Obrigado, a todos.
Kika; hoje em dia, paisagem para mim é primeiro plano. O segundo plano não muda, você pode fazer uma paisagem isossa ou uma paisagem boa, e o segundo plano, que parece ser o fulcro da fotografia, será o mesmo. É no primeiro plano onde temos condição de acrescentar desenho à foto.
O fundamento da composição geométrica, que é a estutura oculta da composição de uma pintura ou de uma foto, são as relações de pertencimento entre as posições dos objetos, o retãngulo fotográfico e entre os objetos mutuamente. A diagonal funciona porque ela pertence ao retãngulo, então quando colocamos uma linha na diagonal ela está, ao mesmo tempo, na paisagem e na estrutura do retãngulo fotográfico.
E assim por diante. Quando colocamos algo no terço, essam coisa define um quadrado cujo lado é o menor lado do retângulo fotográfico. Quando colocamos algo na divisão áurea, inauguramos uma fractalização do retãngulo, etc, sempre pertencimentos.
Alem disso, precisamos prestar atenção ao nosso olhar para verificarmos os caminhos que ele faz na foto. Essa observação é uma fenomenologia de nosso olhar, e ela nos ensinará como vemos as coisas, como nosso olho examina as coisas. Então, conforme alinhamos objetos no caminho do olho ou não, podemos favorecer a percepção de algo, podemos conduzir a percepção a algo, etc.
Não me enche o saco, absolutamente, ao contrário, são ocasiões para expor certas opções que parecem naturais.
Outro dia estava falando com meu filho sobre isso, a partir de uma casa que fiz lá na serra. Na minha casa os caibros (madeiramento do telhado) são aparentes dentro da sala, e os projetei para coincidirem exatamente com os montantes das janelas. Quem entra na casa, tem a sensação de ordem geométrica, mas não se dá conta de haver intencionalidade nessa ordem, ela parece pura e simplesmente "natural". Isso é uma das grandes dificuldades para estudar composição. A boa composição parece simplesmente natural. Nós notaríamos se o madeiramento e os montantes estivesem muito errados, mas não notamos quando estão justos. Quando estão justos, simplesmente parece tudo estar como devia. Mas não estão justos por acaso.