Autor Tópico: "Caçadores de luz": resenha de livro  (Lida 4399 vezes)

Kika Salem

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Online: 31 de Maio de 2008, 11:39:11
Não sei se aqui é o lugar mais indicado para postar resenha de livro sobre fotografia. Em todo caso, fica a critério dos moderadores.

Em livro, irmãos contam suas trajetórias no fotojornalismo brasileiro e nos bastidores da política.
Eder Chiodetto, autor da resenha, considerou o projeto do livro uma ótima idéia, porém mal executada. Curioso que a editora é da própria FSP, Publifolha.
De qualquer forma, é a narrativa de uma experiência que pode servir de ponto de partida para muitos aspirantes à profissão.

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Irmãos contam histórias do fotojornalismo

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ética, estética, originalidade, informação relevante e, de preferência, exclusiva são os atributos de uma boa imagem jornalística.
Cultura, noções de arte, intuição, persistência, um pouco de sorte e muito, muito suor são os pré-requisitos básicos para alcançar tal resultado, como demonstram os irmãos Marques no livro "Caçadores de Luz: Histórias de Fotojornalismo", lançado pela Publifolha.
São mais de 60 anos dedicados ao fotojornalismo, somando o tempo das carreiras de Sérgio, Lula e Alan. Todos atuam em Brasília, fotografando e editando diariamente imagens dos bastidores da política, acompanhando todos os presidentes da República desde 1984, quando Sérgio chegou ao jornal "O Globo". Lula atua na Folha há 21 anos e Alan há 11, depois de fotografar por cinco anos no "Jornal de Brasília".
No livro, os irmãos narram em tom quase épico as agruras do dia-a-dia da profissão de repórter-fotográfico. Como a maior parte das pautas em Brasília se limita a políticos dando declarações, os Marques demonstram quão necessário é ter a habilidade de um caçador para conseguir uma imagem diferenciada e que simbolize de forma inteligente os freqüentes escândalos que envolvem os políticos.
O capítulo "A Luta pela Imagem" destaca histórias nas quais a busca obsessiva pela imagem exclusiva quase transformou o fotógrafo numa notícia fúnebre, como na cobertura realizada por Sérgio na guerra de Angola, em 1989, ou quando Lula teve um revólver apontado para a sua cabeça na comemoração dos 500 anos do Brasil, em 2000.
Alan, o mais literário dos irmãos, conta em pormenores inimagináveis a dificuldade da cobertura da queda do vôo 1907 da Gol, em 2006.
Nos outros dois capítulos, "Histórias de Presidentes" e "Celebridades do Mundo", os Marques dosam narrativas saborosas sobre as ante-salas de Brasília, as esperas intermináveis por uma declaração, a frustração com as fotografias protocolares, o eterno embate com assessores, seguranças e policiais para furar o cerco e ter acesso a lugares onde nem sempre são bem-vindos, com histórias que demonstram a personalidade dos presidentes Sarney, Itamar, Collor e FHC e a forma como eles se portavam em relação às imagens.
Quanto ao governo atual, Lula Marques faz uma pesada crítica à forma como o presidente Lula e sua assessoria tratam a imprensa em geral e os fotógrafos em particular: "Existe ordem para manter a imprensa longe. Os seguranças se sentiram no direito de voltar a ter atitudes com as quais só nos deparamos em países com regime de governo ditatorial", escreve.
A boa idéia do projeto e as narrativas em ritmo de seqüência de fotogramas, porém, foram bastante prejudicadas por um projeto gráfico burocrático, pela edição decepcionante de minguadas fotos de cada história e pela má impressão. Idéia certeira em forma equivocada.

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CAÇADORES DE LUZ: HISTÓRIAS DE FOTOJORNALISMO
Autores: Alan Marques, Lula Marques e Sérgio Marques
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 37 (240 págs.) 

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Fonte: FSP - Ilustrada - 31/05/2008
« Última modificação: 31 de Maio de 2008, 11:45:02 por Kika Salem »


Braga.SP

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Resposta #1 Online: 04 de Junho de 2008, 12:07:17

"...foram bastante prejudicadas por um projeto gráfico burocrático, pela edição decepcionante de minguadas fotos de cada história e pela má impressão. Idéia certeira em forma equivocada."


Kika,

Assim como na fotografia, onde há pessoas extremamente bem preparadas para produzir resultados com excelência técnica e muito talento artístico, e, ao mesmo tempo, surgem pessoas que simplesmente por comprar uma câmera já se auto denominam "fotógrafos profissionais" de maneira a prejudicar o mercado, o setor gráfico passa pelo mesmo problema. Essa falácia de projeto gráfico burocrático divide espaço, creio até que em igualdade de proporção, com a falta de competência técnica na execução desses serviços.

E pior ainda, nem sempre esses trabalhos de baixa qualidade são realizados por falta de conhecimento, mas, às vezes, por negligência deliberadamente consentida.

É triste aceitar que a realidade seja assim!

Braga.

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