? Quase nada. Agora, importa a concepção mental que a governou? Tudo. Quando você vai olhar as fotos dos grande o que encontra é concepção mental. As lentes apenas ajudam.

Aqui neste tópico tenho de falar isso, que é óbvio, porque criatividade está sendo confundida com poder fotografar usando um ponto a mais de abertura. Criatividade é coragem.

« Última modificação: 29 de Outubro de 2007, 16:30:46 por Ivan de Almeida »


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Resposta #29 Online: 29 de Outubro de 2007, 08:47:24
PS: Você não tem de engolir Guela abaixo que esses são bons (até porque não fiz uma lista exasutiva, existem muitos outros bons). Mas deve, isso sim, conhecer a obra deles. Isso sim é obrigação. Um fotógrafo não pode evoluir sem conhecer a obra dos que são considerados os melhores na fotografia.

E se você dedicar-se a conhecer a obra deles eu já não vou precisar explicar nada para você. Você mesmo vai saber.