Leo, mesmo depois de ler, eu não credito tudo ao esforço, ele é fundamental, mas está longe de diferenciar as coisas no final.
Você pode ser treinado até a exaustão e fazer algumas coisas de forma correta, mas não espetacular, o algo a mais é que torna as coisas diferentes na produção de uma pessoa. Não estou falando de dom, mas sim de caracterísitcas pessoais, que a permitem interagir com o mundo de uma forma particular, a forma como a pessoa expressa a sua relação com o mundo é o que fará a diferentça (imaginando é claro tempos de treino suficientemente bons para cada um)
Alex;
A formação de um indivíduo é um processo extremamente complexo no qual cada coisa é patamar para a coisa seguinte, e não podemos nunca reduzir isso a um sistema de causa-efeito simples, embora, é claro, seja um sistema de causa e efeito.
É preciso dizer que desde o primeiro momento, desde a primeira especificação neurológica formada por um ajuste do organismo ao ambiente a biloogia está mudando, formando-se e em cada etapa as possibilidades de desenvilvimento ulterior tornam-se facilitadas ou não conforme a natureza das especificações já atingidas.
Nisso soma-se o ambiente natural (sente frio? sente calor? mora na montanha? mora no mar? chove muito?) à cultura nativa (é Maori? É afegão? É brasileiro? naceu em São Paulo? os pais são artisticamente instruídos? os pais são alfabetizados? os pais são religiosos ou ateus?), e as circunstâncias de vida (quando menino conviveu com arte? quando jovem teve formação ligada à arte ou à forma?), às oportunidades, aos incentivos ou repressões originados do meio familiar ou social, aos eventos do coaminho de desenvolvimento.
Nunca podemos então encontrar duas pessoas igualmente preparadas, em um dado momento, para responder ao treinamento, ao esforço ou à instrução da mesma maneira, mas não significa que isso seja determinação genética, creio que você cocorda com isso. PODE haver sim um componente genético, assim como há pessoas com biologia melhor para serem corredores, mas a verdade é que no campo cognitivo essa verificação não é tão simples quanto no desempenho físico, pois no campo cognitivo qualquer que seja a determinação genética ela estará tão encoberta pleos fatores que citei acima que é inútil imaginar conhecê-la. Ela simplesmente não pode ser separada para ser examinada, e é fundamental no protocolo experimental esse isolamento.
É preciso considerar que nossa biologia está ermenentemente mudando pela interação com o ambiente, inclusive nos aspectos neurológicos.
Em curso que fiz com o Renato Sabattini (curso de neurociência, Instituto Edumed), ele nos falou como o cérebro dos motoristas de taxi de Londres apresentam áreas maiores de ativação ligadas a processos de localização espacial. Ora, não existe vocação para motorista de taxi, então é claramente uma especificação da biologia advinda de uma prática. Chama-se isso plasticidade cerebral.
Assim, os que se dedicam à arte adquirem uma neurologia compatível com sua prática, e cada vez mais moverseão no territóri da arte melhor. Uma prática vira um dom, mas um dom não gera uma prática, se me entende.