Os franceses têm uma longa tradição em fotografia "surrealista", da qual David LaChapelle é a estrela mais proeminente graças à nossa falta de memória. Já no final da década de 60 Guy Bourdin fazia esse tipo de fotografia - não com a sofisticação de produção dos padrões atuais - para Charles Jourdan, um renomado designer de sapatos femininos. E sem Photoshoop, só na base do enquadramento, uso consciente de lentes, do cérebro, essas coisas básicas.
Outras figuras recentes dentro do mesmo estilo e que também merecem destaque é a dupla Pierre et Gilles. O trabalho deles é bem interessante, único até, por ser uma colagem misturando o brega, o déjà vu, com as técnicas disponíveis hoje em dia.
Aos interessados, sugiro um search nesses fotógrafos para conhecer melhor o trabalho deles.
Lembram de Man Ray? Imagine se ele tivesse o acesso à produção que se tem hoje.
Não conheço o trabalho de Dave Hill. Dei um search no Google images e o que apareceu me pareceu um tipo de fotografia caricaturada, extremamente dependente do Photoshop (tudo bem, até aí é mais uma ferramenta disponível), mas sem recheio, seja de conceito ou idéia. É a graça pela graça, o que deixa o trabalho extremamente descartável, é muita (pós) produção jogada fora. Como será ele sem Photoshop?
Por quê eu valorizo tanto os fotógrafos de antigamente (e nem faz tanto tempo assim)? Porque eles não tinham os recursos eletrônicos disponíveis atualmente. Era tudo na raça, pensado para ser executado com perfeição e memorável, como vocês podem pesquisar na internet. De lá pra cá eu não vi uma evolução conceitual, um grande aperfeiçoamento do que já era feito, apesar da ENORME evolução técnica.
É aquela velha história: o que Ansel Adams faria, hoje, com os recursos eletrônicos disponíveis se ele entrou para a história sem ter nada, além de sua cabeça e suas mãos? Acho que ele já estaria no século 22.
Quando você tem um bom conhecimento do básico vai mais além. A técnica passa a ser intuitiva e trabalha a favor das idéias naturalmente.
Abraços,
José Azevedo