Autor Tópico: Por que sua câmera não importa  (Lida 15600 vezes)

Alex Biologo

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Resposta #30 Online: 29 de Outubro de 2007, 09:05:31
Existe uma diferença tremenda entre um produto comercial e um produto de arte, nesse ponto, como o Ivan disse, é preciso observar os mestres, não é necessário gostar do que eles fazem, o gosto é pessoal, mas entender a linguagem, o uso das idéias e a escolha de técnicas é importante.

Se é uma foto pra catálogo, vc faz o que o cliente pede, mas se o cliente pede que seja  feita a sua interpretação do tema, vc tem que criar em cima, tem que ter noção exata dos motivos que o levam a escolher determinada luz, enquadramento, tratamento e tudo mais. Só fotógrafos renomados podem servir de referência? Claro que não, mas devemos concordar que justamente os renomados são famosos por terem uma linguagem consistente, então pq não ao menos estudá-los? Não digo que pra fazer fotos de paisagens deva copiar o Adams, mas vale a pena estudá-lo para a partir do entendimento da sua obra perceber o que eu poderia fazer para passar as mensagens que quero quando fotografo paisagens, sem ser excessivo ou raso na produção.

Quanto ao colocar em casa, ai realmente é gosto pessoal, eu coloco na minha casa o que EU acho agradável, sendo bonito, feio, arte, piegas ou o que for, a casa é minha as escolhas tb.
Alex Martins dos Santos - São Paulo/SP
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RFP

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Resposta #31 Online: 29 de Outubro de 2007, 09:28:18
A questão do gosto governa esse tipo de discussão justamente porque falta acesso a outros tipos de referência. Parece que não há nada além do gostar ou não gostar. No entanto, como o Ivan disse, há muito mais do que isso: há a história da arte, o mercado de arte, a produção cultural que está em museus (e tem características diferentes da arte das galerias, já que teoricamente o museu não tem o mesmo interesse comercial).

Então, é preciso conhecer um mínimo dessas referências a fim de ser possível ler adequadamente os trabalhos que são propostos. Não basta apenas conhecê-los pautando-se no gostei ou não. É preciso conhecê-los e entendê-los dentro desses sistemas. E, quando se faz isso, o gosto torna-se uma coisa menor, quase ínfima. Para julgar o trabalho de qualquer um é preciso aceitar e entender, pois só dessa maneira é possível traçar um opinião sólida sobre aquilo que se vê.


Ivan de Almeida

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Resposta #32 Online: 29 de Outubro de 2007, 09:28:20
Exatamente, Alex.

Você coloca na parede da sua casa o que quiser. Aliás, se quier fazer a vida toda a fotografia mais comercial e conservadora, pode também.

Só é necessário ter clareza em relação ás escolhas, e não ficar imaginando que ao ir para Florianópolis chegará na Bahia (aliás, dois belos lugares). Indo para o Sul, chega-se a Florianópolis. Indo para o Norte, na Bahia.

Assim é na fotografia.

E o patamar que faz diferença, que faz a pessoa colocar a cabeça para fora da água, da geléia geral, esse patamar é buscado através da meditação sobre arte, estética e com coragem.

É preciso aceitar que se deve adquirir uma educação artística se se quer praticar uma atividade artística (veja, não digo nem fazer arte, mas simplesmente praticar uma atividade artística). Imaginar que se vai praticar uma atividade artística apenas a partir de si mesmo é um grande desconhecimento de como as coisas funcionam, e, perdoem-me, é uma arrgãncia que só o desconhecimento permite.

E, voltando ao início do tópico, o que separará os bons dos bons-medianos é antes a capacidade-coragem de criar que um ponto de abertura da lente.

Volto a dizer que nada tenho contra equipamento. Se me sobrasse um dinheirinho eu, depois é claro de fazer outras coisas que me divertiriam mais, compraria um back Hassel, compraria lentes Leica, compraria uma Plannar, etc. Mas não tenho nenhuma ilusão de que isso fosse mudar minha fotografia.

Para minha fotografia mudar, ao contrário, eu tenho de limitar minha expectativa sobre isso e dedicar-me ao que é realmente difícil que é tentar romper minhas limitações psicológicas/criativas.

O grande problema do culto á cãmera não é ela ser necessária, dsnecessária, nada disso. Não há nenhum problema em um ótimo equipamento. O problema está em perder tempo pensando nisso e não fazer o principal com o equipamento que temos.


Ivan de Almeida

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Resposta #33 Online: 29 de Outubro de 2007, 09:38:44
Rodrigo;

O grande problema é que as coisas funcionam assim nos meios (fóruns) de fotografia.

Se dissermos que as pessoas precisam estudar tecnicamente a terminologia de fotografia, os conceitos técnicos, etc, todo mundo aceita.

Se dissermos que o cara tem de estudar as questões artísticas, aí o cara acha que não precisa, que já nasceu com "o dom".

Por isso essa assimetria, essa discussão incessante sobre equipamentos e por isso um texto como esse do Ken Rockwell, que só diz o óbvio, provoca tanta reação.

Outro dia vi um trecho do filme "A moça com o brinco de pérolas". O fotógrafo do filme recria a iluminação do Vermeer. Recria porque conhece, estudou, identifica. Anteontem estava vendo uma entrevista do Juarez Machado que em Paris é vizinho de um cineasta e ele relata que o cineasta disse que iria realizar um filme usando a paleta de cores que o Juarez usa em suas pinturas. Isso é conhecer, identificar, fazer transposições interessantes. Mas é preciso conhecer, é preciso olhar as pinturas e reparar que elas têm uma paleta característica, uma luz característica (eu não gosto das pinturas do Juarez, embora ele seja um fantástico desenhista).

A pessoa tem de nutrir-se no que é melhor, não nas referências fáceis do que sai nas revistas, não no vestido de água da Gisele, mero truque publicitário.

Ao invés de abrir a página do dpreview cinco vezes por mês, se a pessoa abrir em cada uma dessas cinco vezes uma página de um fotógrafo notável e estudá-lo ou de um pintor ou coisa assim, pode acreditar que sentirá muito mais progresso no seu trabalho.
« Última modificação: 29 de Outubro de 2007, 09:42:45 por Ivan de Almeida »


Alex Biologo

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Resposta #34 Online: 29 de Outubro de 2007, 23:52:57
Ivan, concordo com vc, é difícil ter espaço pra discussões sobre arte nos fóruns, em geral a coisa vira em cima de equipamentos, que são importantes sim, mas a partir do momento que vc sabe o que quer fazer com ele.

E o pior estudar e conhecer arte é bem mais divertido do que parece, é até algo bem mais agradável do que o dpreview...rs
Alex Martins dos Santos - São Paulo/SP
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Pedro Vilas Boas

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Resposta #35 Online: 30 de Outubro de 2007, 00:32:30
Eu quero ir na exposição de fotos da Marilyn Monroe no MAM (museu de arte moderna)

ta aqui a descrição.
http://www.mamrio.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=112&Itemid=36

deve ser bacana =)


LeandroFabricio

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Resposta #36 Online: 31 de Outubro de 2007, 11:16:54
As fotos que você mostrou são, digamos, "domesticadas". São todas de viés muito conservador e diluídas, meramente fotos para mostrar moda, mulheres ou coisa assim. São bem feitas, mas nada além de fotos comerciais sem muita criatividade.

 São o que são...
 Servem perfeitamente para o que foram feitas. Isso é muito importante.
 Podem não ter valor artístico para ser expostas no Louvre, mas são fotos que atendem alcançam o objetivo para o qual foram feitas.

Citar
Vejamos. Enquanto algumas pessoas estudam engenharia, medicina ou economia, outras passam a vida estudando História da Arte, Estética, Teoria da Arte e passam a vida toda buscando conhecer arte, cursam escolas de Belas Artes, etc. Essas pessoas adquirem com o tempo uma noção do que aconteceu e do que acontece no territorio da arte, e ganha um poder de análise sobre o assunto da mesma maneira que um economista aprende a analisar os cenários econômicos. Alguns nunca foram a uma escola de Belas Artes, mas passaram toda a vida envolvidos com isso, lêem a respeito, freqüentam quase cotidianamente mostras, etc.

 Então Ivan, você não acha que esta analizando a fotografia comercial com os parâmetros "exigidos" pela arte? Será que isso é certo ou até mesmo válido?
 As obras de arte de valor em geral, exceto algumas excessões, não foram feitas por encomenda, correto? Obras em geral são feitas somente pelo que o artista quer/sente/imagina/cria.
 Não acredito ser justo comparar um retrado do Rembrandt com um retrato para uma revista. São finalidades distintas.

 Talvés seja válido comparar um retrato de uma personalidade importante pintado por Rembrandt com um retrato de uma personalidade importante fotografada por alguém.

Citar
Pois bem, essas pessoas começam a trabalhar no campo da arte e vão ocupando funções de curadores (selecionadores e organizadores de mostras), marchands (negociantes e representandes comerciais de artistas), críticos de arte, colecionadores de arte, etc. (...)
Não é subjetivo. É intersubjetivo, isto é: é um grupo humano mais ou menos definido e com valores alinhados (mais ou menos alinhados).

 Legal a forma como acontece.
 Pense um pouco sobre o mercado da fotografia comercial. Parece bem possível fazer uma comparação. Um grupo de pessoas que conhecem o mercado e sabe o tipo de foto que funciona com o consumidor. Também intersubjetivo e não isento de preferências pessoais ou amizade.


Citar
Quando o sistema valida alguém, ele está reconhecendo criatividade-coragem daquele produtor é relevante, faz diferença, muda o cenário. Compare as fotos do Helmut Newton com essas que você me mostrou... O Helmut Newton mudou o cenário, mudou o paradigma de uma foto de moda. Essas fotos que você me mostrou, mudam o quê? Nada. Elas não fazem diferença alguma no mundo, podem existir ou não e nenhuma diferença fazem para o cenário da fotografia.

 Claro. Certamente.
 Novamente digo, um fez arte outro uma foto meramente comercial, mas as duas serviram para a proposta.
 Não são todas as fotos do H. Newton que são obras primas da mesma forma que em algum momento pode aparecer uma obra prima de algum fotógrafo comercial qualquer.

Citar
O ponto que eu defendo aqui, Leandro, é o seguinte. Se a pessoa empregar seu tempo para inteirar-se das questões da arte (na fotografia e em geral) ela mudará seus parâmetros de comparação, terá metas mais elevadas, etc. Isso faz diferença. Faz muito mais diferença que a lente.

 
 É o que quero, dificilmente encontro informações sobre isso. O que mais vejo mesmo são boas fotos e fico pensando sobre elas, mas digamos, um texto que mostre como encontrar o norte para poder se guiar é praticamente inexistente.
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LeandroFabricio

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Resposta #37 Online: 31 de Outubro de 2007, 11:31:58
A questão do gosto governa esse tipo de discussão justamente porque falta acesso a outros tipos de referência. Parece que não há nada além do gostar ou não gostar. No entanto, como o Ivan disse, há muito mais do que isso: há a história da arte, o mercado de arte, a produção cultural que está em museus (e tem características diferentes da arte das galerias, já que teoricamente o museu não tem o mesmo interesse comercial).

Então, é preciso conhecer um mínimo dessas referências a fim de ser possível ler adequadamente os trabalhos que são propostos. Não basta apenas conhecê-los pautando-se no gostei ou não. É preciso conhecê-los e entendê-los dentro desses sistemas. E, quando se faz isso, o gosto torna-se uma coisa menor, quase ínfima. Para julgar o trabalho de qualquer um é preciso aceitar e entender, pois só dessa maneira é possível traçar um opinião sólida sobre aquilo que se vê.

 Tá certo... Em artes é perfeito.

 Mas o "gosto" e "não gosto" é facilmente empregado na fotografia comercial.
 O que o cliente vai gostar e fazê-lo consumir e um pouco distante da história da arte. É impacto/momento e fazer parecer bom/melhor e fazer o público alvo gostar.
 Isso é mais direto e direcionado do que arte.

 Muitos artistas criam o que querem sem se importar com o que vão pensar da obra dele. "Fi-lo por que qui-lo"

 Os objetos que hoje são obras de arte, obras-primas de grande valor, o que elas foram em sua época?
 É verdade que muitas ganharam valor com o tempo e poucas já nasceram com o reconhecimento que têm hoje???
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LeandroFabricio

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Resposta #38 Online: 31 de Outubro de 2007, 11:36:07
E o patamar que faz diferença, que faz a pessoa colocar a cabeça para fora da água, da geléia geral, esse patamar é buscado através da meditação sobre arte, estética e com coragem.

 Esse patamar serve para qualquer área da fotografia?
 Ou eu posso estar pensando estar indo para o norte quando realmente estou indo para o sul se estudar arte para fazer foto comercial?
« Última modificação: 31 de Outubro de 2007, 17:26:57 por LeandroFabricio »
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LeandroFabricio

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Resposta #39 Online: 31 de Outubro de 2007, 11:54:23
Se dissermos que as pessoas precisam estudar tecnicamente a terminologia de fotografia, os conceitos técnicos, etc, todo mundo aceita.

Se dissermos que o cara tem de estudar as questões artísticas, aí o cara acha que não precisa, que já nasceu com "o dom".

 Sei.
 Acontece que há os que querem saber o porque... (EU)
 Eu sei que devo, ajuda, melhora conhecer e saber sobre arte, mas gosto de saber o por que das coisas. Por isso discuto isso com você. Para aprender mais.

Citar
Outro dia vi um trecho do filme "A moça com o brinco de pérolas". O fotógrafo do filme recria a iluminação do Vermeer. Recria porque conhece, estudou, identifica. Anteontem estava vendo uma entrevista do Juarez Machado que em Paris é vizinho de um cineasta e ele relata que o cineasta disse que iria realizar um filme usando a paleta de cores que o Juarez usa em suas pinturas. Isso é conhecer, identificar, fazer transposições interessantes. Mas é preciso conhecer, é preciso olhar as pinturas e reparar que elas têm uma paleta característica, uma luz característica (eu não gosto das pinturas do Juarez, embora ele seja um fantástico desenhista).

 Ivan, agora você vai querer me matar...rsrs
 Por que? Por que? Por que?
 Porque recriar é bom? Porque é válido? Porque a foto do Junior Franch é cópia com água e açucar e o filme que você assistiu é uma recriação e o fotógrafo é um bom conhecedor?
 

 
 Porque o filme não é cópia? Porque ele não fez seu próprio filme com sua própria luz?
 O filme é arte ou cópia? Se for cópia porque ele não fez arte?


Citar
A pessoa tem de nutrir-se no que é melhor, não nas referências fáceis do que sai nas revistas, não no vestido de água da Gisele, mero truque publicitário.

 As fotos que postei, eu vejo um pouco do LaChapelle na foto do Junior Franch e um pouco de Demarchelier na foto de Jana Vieira.
 O que me diz?
 O vestido de água não foi criativo? Não passou a mensagem de maneira interessante?
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Ivan de Almeida

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Resposta #40 Online: 31 de Outubro de 2007, 16:45:54
Leandro;

O filme é sobre o Vermeer. Então o uso da iluminação é mais do que prórpio, é obrigatório.

Mas para isso é necessário conhecer arte, conhecer o Vermmer, etc.

Ninguém cria a partir do nada. Mas dependendo das fontes, a pesoa pode beber a água pura das nacentes ou a água já misturada.


LeandroFabricio

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Resposta #41 Online: 31 de Outubro de 2007, 17:22:09
Leandro;

O filme é sobre o Vermeer. Então o uso da iluminação é mais do que prórpio, é obrigatório.

Mas para isso é necessário conhecer arte, conhecer o Vermmer, etc.

Ninguém cria a partir do nada. Mas dependendo das fontes, a pesoa pode beber a água pura das nacentes ou a água já misturada.
 

 Correto.
 De qualquer forma, a escolha e o uso desse tipo de luz não foi nada criativo. Apenas uma cópia/reprodução.

 "Fins justificam os meios"
 Não seria válido pegar uma água já misturada em alguns casos? Se sempre buscarmos na fonte, o supra-sumo de tudo se exagerarmos um pouco nos veremos voltando sempre a Daguerre, porque não podemos pegar uma coisa mais pronta como ponto de partida?
 Volta-se ao começo e busca-se por uma evolução já alcançada e conhecida. Pra que? Só pra dizer que fez tudo? O que isso irá importar se o resultado será igual ou MUITO semelhante se já tivesse partido de um ponto mais próximo.
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Ivan de Almeida

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Resposta #42 Online: 31 de Outubro de 2007, 17:30:13
Leandro;

Você pode pegar a água misturada que quiser, desde que tenha as referências da água pura.

O problema não é estar cercado por uma dada estética, é não conhecer outra, conhecer mesmo no sentido de compreen~e-la, de saber suas diferenças e semelhanças em relação a outras, de saber ligar aquilo a uma ideologia momentânea que a produziu, etc..

Quando temos uma visão mais vasta, ganhamos capacidade de escolha.


Pedro Vilas Boas

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Resposta #43 Online: 31 de Outubro de 2007, 17:55:47
no final das quantas... a gente fala "Só sei que nada sei"


só uma coisa que eu não entendi.
Foi quando o Ivan disse

Citar
Pois bem, essas pessoas começam a trabalhar no campo da arte e vão ocupando funções de curadores (selecionadores e organizadores de mostras), marchands (negociantes e representandes comerciais de artistas), críticos de arte, colecionadores de arte, etc. Veja, eu falo de artes plasticas em geral, mas existe um segmento disso voltado para a fotografia. Esse gurpo de pessoas, conhecendo não apenas a história mas os problemas que a arte se coloca a cada época, é um filtro. Um filtro que tem o poder de legitimar a produção de alguém como arte. Não é subjetivo. É intersubjetivo, isto é: é um grupo humano mais ou menos definido e com valores alinhados (mais ou menos alinhados). Esse grupo humano, não de forma totalmente isenta, é claro, pois tudo que é humano tem variações de simpatia, amizade e interesse, legitima  a produção daqueles  cuja obra tenha característica de inovação associada à estética e, principalmente, a obra referente aos problemas estéticos do tempo. Esse grupo valida tais obras e as torna mercadorias de arte, e assim fazendo as torna colecionáveis e com valor de mercado. A questão da época é importante, porque a Mona Lisa não seria validada hoje. Ela é validade na História da Arte devido ao valor estético e a ser marco das questões estéticas do Renascimento.

e porque as pessoas tem que se, aspas, "submeter" ao que eles dizem ser belo?

Pq a obra X que ele disse não ser bela, não é bela?
Pq tem que ser obras com o contexto da época?

A gente estaria submetido à aprovação por meia-duzia pessoas cultas?

Acho que na maioria das vezes o que é "aprovado" como belo, é rejeitado pela população.
Isso me lembra muito o cinema... daqueles tipos de filme em que a crítica cai de pau em cima mas o filme é um sucesso de bilheteria.

e ai? A população aprovou algo que meia-duzia não aprovou.
quem conta?

ou misturar cinema com fotografia é mto diferente?


Leo Terra

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Resposta #44 Online: 31 de Outubro de 2007, 18:04:42
Posso estar enganado, mas acredito que haja um certo ar de preconceito contra a fotografia de glamour rs.... Pelo menos foi o que percebi a alguns posts atrás.
Foto de Glamour (como moda) também pode ser arte, não é algo predominantemente comercial, muito pelo contrário, acredito que seja uma das áreas com maior possibilidade artística da atualidade, porque os fotógrafos podem criar mundos e conceitos, sendo contratados exatamente pelo tipo de mundo que gostam de criar... Não acredito que a fotografia tida como "comercial" seja nem de perto tão comercial como muitos imaginam. É claro que uma fotografia feita para uma determinada marca seguindo as especificações de uma agência pode ser uma obra artística limitada, mas o mercado editorial (que eu particularmente adoro) e o mercado comercial mais conceitual são ambientes maravilhosos para a criação artística, porque munem o artista de $$$ para realizar suas idéias... Acho que a grande questão nesse ponto é que deixa de ser uma obra individual, o que me faz ver esse tipo de fotografia de uma forma diferente das outras formas artísticas tradicionais, remetendo mais ao cinema, onde os resultados dependem do mais do conjunto do que de outros fatores... Acredito que hoje em dia tem se tornado difícil distinguir o que é arte com o toque do fotógrafo do que é algo puramente comercial, na verdade eu diria que a fotografia de glamour é a que mais se aproxima de uma concepção artística integralmente desenvolvida pelo artista (ou grupo de artistas), uma vez que o fotojornalismo é uma concepção artística influenciada por um toque de descontrole ambiental. ;)
Leo Terra

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