É. Também sempre entendi o momento decisivo como uma relação entre o fotógrafo o espaço e a cena, e não com a máquina em si.
Veja: Fotografar é reconhecer num mesmo instante e numa fração de segundo, um fato e a organização rigorosa das formas percebidas visualmente que exprime esse fato." (Cartier-Bresson)
No livro 'A máquina de esperar", de Mauricio Lissovsky, ele define a coisa mais ou menos assim, baseado num contraste com o modo como Sebastião Salgado concebe seu ato fotográfico. Quem fotografa baseado na idéia de momento decisivo trabalha um fotograma por vez; dispara pouco e espaçadamente.
Já Salgado concebe sua fotografia como baseada em "fenômenos fotográficos". Nesse modelo, o fotógrafo participa de um evento ou acontecimento fotográfico e participa de seu desenvolvimento fotografando. Ou seja, Sebastião Salgado é um atirador. Fotografa todo o "evento" incessantemente. E o trabalho de edição se encarrega de trazer à tona o auge do fenômeno, que não é um momento decisivo, mas uma expressão do que foi o "acontecimento".
Enfim, nesse livro o Lissovsky traça outras comparações, com Diane Arbus, por exemplo, que é muito esclarecedor sobre como diferentes fotógrafos concebem o ato fotográfico.