Guto,
Você tocou num ponto fundamental. O que vemos é mesmo uma pasteurização das fotografias de hoje, especialmente as digitais. Temos as cores, a nitidez e a plastificação típicas do sistema, e principalmente um vazio de conteúdo enorme. A escolha do assunto, a proposta, a idéia são todas secundárias ao equipamento: o que ele pode ou não fazer parecem se sobrepor à criação do fotógrafo. O que valida a produção é o nível de adequação técnica, não a construção que é feita.
Não sei a comparação é justa, se cabe no contexto aqui discutido. Mas, quero chamar a essa comparação de "analogia barata em balcão de buteco", se assim os senhores me permitirem.
Do que estou falando? Vejam o acontecerá com a temporada 2008 de Fórmula 1 (só pra cita dois exemplos):
- fim do controle de largada;
- fim do controle de tração.
A tecnologia embarcada nesses carros, ao longo do tempo, acabou subjugando o talento de pilotos que sequer sonhamos ter tido a oportunidade de conhecer, isto é, poderíamos ter tido grandes pilotos, pondo à prova seu talento, não fosse tamanha a diferença que o poderio tecnológico faz numa situação de competição como essa onde quem fala mais alto é quem tem mais dinheiro.
Percebe-se, claramente, um nivelamento de todos ao padrão da tecnologia, em detrimento da qualidade artística do ser humano.
Voltemos, agora, ao mundo da fotografia. Não nos parece uma infeliz coincidência?
O Rodrigo levantou uma bandeira que, na minha humilde opinião, jamais deverá ser arriada. Olhar para esta flâmula da consciência, e nela enxergar a possibilidade da nossa sobrevivência artística, e por quê não dizer, admirá-la com reverência num gesto de puro respeito. Hã?! O quê?! Que bandeira?! A da inteligência, caros amigos.